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Tesouro IPCA+ pode ser oportunidade da década, diz JP Morgan

Gestor de renda fixa do J.P. Morgan recomenda investimento em título público atrelado à inflação e fala sobre a importância de investir no exterior


	Oportunidade: Títulos atrelados à inflação pagam quase 7% ao ano mais a variação do IPCA
 (Thinkstock/BrianAJackson)

Oportunidade: Títulos atrelados à inflação pagam quase 7% ao ano mais a variação do IPCA (Thinkstock/BrianAJackson)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2015 às 17h27.

São Paulo - O Tesouro IPCA+, título público que paga uma taxa de juros mais a variação da inflação medida pelo IPCA, pode ser uma ótima opção de investimento para quem pode aplicar em um prazo maior de tempo, superior a cinco anos.

Essa é a opinião de Eduardo Alhadeff, gestor de renda fixa, câmbio e commodities da J.P. Morgan Asset Management, gestora de recursos do banco J.P. Morgan, que tem mais de 1,8 trilhão de dólares em ativos sob sua gestão. 

“Esses títulos que pagam quase 7% ano mais a inflação talvez sejam a oportunidade de investimento da década”, afirmou Alhadeff em entrevista a EXAME.com.

Os títulos Tesouro IPCA+ (antes chamados de NTN-B) são vendidos pela plataforma online de negociação de títulos públicos Tesouro Direto. Existem seis opções de Tesouro IPCA+ disponíveis para compra hoje, com taxas que variam de 6,79% ao ano mais o IPCA, a 6,99% ao ano mais o IPCA, e prazos de vencimento que vão de 2019 a 2050 (veja os títulos disponíveis para compra).

Alhadeff ressalta, no entanto, que o Tesouro IPCA+ só se confirmará como a oportunidade da década se o ajuste econômico começar de fato a entrar em curso no país.

Como os juros pagos pelos títulos públicos são definidos a partir do cenário econômico, quando o risco do país é maior, a curva de juros do país tende a subir e os juros pagos pelos títulos públicos tendem a se elevar. Já se a perspectiva econômica é de estabilidade, a curva tende a cair e os juros tendem a ser menores (veja como os juros dos títulos públicos são definidos).

Nesse sentido, Alhadeff diz que o investidor tem duas opções. Caso ele acredite que o Congresso Nacional e o Planalto podem se alinhar nos próximos meses, permitindo que medidas econômicas voltadas ao ajuste fiscal sejam aprovadas, então pode-se dizer que um título que paga quase 7% ao ano mais o IPCA é “a maior barganha do mundo”, em suas palavras.

Caso contrário, se o investidor acreditar que situação econômica tende a se agravar, os juros podem subir ainda mais. Nesse caso, um título que hoje paga 7% ao ano mais a inflação pode se mostrar desvantajoso em relação a novos títulos que podem vir a pagar taxas maiores.

Questionado sobre as perspectivas do J. P. Morgan em relação a esses dois possíveis cenários da economia, Alhadeff não se arrisca. “Sinceramente, nós estamos bem neutros nesse tipo de posição. A crise do Brasil é evidentemente política e isso impossibilita a antecipação de qualquer dado”, diz.

Ele afirma que diante de crises puramente econômicas, é possível estudar dados, avaliar a balança de pagamentos do país e diversos indicadores para prever o que está por vir. Quando a crise é política, no entanto, o rumo da economia depende de fatores imponderáveis.

“Uma crise política é como uma venda nos olhos. Investidores estrangeiros, por exemplo, reconhecem que os juros no Brasil são altos, mas não aumentam suas posições porque a incerteza ainda é muito grande. O prêmio oferecido não compensa o risco”, diz o gestor de renda fixa do J. P. Morgan.

De todo modo, ele acredita que o investidor brasileiro, que tem rendimentos e despesas baseados em real, não corre o mesmo risco do investidor estrangeiro, que para obter vantagens nas aplicações realizadas aqui deve considerar não apenas os retornos do investimento, como a variação cambial.

Assim, o investidor brasileiro que possui recursos suficientes para diversificar investimentos deve aproveitar o atual rendimento dos Tesouro IPCA+, segundo Alhadeff. "Suas taxas estão bem atrativas."

Vale lembrar que, por mais que a situação econômica se agrave e novos títulos sejam emitidos com taxas superiores às pagas hoje, caso o investidor mantenha seu título até o vencimento, ele receberá exatamente o rendimento prometido no início da aplicação.

O risco de prejuízo com os títulos públicos existe apenas se o investidor quiser se desfazer do título antes do vencimento. Nesse caso, se no momento da venda outros títulos se mostrarem mais vantajosos, o investidor poderá precisar vendê-lo com desconto e ter prejuízos.

