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Como vitória de Trump ou Biden podem moldar o rumo dos mercados

Credit Suisse, Exame Research e UBS apontam, em relatórios, o cenário mais provável e favorável aos mercados da eleição americana

Eleição americana chega a seu último dia de votação nesta terça-feira, 3 (Brian Snyder/Carlos Barria/Reuters)

Eleição americana chega a seu último dia de votação nesta terça-feira, 3 (Brian Snyder/Carlos Barria/Reuters)

PB

Paula Barra

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 21h05.

Última atualização em 3 de novembro de 2020 às 22h09.

Não importa quem vença, a eleição americana, que chegou a seu último dia de votação nesta terça-feira, 3, terá impactos em todo o planeta, uma vez que será definido o próximo presidente da maior economia do mundo. Para o mercado, um dos principais pontos de preocupação recai sobre o plano econômico do próximo líder, o que inclui as expectativas pelo novo pacote de estímulos fiscais do país. Isso porque, a depender de quem for eleito, essa ajuda pode ter uma diferença de 1 trilhão de dólares.  

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Nesse sentido, para estrategistas e economistas do Credit Suisse, Exame Research e UBS, o cenário mais favorável é de uma onda azul, ou seja, a vitória dos democratas na presidência, na Câmara e no Senado, uma vez que a formação de maioria democrata no Senado, onde a vantagem atual é dos republicanos, facilitaria a aprovação do pacote.  

Em relatórios, eles apontam, como ponto central, que, em tal formação, o governo teria mais facilidade em aprovar um novo pacote fiscal, despenderia de um volume maior de gastos, o que teria um potencial positivo para a recuperação econômica. 

Abaixo a visão de cada um deles:

Credit Suisse

Segundo estrategistas do Credit Suisse, uma vitória dos democratas em todas as casas deve trazer estímulos na casa de 1,5 trilhão de dólares a 2,2 trilhões de dólares aos Estados Unidos, o que representa 7% a 10% do PIB americano, enquanto, em um cenário em que o democrata Joe Biden vença com o Senado republicado, essa projeção cai para cerca de 500 bilhões de dólares. A percepção é que a formação de maioria democrata no Senado, onde a vantagem atual é dos republicanos, facilitaria a aprovação do pacote.  

Para eles, uma onda azul é o cenário mais provável e o mais positivo para os mercados, “exceto para o cenário pouco realista de onda vermelha”, que seria uma vitória total dos republicanos, dizem. Em tal hipótese, de vitória total dos democratas, eles acreditam que os estímulos viriam na frente enquanto as notícias mais negativas associadas ao governo, como aumento de impostos, ficariam para depois.

Exame Research

Para Artur Mota, economista da Exame Research, a chance de assistirmos um governo totalmente Democrata é a maior na mesa, com a disputa sendo mais acirrada no Senado. Ele destaca que a agenda de Biden parece mais positiva no curto prazo para o mercado devido ao alto volume de gastos, sobretudo em infraestrutura, com potencial positivo para a recuperação da economia, embora, por outro lado, haja preocupações com as fontes de receitas para financiar esse gasto. No lado do republicano Donald Trump, há mais ou menos a mesma política adotada até agora, com crescimento muito tímido dos gastos com infraestrutura e novo ajuste de impostos, cabendo notar que a agenda do republicano seria ainda mais complexa dado a não dominância no Congresso, comenta. 

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Entre os cenários possíveis, ele aponta expectativa de crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA entre 2021 e 2024 em um governo totalmente democrata de 2,42%, contra um crescimento de 1,46% no cenário totalmente republicano, mas cita como “praticamente infactível”. No segundo cenário mais provável, em que Democratas não levam o Senado, mas todo o resto, o crescimento projetado é de 1,84%, enquanto, no cenário em que Trump é eleito e leva o Senado, o crescimento seria de 1,6%. 

Para os juros americanos, medidos pelo Treasury de 10 anos, ele acredita que, no cenário Democrata, a taxa caminhe de 0,8% ao ano este ano para 3,7% em 2024, enquanto, em que o cenário com Trump eleito e junto com o Senado, avançaria para 3,5%. 

Em relação ao mercado acionário, ele espera por uma valorização do índice S&P 500 entre 2021 e 2024 de 16% no cenário Democrata, 13,4% no cenário Republicano, 14,2% no Democrata sem o Senado e apenas 9,1% naquele em que Trump leva mas não a Câmara. 

UBS

Já os economistas do UBS apontam que uma varredura dos democratas seria equivalente ao lançamento rápido de uma vacina contra Covid-19, em termos de resposta das economias. "Isso ocorre em parte porque agora assumimos um pacote de estímulo de 1,5 trilhão de dólares no cenário de varredura democrata, com aumentos de impostos adiados até 2022”, comentam. 

Tal cenário, apontam, levaria a projeção de crescimento dos EUA para 5,4% em 2021. O número fica acima das dos cenários estimados onde há divisão no Congresso - seja com Biden, com projeção de avanço de 3,2%, ou Trump, de 3,1%. Já para o crescimento global, com a onda azul, eles estimam que chegaria em 6,2% no próximo ano, "que é similar à aceleração da demanda que ocorreria se a contagem de vírus caísse rapidamente”, argumentam. 

Segundo eles, os cenários em que Trump vença, mantendo o status quo, ou Biden ganhe com o Congresso dividido são semelhantes em resultados para o crescimento global, com as estimativas ficando em 5,2% e 5,3%, respectivamente, para 2021, e também abaixo da varredura democrata. 

Para o mercado acionário, eles apontam uma onda azul como melhor para ações globais e,  em segundo lugar, para as bolsas americanas. A avaliação é que o S&P 500 deve até ir melhor em uma varredura democrata no fim de 2020, no entanto, em 2021, os ganhos devem desacelerar significativamente, diante das expectativas por impostos, mas voltando ao ímpeto em 2022. 

No mercado de títulos, eles apontam que os Treasuries de 10 anos dos EUA caminham suavemente mais altos em todos os cenários, podendo aumentar em mais de 100 pontos-base no caso de uma varredura de democrata ou com o sucesso inicial de uma vacina cristalizado. 

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