Jefferson Laatus: daytrader e socio-proprietário do Grupo Laatus (Laatus/Divulgação)
Guilherme Guilherme
Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 06h00.
O rali que tem impulsionado o preço de praticamente todos os ativos negociáveis desde o ano passado deve ganhar um fôlego extra com o fim da pandemia e a nova rodada de estímulos fiscais dos Estados Unidos. Isso é o que projeta Jefferson Laatus, daytrader e sócio-proprietário do Grupo Laatus.
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“Quando a preocupação for só com a recuperação econômica e não se vai ter outra variante do vírus, vai ter um boom não só de commodities, mas de todos os setores”, afirma em entrevista à Exame Invest.
Para Laatus, as ações de empresas mais atingidas pela crise do coronavírus serão as mais beneficiadas nesse cenário. ”Hotelaria, aviação, turismo e eventos são excelentes apostas de médio e longo prazo. Todos sofreram demais com a pandemia e a maioria ainda não se recuperou.”
Efeito semelhante ocorreu em novembro, quando os primeiros resultados de eficácia de vacina contra a covid-19 começaram a ser divulgados. Naquele mês, ações como as da GOL (GOLL4) e CVC (CVCB3) dispararam quase 50%, enquanto as da Azul (AZUL4), quase 70%.
Mas ainda que impeça fortes altas, Laatus não acredita que a pandemia ainda vá impactar as bolsas, como no início da primeira e segunda onda. “O mercado não está se importando tanto quanto já se importou. O coronavírus só faz preço quando há a impressão de que não vai ter vacina para todo mundo ou que a vacinação vai demorar muito.”, diz.
Por outro lado, o trader não acredita que 2021 será um ano fácil para os ativos de risco. “Em teoria, é um ano de recuperação econômica global, mas o mercado ainda quer estímulos, ver como o [presidente americano Joe] Biden vai lidar com a China e internamente temos um problema gravíssimo, que é o fiscal.”
Embora veja maior possibilidade de avanço na agenda econômica com aliados do governo nas presidências da Câmara e do Senado, Laatus teme que a renovação do auxílio emergencial estoure o teto de gastos.
“Isso deixaria o mercado em pânico. Teríamos o Ibovespa voltando - sem exagero - para baixo da casa dos 100.000 pontos e o real superdesvalorizado”, avalia.“
Caso contrário, a expectativa é de que real se valorize na esteira do início do ciclo de alta de juros. “O mercado está claramente atento à movimentação do Banco Central quanto aos juros e vai começar a precificar positivamente o real quando os juros começarem a subir", afirma. "Isso porque investir em renda fixa no Brasil vai ficar interessante para operações de carry trade, com o investidor tirando dinheiro dos EUA a 0,25% de juros e colocando a 3% no Brasil”