Veja o passo a passo para começar a investir no Tesouro Direto.

Curto prazo

Para o investidor que não pode aplicar em um horizonte maior de tempo, a orientação de Eduardo Alhadeff é destinar os recursos a investimentos atrelados à taxa DI, que segue comportamento semelhante ao da taxa Selic.

“Investimentos que acompanham a taxa DI são ótimas opções para proteger o dinheiro de curto prazo. Para quem busca investir parte dos recursos sem riscos e em um horizonte curto, a taxa DI ainda é imbatível, seja via Tesouro Direto, ou por meio de Fundos DI”, diz o gestor do J. P. Morgan.

A Taxa DI é formada a partir da taxa média dos juros praticados nos Certificado de Depósito Interbancário (CDIs) negociados entre os bancos ao longo de um dia.

Como a taxa é baseada nos juros cobrados entre os bancos, ela é uma medida do tipo de risco embutido nesses e em outros títulos emitidos e negociados entre instituições privadas. Por essa razão, a Taxa DI é usada como um benchmark para o mercado e define o rendimento de diversas aplicações de renda fixa.

Assim, o investidor que busca um rendimento equivalente ao da taxa DI tem diversas opções. Entre elas estão: fundos de investimento que têm o objetivo de alcançar o rendimento da taxa DI, chamados de fundos DI; títulos emitidos por bancos como CDBs, LCIs e LCAs que pagam um determinado percentual da taxa DI, como por exemplo 90% ou 100% da taxa DI; e o Tesouro Selic, título público que paga a variação da taxa Selic, já que sua variação fica muito próxima à da taxa DI.

Diversificação no exterior

Para investidores que possuem volumes maiores de recursos, Alhadeff recomenda que a diversificação das aplicações seja feita não só entre ativos brasileiros, como entre investimentos no exterior.

Ainda que o real desvalorizado torne os investimentos estrangeiros caros para o brasileiro, ele afirma que essa diversificação não é feita necessariamente para a obtenção de retornos maiores do que os obtidos no mercado doméstico, mas sim para proteção do patrimônio.

“Existem operações estruturadas de fundos globais que permitem ao investidor aplicar em ativos lá fora, contando com a proteção cambial. Essas operações chegam a pagar a taxa DI mais 2% a 4% ao ano”, afirma Alhadeff.

Para acessar esse tipo de operação, que envolve produtos sofisticados, como contratos de swap e outros, Alhadeff sugere que o investidor terceirize a gestão de seus recursos, investindo em fundos que aplicam no exterior. “Investir no exterior não é algo trivial. O investidor local tem um universo gigantesco para achar o que é melhor para ele”, diz.

Aumento de investidores brasileiros no exterior

Com a entrada em vigor da Instrução nº 555 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em outubro deste ano, fundos de investimento globais se tornaram mais acessíveis no país.

Antes, a CVM, entidade que regula o mercado de capitais no país, exigia que o investidor aplicasse pelo menos 1 milhão de reais para acessar fundos internacionais. Com a nova regulamentação, o investidor que possuir 1 milhão de reais em investimentos financeiros (o chamado investidor qualificado) já tem acesso a esses fundos.

Com essas mudanças, a J.P. Morgan Asset Management avalia que o número de potenciais clientes brasileiros para seus produtos com exposição internacional deve saltar de 5 mil para 300 mil.

A gestora do J.P. Morgan afirma que está adaptando para investidores brasileiros as cinco opções de investimento em mercados internacionais que já oferece no país e lançou dois novos fundos também visando o público nacional.

Atualmente, a gestora disponibiliza para brasileiros a opção de investimento em três fundos focados em renda variável: um nos EUA, um na Europa e outro global. Ela também possui um fundo de renda fixa e um fundo multimercado - tipo de fundo que investe em diversas classes de ativos e emprega diferentes estratégias para buscar as melhores oportunidades de acordo com o cenário -, que é voltado a investidores que aceitam maior risco.

Todos esses fundos, que exigiam aportes mínimos de 1 milhão de reais, agora aceitam aplicações mínimas de 50 mil reais.

Já os dois fundos novos lançados são o Global Macro Opportunities, que busca resultados em diferentes cenários macroeconômicos, e o Global Income, um fundo específico para clientes do Citibank que mescla renda fixa e variável. São fundos multimercados que oferecem como diferencial a proteção cambial.

Diferentemente desses dois novos fundos, os cinco fundos que já existiam são sujeitos à variação da moeda internacional na qual estão baseados, que pode ser o dólar ou o euro, dependendo do produto.

Confira, no vídeo a seguir, por que é tão difícil prever as cotações do dólar:

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