Painel de mercados em Tóquio: bolsas asiáticas amanheceram em queda nesta sexta-feira (Issei Kato/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2020 às 06h04.
Última atualização em 6 de março de 2020 às 06h37.
São Paulo — No início da semana, aumentaram as apostas no mercado de capitais de que o momento mais crítico da epidemia global do coronavírus Covid-19 havia passado, e a bolsa brasileira B3 subiu. Mas, com o aumento dos casos no mundo e no Brasil, os investidores estão voltando para as trincheiras.
O Ibovespa, principal índice acionário do país, recuou 4,65% ontem, para 102.233 pontos, e o dólar comercial avançou 1,54%, vendido a 4,651 reais. Para esta sexta-feira, a expectativa é de mais nervosismo. Na semana, o índice acumula queda de 9,1%. “Na sexta-feira, é normal os investidores ficarem mais na defensiva, porque fica difícil prever o que vai acontecer até segunda. Com um noticiário cheio como temos visto ultimamente, a cautela é ainda maior”, diz Henrique Esteter, analista da corretora Guide Investimentos.
As bolas asiáticas amanheceram em baixa nesta sexta-feira, com quedas acima de 2% após quatro dias em alta ao longo da semana. O índice MSCI de ações Ásia-Pacífico (com exceção do Japão) caiu 2,1%, enquanto o japonês Nikkei caiu 2,94% e as ações na Austrália caíram 2,44%. Na China, as ações caíram 1,22% e os mercados em Hong Kong caíram 2,12%.
Há 98.387 infectados pelo coronavírus no mundo, sendo mais de 18.000 fora da China. Mais de 3.800 pessoas morreram em decorrência da doença. No Brasil, o número de casos confirmados subiu para oito – com a transmissão direta para dois pacientes em São Paulo. Nos Estados Unidos, o número de mortes já chega a 12 e o de casos passa de 230. Havia a leitura de que o coronavírus ficaria mais restrito à Ásia, mas com o espalhamento do vírus para Europa e América do Norte, os riscos aumentaram de tamanho. Só a Itália tem mais de 3.800 casos.
A grande preocupação dos investidores é com o impacto que a epidemia pode ter na atividade econômica. Por ora, as ações que têm sofrido mais são as de empresas do setor de viagens, como as companhias aéreas Gol e Azul e a operadora de turismo CVC. O vírus pode atrasar ainda mais a tão esperada aceleração do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil. Na terça, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística informou que o PIB subiu 1,1% em 2019, metade do que tinha sido previsto no início do ano passado.
“O mercado esperava dados positivos sobre a economia que não vieram. A atividade está reagindo de maneira muito lenta. Se houvesse uma melhora, o dólar naturalmente recuaria”, diz Luis Barone, gestor da corretora Ativa Investimentos. Sem perspectiva de que a aceleração aconteça, os investidores estrangeiros que antes ganhavam aplicando em renda fixa no Brasil não têm estímulo a colocar os seus recursos na bolsa, por isso vêm saindo do país. A diminuição do ritmo de contágio por coronavírus no mundo poderia alimentar algum otimismo na B3. Porém, parece mais possível, agora, que o cenário piore antes de melhorar.