Maior acionista da Gafisa não tem pressa em sair da ação, diz fonte
A Planner se tornou a maior detentora da Gafisa depois que o investidor coreano Mu Hak You teve que liquidar sua participação
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2019 às 06h00.
Última atualização em 14 de março de 2019 às 06h00.
A corretora que, acidentalmente, se tornou a maior acionista da Gafisa , não está com pressa para vender sua fatia na problemática construtora brasileira, de acordo com uma pessoa a par do assunto.
A Planner Corretora de Valores se tornou a maior detentora da Gafisa depois que o investidor coreano Mu Hak You teve que liquidar sua participação de cerca de 50% das ações ordinárias da empresa em um leilão. A corretora , que havia realizado grande parte dos contratos a termo que You e seu GWI Group usaram para aumentar sua participação na Gafisa, teve que executar suas garantias e tomar as ações, segundo a CVM, ficando com uma participação de 18,5% na empresa.
Agora, a Planner quer que a construtora use sua marca forte e grande base de ativos para reconstruir sua administração e conselho, e obter as linhas de crédito necessárias para continuar com suas operações, disse a pessoa, que pediu para não ser identificada porque as discussões não são públicas.
A corretora não está disposta a assumir o papel de acionista ativista, disse a pessoa - uma diferença radical em relação a You, que, em seus cinco meses como acionista controlador substituiu todos os membros do conselho e da diretoria da Gafisa, demitiu mais da metade de sua força de trabalho e mudou a sede da empresa.
As iniciativas de turnaround do investidor coreano surtiram pouco efeito até agora. As ações da Gafisa caíram 45% este ano, o pior desempenho no índice small caps do Brasil. As vendas caíram 22% no quarto trimestre, o primeiro após as mudanças radicais de You. Os analistas consideraram os números preliminares fracos, abaixo das estimativas já baixas, e disseram que a reforma administrativa pode ter tido um impacto negativo temporário. A construtora divulga seu balanço trimestral completo em 14 de março.
O mercado tem se perguntado quais são as cenas dos próximos capítulos para a Gafisa, cujos triângulos vermelhos iluminados no topo dos prédios já pontuaram o horizonte de São Paulo. O valor de mercado da tradicional construtora, que chegou a ser alvo de tentativas de aquisição do bilionário americano Sam Zell, despencou para apenas R$ 401 milhões, uma pequena fração dos R$ 6,1 bilhões que a empresa valia em 2010.
A Planner também vê a possibilidade de que a queda torne a construtora um potencial alvo de aquisição reversa, por um concorrente privado que queira abrir capital, disse a pessoa. A Planner e a Gafisa não quiseram comentar.