Por que (e quando) você deveria vender títulos de renda fixa antes do vencimento
Títulos indexados ao IPCA+ longos ou curtos? Veja como montar a carteira
Marília Almeida
Publicado em 13 de outubro de 2022 às 06h00.
Ter títulos de renda fixa ligados ao IPCA, como o Tesouro IPCA+ e debêntures, é fundamental para manter o poder de compra do investidor ao longo do tempo, especialmente em prazos médios e longos. Contudo, esses títulos tendem a ser mais voláteis do que ativos indexados ao CDI em horizontes mais curtos, a exemplo do Tesouro Selic.
Mas é possível ganhar com essa volatilidade vendendo os que estão rendendo pouco antes do vencimento nos momentos certos. Isso vale especialmente para quem não tem tanto dinheiro sobrando para realizar novos aportes.
Diferentemente de títulos bancários, como CDBs, LCIs e LCAs, os títulos públicos e de crédito corporativo têm maior liquidez no mercado secundário e, por isso, não precisam ser mantidos na carteira até o vencimento, aponta relatório de Odilon Costa, analista de renda fixa do BTG Pactual.
Há basicamente duas formas de ganhar com a venda antecipada de títulos. A primeira é em um cenário de fim de alta da Selic, como o atual. Caso a perspectiva para a economia brasileira melhore, títulos mais longos são os que mais se beneficiam da queda dos juros futuros por causa da marcação a mercado. Por outro lado, eles desvalorizam quando há uma melhora das contas públicas; uma maior certeza sobre o novo governo eleito; e também mudanças no cenário internacional (atualmente, a queda dos juros nos EUA não impactam a atratividade da aplicação).
Outra forma de ganhar com um título indexado a índices de preços é nos casos em que seus prêmios de crédito diminuam. Independentemente da curva de juros, uma melhora da qualidade de crédito do emissor de um título mais longo, como debêntures, CRIs e CRAs, diminui suas taxas nominais e aumenta o valor presente do título para o investidor. Ou seja, quem vendê-lo, ganhará uma taxa mais gorda.
Os prêmios de crédito diminuem quando os projetos de emissores do título se tornam maduros; quando o emissor refinancia passivos ou realiza captações; ou quando mudanças na economia beneficiam o setor de atuação da companhia que emitiu o título ou ainda no caso em que a companhia tem poucos concorrentes.
Para não ter dor de cabeça para vender títulos de forma antecipada é possível escolher títulos com maior liquidez ao olhar para o rating da companhia emissora, tamanho do emissor e da emissão e a existência de outras emissões no mercado (quanto maiores esses indicadores, melhor).
Como montar a carteira agora
Para quem não tem títulos para vender antecipadamente porque está començando a montar uma carteira de títulos agora, a dica de Costa é equilibrar títulos curtos e longos, de forma a minimizar os riscos de mercado e reinvestimento.
Caso a carteira seja composta em sua maior parte por títulos longos ficará mais exposta ficará mais exposta a ciclos de alta da curva de juros do país.
Também vale preferir ativos oferecidos no mercado primário ou que começaram a ser negociados apenas recentemente no mercado secundário. Esses títulos geralmente pagam um prêmio maior do que ativos que já são negociados há mais tempo.
Quando os juros longos estiverem elevados, a dica é alongar os vencimentos dos títulos da carteira. Ainda que os juros futuros caiam, o investidor ficará travado em uma taxa elevada e se recuperará mais rapidamente de um efeito negativo da marcação a mercado .