Mercado Imobiliário

Comprar ou alugar um imóvel: o que vale mais a pena com os atuais juros?

Com a taxa Selic em seu menor nível e a queda de juros do crédito imobiliário, saiba o que levar em conta na hora de tomar uma decisão

Orla de Florianópolis: entre as 50 cidades pesquisadas pelo Índice FipeZap, a capital catarinense registrou a maior alta nos preços médios de venda de imóveis residenciais nos últimos 12 meses (Ricardo Ribas/AGB Photo)

Orla de Florianópolis: entre as 50 cidades pesquisadas pelo Índice FipeZap, a capital catarinense registrou a maior alta nos preços médios de venda de imóveis residenciais nos últimos 12 meses (Ricardo Ribas/AGB Photo)

Com a taxa Selic em seu menor nível histórico, de 2% ao ano, os juros do crédito imobiliário vêm caindo. Um levantamento recente feito pelo comparador de crédito imobiliário MelhorTaxa para a EXAME mostra que os juros nos bancos variam de 6,75% a 8,10% ao ano. “A diferença que isso faz na compra é muito grande. Hoje, é 35% mais barato financiar um imóvel do que há dois anos”, afirma Fábio Tadeu Araújo, sócio da consultoria Brain.

Segundo o economista, embora a oferta de imóveis para locação tenha crescido bastante e melhorado tanto em termos de quantidade quanto em qualidade, a compra, neste momento, deve ser considerada. “Antes era comum ouvirmos que valia a pena deixar o dinheiro aplicado e, com os rendimentos, pagar o aluguel”, diz Araújo. “Mas, com a queda dos juros, a rentabilidade oferecida por investimentos conservadores é baixa.”

Imóveis para investir

Em relação à compra de imóveis com o intuito de investir, é preciso acompanhar o comportamento do preço médio de venda, que varia de acordo com a cidade. O Índice FipeZap, que traz o preço médio de venda de imóveis residenciais em 50 cidades, apresentou em agosto alta nominal de 0,37% — uma variação foi superior ao comportamento esperado do IPCA/IBGE para o mês (+0,18%).

No índice acumulado nos últimos 12 meses, Florianópolis se destaca com um aumento nominal no preço médio (+5,82%), seguida por Curitiba (+4,65%) e Belo Horizonte (+3,84%). Fortaleza acumulou a maior queda no preço médio de venda (-7,25%), acompanhada por Recife (-4,82%) e Rio de Janeiro (-0,73%). “Essas três capitais foram muito impactadas pela pandemia e, por esse motivo, acabam ficando fora da média das outras cidades”, explica Araújo.

Rentabilidade do aluguel

Para saber se vale a pena comprar um imóvel com o objetivo de obter renda com seu aluguel ao longo do tempo, é preciso levar em consideração a razão entre o preço médio de locação e o preço médio de venda dos imóveis (o chamado rental yield). Medido pelo Índice FipeZap, o retorno médio do aluguel residencial encerrou o mês de julho em 4,82% (alta de 0,20 ponto percentual em 12 meses). “Olhando para outras formas de investimento, fica cada vez mais claro para o investidor mais conservador que o mercado imobiliário é uma boa oportunidade de investimento em termos de segurança e retorno”, afirma a economista Deborah Seabra, do Grupo Zap.

Comparado ao IPCA, o preço médio de locação residencial acumula alta real de 1,78% em 12 meses, com destaque para Recife (+7,25%), Curitiba (+7,04%), Belo Horizonte (+6,65%), Florianópolis (+6,48%), Brasília (+6,25%), Porto Alegre (+5,86%), Goiânia (+5,55%) e São Paulo (+5,27%).

No Rio de Janeiro, a ligeira alta acumulada em 12 meses (+0,50%) permanece abaixo da variação do Índice FipeZap (+4,63%) e do IPCA/IBGE (+2,13%). “Com a queda na taxa básica de juro, a relação entre o valor do aluguel sobre o preço do imóvel está bem atrativa. Ou seja, a renda do aluguel está compensando para o dono do imóvel”, afirma Luiz Antonio França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Hora da decisão

Apesar dos sinais de retomada do mercado, França destaca a importância de pesquisar bastante antes de comprar um imóvel. “Parece óbvio, mas o óbvio nem sempre é evidente. A internet permite um nível de comparação de imóveis brutal; portanto, aproveitem essas ferramentas e comprem sem pressa”, diz ele.

Para quem não tem condições de dar um bom sinal de entrada, a recomendação do economista é optar, em um primeiro momento, por um imóvel que não comprometa tanto a renda. “Ao fazer isso e planejar a troca depois de cinco a oito anos, o consumidor terá ganhado com a valorização do imóvel, terá quitado parte da sua dívida e, de quebra, poderá usar o imóvel como parte do pagamento da compra futura.”

Acompanhe tudo sobre:aluguel-de-imoveisfinanciamento-de-imoveisImóveisInvestimentos-pessoais

Mais de Mercado Imobiliário

Descubra quanto tempo demora para comprar um imóvel

Para que serve inscrição imobiliária?

CMN regulamenta utilização de imóvel como garantia em mais de uma operação de crédito imobiliário

É possível comprar um apartamento ganhando só um salário mínimo?