Mercados

Após acidente, Grupo Mateus abre prazo para investidores desistirem de IPO

Investidores podem desistir do IPO até 9 de outubro; acidente em loja levou à morte de uma funcionária

Loja do Grupo Mateus: companhia está prestes a fazer IPO, mas teve acidente fatal em loja (Mateus Supermercados/Divulgação)

Loja do Grupo Mateus: companhia está prestes a fazer IPO, mas teve acidente fatal em loja (Mateus Supermercados/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 6 de outubro de 2020 às 08h31.

Última atualização em 19 de novembro de 2020 às 11h18.

O Grupo Mateus decidiu reapresentar o prospecto de sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), em razão do acidente ocorrido no Mix Atacarejo, em São Luís (MA). No documento, a empresa abriu prazo para desistência até 9 de outubro aos investidores não institucionais que já apresentaram seu Pedido de Reserva.

Diante da repercussão do ocorrido (a queda de gôndolas de produtos em cascata que levou à morte de uma funcionária), a empresa optou por incluir a descrição do acidente no Prospecto Preliminar da Oferta, em "Eventos Recentes".

No documento, a empresa aponta na parágrafo sobre "Fatores de risco relacionados a nós", na seção 4,1, que o acidente "ocasionou efeito adverso sobre nossos negócios e imagem, podendo ainda ocasionar futuramente efeito adverso relevante adicional".

O grupo destaca ainda que até o momento as causas do acidente permanecem sob investigação. Os demais termos e condições da oferta seguem inalterados.

O acidente ocorreu na noite última sexta-feira (2), em uma loja da rede Mix Mateus Atacarejo, em São Luís, Maranhão. A unidade estava aberta e com clientes no momento em que prateleiras metálicas cheias de produtos desabaram em um efeito dominó.

O acidente deixou uma funcionária morta e outras oito pessoas feridas. As causas estão sendo investigadas. Um vídeo do momento do desabamento circula nas redes sociais.

 

O IPO

Com demanda forte desde o seu lançamento, a abertura de capital do Grupo Mateus tem ordens perto de três vezes o volume oferecido, se for considerado o piso da faixa indicativa de preço para as ações, estabelecida em prospecto entre R$ 8,97 e R$ 11,66.

Se o IPO do quarto maior atacarejo do Brasil sair a esse valor e forem vendidos os lotes extras, a oferta movimentará R$ 4,8 bilhões. O grupo se posicionará, assim, como a maior abertura de capital na B3 de 2020, até aqui. A demanda ainda poderá crescer, visto que a ação só terá o preço fixado na quinta, dia 8. A estreia da empresa na B3 está prevista para 13 de outubro.

Nos seis primeiros meses deste ano, o Grupo Mateus teve receita líquida de 5,1 bilhões de reais, com Ebitda ajustado de 415 milhões de reais (margem de 8,1%) e lucro líquido de 297 milhões (margem de 6%). Apenas dois anos antes, em 2018, a receita líquida estava em 6,3 bilhões de reais no acumulado de 12 meses. A expansão tem ocorrido a uma taxa média anual de 20% nos últimos seis anos.

O plano do Grupo Mateus e o motivo de acessar o mercado é acelerar expansão de lojas para consolidar a posição regional e ampliar investimento em logística. A companhia terminou junho com 137 unidades, espalhadas em 54 cidades — comparado a 65 lojas em 2016. Dívida não é a questão neste caso. No fim do primeiro semestre, o endividamento bruto estava em 1,2 bilhão de reais, para quase 950 milhões de reais em caixa.

Acompanhe tudo sobre:Grupo MateusIPOs

Mais de Mercados

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado

Por que o Fed não animou Wall Street?

Volatilidade cambial pode ser principal preocupação do mercado em 2025, diz relatório

Lula reforça autonomia do BC em vídeo com Galípolo e Ibovespa ganha gás; dólar cai mais