Caixa vai reduzir financiamento imobiliário – entenda por que poupança é “vilã” da vez
Teto de financiamento irá cair no sistema SAC e Price a partir de novembro; classe média será afetada
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Repórter de Invest
Publicado em 15 de outubro de 2024 às 15h19.
Última atualização em 15 de outubro de 2024 às 15h20.
A Caixa Econômica Federal é o banco mais procurado pelos brasileiros quando o assunto é conseguir um empréstimo para adquirir a casa própria: a estatal responde por quase 70% do financiamento imobiliário do País. As condições de financiamento, no entanto, vão ficar mais restritas para as linhas atendidas pela poupança.
No financiamento via tabela SAC, em que o valor das parcelas cai ao longo do período contratado de pagamento, o teto cai de 80% para 70% do valor do imóvel. Já na tabela Price, em que as prestações tem valor constante, a fatia financiada pelo banco recua de 70% para 50%.
A Caixa vai limitar o valor do imóvel a R$ 1,5 milhão, e o financiamento estará disponível apenas para clientes que “não possuam outro financiamento habitacional ativo com o banco”. Na modalidade atual, era possível ter mais de um financiamento com o banco estatal, que oferece algumas das melhores condições de mercado para a modalidade.
As alterações passam a valer em novembro deste anoe afetam diretamente a classe média, que busca financiar imóveis acima de R$ 350 mil – teto do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV). Vale lembrar que as mudanças não se aplicam às unidades habitacionais vinculadas a empreendimentos financiados pelo banco, que vão manter as condições atuais.
Poupança e o desafio de funding
A mudança vem na esteira da diminuição dos recursos da poupança. Os investidores têm buscado opções mais atrativas de investimento, com retornos maiores, diminuindo a fatia do SBPE disponível para ser usada pelos bancos como fonte de recursos do financiamento imobiliário.
A decisão da Caixa de diminuir o teto para o financiamento do SBPE é uma reação a esse movimento de esvaziamento da poupança. No ano, a poupança acumula retirada líquida de R$ 11,239 bilhões segundo informações do Banco Central.
A Caixa, a propósito, já emprestou 90% do montante destinado ao financiamento imobiliário via SBPE: foram R$ 63,5 bilhões desembolsados até setembro, contra uma meta de R$ 70 bilhões para o ano.
Fontes ouvidas pela Exame em condição de anonimato apontam que a estatal está diante de um “caminho sem volta” na direção de outras fontes de financiamento. A principal aposta do mercado são as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), que devem avançar na fatia de funding junto a outras fontes de financiamento como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e até mesmo fundos imobiliários (FIIs).
A mudança de mix, no entanto, deve encarecer o financiamento imobiliário que estará cada vez mais baseado em linhas de crédito mais caras. A grande questão é a que taxa o novo financiamento será feito, e quando ele seria implementado. “É uma mudança que certamente não acontecerá neste governo”, disse um executivo.
Veja fotos da mansão mais cara do Brasil, vendida por R$ 220 milhões
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2 /14Mansão de R$ 220 milhões no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro(Imóvel foi construído pela família Amaral, ex-proprietária da rede de supermercados Disco)
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3 /14Mansão de R$ 220 milhões no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro(Negócio não teve valor divulgado, mas mansão estava à venda por R$ 220 milhões)
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4 /14Mansão de R$ 220 milhões no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro(Aquisição marca a entrada da Mozak na construção de casas)
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