O que você NÃO vai fazer em 2023 é mais importante do que suas metas para o ano novo
O autoconhecimento é um processo que começa em nós mesmos, mas, muitas vezes, projetamos metas de acordo com as outras pessoas ou tendências sociais
Karla Mamona
Publicado em 18 de janeiro de 2023 às 06h34.
Janeiro é o mês oficial das promessas e metas de ano novo, e hoje eu decidi compartilhar qual é a minha principal meta para 2023: não ter metas. Parece estranho, mas 2022 foi o ano em que a minha agenda não era minha.
Descobri que eram muitas outras pessoas que comandavam meu tempo, meus compromissos e minhas prioridades, o que resultava em muitas obrigações e metas que não representavam o que é importante na minha vida.
Então, eu decidi que 2023 será diferente e a minha meta é dividida em dois pontos principais: não ter tantas metas e dizer cada vez mais não, ou melhor, dizer sim para mim mesma. Quando falamos sim para algum compromisso ou pessoa, automaticamente estamos declinando outras oportunidades. E está tudo bem.
Hoje, somos bombardeados com informações, eventos, palestras, encontros de networking. Muitas vezes participei de lives, podcasts, eventos corporativos que eram o foco de outras pessoas. Não que eles não fossem importantes, mas diante da quantidade enorme de compromissos e informações hoje, temos que selecionar o que podemos fazer sem prejudicar nossos objetivos. Lembram daquela dica sobre os nossos inegociáveis?
O mundo 100% online intensificou ainda mais a chamada síndrome do FOMO. A sigla em inglês significa “ medo de ficar de fora ” e representa bem o sentimento geral da sociedade conectada.
O FOMO é a necessidade constante em saber o que os outros estão fazendo, acompanhar as tendências e não perder nenhuma oportunidade disponível. É a ansiedade por achar que está perdendo algo importante.
É, inclusive, um recurso muito usado por criadores de conteúdo e no marketing digita l. O objetivo é criar a percepção de que aquela é uma oportunidade imperdível e não podemos deixá-la passar. E funciona.
Uma pesquisa da NordVPN publicada em maio de 2022 apontou que o brasileiro passa, em média, 41 anos da vida na internet. Os participantes, todos com mais de 18 anos, afirmaram passar entre 8h33 e 22h13 conectados por dia, o que dá uma média de 91 horas semanais.
Outro levantamento da consultoria AppAnnie mostrou que os brasileiros são os que passam mais tempo por dia no celular. Ou seja, o FOMO está nos afetando diariamente. As pessoas estão ansiosas para produzir e consumir conteúdo, sem se importar se é uma produção que vale a pena o tempo dedicado.
A sociedade como um todo está exausta, é muita informação. Eu confesso que tenho muita dificuldade em dizer não, muitas vezes me sinto culpada, ou simplesmente aquela vontade de agradar a tudo e a todos.
Mas o que tenho exercitado é pensar o quanto cada sim que eu falo me custa. Custa tempo com a minha família? Custa tempo com minha equipe? Custa tempo de desenvolvimento da minha empresa? Qual o valor do meu tempo?
No final de dezembro, em um momento de exaustão e angústia eu fui questionada de forma dura por mentores sobre a organização do meu tempo. E fui intimada a descansar e refletir sobre tudo isso. E o resultado? A minha meta principal para 2023 é ser dona da minha agenda.
Em tempos de tanta exaustão e escassez de tempo, eu convido todos a repensarem as próprias metas para 2023. Quantas você definiu? Acha que vai conseguir atingir todas? Essas metas vão de encontro com o seu objetivo pessoal e profissional? Faz sentido para o seu crescimento?
Eu sugiro que as metas para 2023 sejam não se cobrar, reduzir, desacelerar, selecionar melhor o que consumir, se autoconhecer e dizer não, sem culpa.
Talvez a pergunta não seja o que você vai fazer este ano, mas sim: O que você NÃO vai fazer em 2023?
*Carolina Cavenaghi é cofundadora e CEO da Fin4she, uma plataforma que conecta e impulsiona negócios e pessoas através da diversidade. É responsável por liderar e implementar projetos que promovem o protagonismo e a independência financeira feminina, buscando ampliar e fortalecer a presença de mulheres no mercado de trabalho. É a idealizadora do Women in Finance Summit Brazil e do Young Women Summit, eventos que já reuniram milhares de pessoas. Foi executiva da Franklin Templeton por mais de dez anos e trabalha no mercado financeiro desde 2006. Atualmente mora em Teresina, no Piauí, é mãe do Tom e do Martin e, através da Fin4she, tem a missão de transformar a forma como o mercado e as pessoas se conectam com a equidade de gênero.