Para SPX, mercado de crédito está perto do seu 'sweet spot' no Brasil
De olho no crescimento do segmento, a gestora lançou, em julho, seu segundo fundo de crédito da família Seahawk, para explorar oportunidades no mercado internacional
Paula Barra
Publicado em 24 de setembro de 2021 às 15h28.
Última atualização em 24 de setembro de 2021 às 23h53.
Com 50 bilhões de reais sob administração, a SPX , uma das maiores gestoras independentes de recursos do país, acredita que o mercado de crédito está próximo do seu “sweet spot” (ou ponto ótimo) no Brasil. A alta do juro real nos últimos meses sustenta a visão.
"O juro real no Brasil voltou a subir para o patamar de equilíbrio. Temos uma oportunidade muito boa agora", disse Beny Parnes, sócio da SPX responsável pela área de crédito, em entrevista à EXAME Invest.
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Os juros em dois dígitos não funcionam para o crédito, pois tiram a atratividade da dívida corporativa, enquanto eles a 2% levam as pessoas a tomar mais risco. "Talvez esses 8% a 9%, dentro de um dígito, seja um ponto ótimo", comentou Albano Franco, gestor de crédito da SPX, que também participou da conversa.
Momento positivo
Os números da indústria de fundos corroboram a leitura. Dados da Anbima mostram que, em agosto, o mercado de renda fixa teve captação líquida positiva de 41 bilhões de reais, a maior do ano.
É nessa tendência que a SPX está de olho. Em junho deste ano, lançou seu segundo fundo dedicado ao mercado de crédito, o SPX Seahawk Global. Para o primeiro, o SPX Seahawk (criado em dezembro de 2019), a diferença é a exposição global. Juntos, atingem um patrimônio líquido perto de 1 bilhão de reais.
Enquanto o fundo local é mais conservador, o global tem a proposta de ser mais "apimentado". Ou seja, pode chacoalhar um pouco mais em busca de maiores oportunidades.
Além da diversificação geográfica, ele conta também com posições "short" (vendidas) e pode utilizar alavacangem.
A carteira é composta por 60% de ativos no Brasil e até 40% no exterior, entre América Latina e Estados Unidos. Os ativos têm hedge em reais, protegidos contra grandes oscilações cambiais.
Descorrelação com outros ativos
O produto foi feito para ter uma boa aderência tanto ao portfólio do investidor pessoa física quanto do institucional, apontou Franco.
"Não vai andar tão correlacionado com outros ativos, queremos justamente que o investidor possa se beneficiar da beleza da diversificação. Achamos que há muita carência no mercado doméstico de opções de investimento no exterior."
Segundo ele, o objetivo é trazer para o investidor que ainda estava na zona de conforto dos títulos públicos, diante dos juros reais muito altos no Brasil nos últimos anos, um primeiro estágio de amadurecimento com o Seahawk local. O segundo passo é explorar essa cadeia de risco/retorno com o global. "Vai ter um pouco mais de risco, mas com a possibilidade de um retorno maior."
Internacionalização
Focada na estratégia de internacionalização, a SPX tem planos de lançar mais à frente um outrofundo da famíla Seahawk, dedicado apenas a ativos nos Estados Unidos.
Expertise nesse mercado, track record (histórico) e estrutura, a gestora já possui, e quer se valer disso. Com 180 colaboradores, a SPX tem escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York e Londres.
"Temos planos de lançar mais um fundo e, claro, vamos aproveitar a nossa estrutura. Não somos um navio pequeno. Mas estamos pensando nisso ainda. Hoje, damos prioridade à gestão desses outros dois", disse Parnes.
Na visão de Fraco, o mercado de crédito está apenas no começo no Brasil. "Está engatinhando. As pessoas ainda não olham muito bem. Tem muita gente de olho na Bolsa, no valuation das ações, mas alguém pulou um degrau", afirmou. Atenta a essas lagunas, a SPX vem se posicionando para aproveitar as oportunidades neste mercado.