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SLW diz o que esperar da Bolsa em 2009

Corretora aponta os setores mais atrativos e os mais arriscados do mercado

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2010 às 20h38.

Volatilidade. Essa é a palavra que melhor deve definir o mercado acionário brasileiro em 2009. Em meio a uma crise de proporção mundial e diante de uma série de eventos que podem alterar abruptamente os rumos da economia global, prever o desempenho das ações tornou-se tarefa árdua. "Há que se ter em mente que os riscos do cenário de curto prazo ainda são elevados. Assim como temos esperança de que as medidas anunciadas até aqui e as que serão colocadas em prática surtirão efeito positivo, também pode ser que estejamos errados", pondera a corretora SLW em relatório. "O mundo corporativo ainda convive com uma liquidez mais apertada e enfrenta uma confiança do consumidor em níveis baixíssimos, o que o afasta das compras e faz as empresas postergarem investimentos."

No curto prazo, diz a SLW, todos os setores apresentam pontos negativos. "No entanto, muitos deles também possuem dados positivos, que justificam um posicionamento nos mesmos", complementa. Na avaliação da corretora, os setores mais atrativos são varejo, transporte aéreo, concessões, bancos, energia elétrica, bebidas e fumo, enquanto os mais arriscado são mineração, siderurgia, petróleo, petroquímica, implementos automotivos, papel e celulose. Veja abaixo as expectativas para cada setor.

Mineração: a redução na demanda mundial por minério, em especial na da China, deve provocar uma queda de 15% nos preços em 2009. O impacto nos resultados da Vale já deve ser verificado nos balanços do quarto trimestre de 2008 e primeiro trimestre de 2009. Por outro lado, a companhia deve registrar um ganho financeiro devido à valorização do dólar no período. Para a SLW, a crise enfraquecerá muitas empresas do setor, mas fortalecerá a Vale, dando-lhe condições para liderar um processo de consolidação que deve acontecer brevemente. Por isso, a corretora recomenda a compra de ações da empresa por investidores que têm objetivos de longo prazo.

Siderurgia: a crise deve atingir de forma diferente as três maiores empresas do setor. Enquanto a Gerdau comercializa aços longos (destinados principalmente à construção civil) no Brasil e na América do Norte, a CSN e a Usiminas operam aços planos (utilizados em veículos e linha branca), com maior exposição no mercado interno. Todas devem sentir os efeitos da redução das vendas nos últimos meses, mas a expectativa é de que haja uma recuperação a partir do segundo trimestre. No caso da Gerdau, espera-se que o pacote de ajuda de 700 bilhões de dólares que será lançado no Estados Unidos tenha reflexo positivo sobre os papéis, já que será focado em infra-estrutura. Já no mercado interno, as medidas do governo para incentivar as vendas de veículos devem beneficiar as ações de Usiminas e CSN.

Implementos automotivos: a retração no crédito freou o setor, que vinha registrando recordes seguidos de vendas. A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos deve contribuir para uma melhora nas vendas, mas a expectativa é de que a crise ainda afete por mais algum tempo as metalúrgicas, empresas de autopeças e de implementos rodoviários e ferroviários. Para a SLW, a Randon deve ser a companhia menos afetada pela crise no setor, devido ao fato de ser líder no Brasil e na América Latina nos segmentos de reboque e semi-reboque, vagões, veículos especiais, autopeças e serviços.

Papel e celulose: os preços devem continuar caindo nos próximos meses, testando uma acomodação no segundo trimestre de 2009, quando se imagina que algumas economias já estejam sendo influenciadas positivamente pelos diferentes pacotes de estímulo que estão sendo anunciados. As ações de Klabin e Suzano são consideradas as melhores opções no curto prazo. Para os investidores que desejam aplicar na empresa que pode surgir da união da VCP com a Aracruz, a melhor opção a longo prazo, segundo a SLW, é a VCP.

Energia elétrica: mesmo diante de um cenário de redução de crescimento, o setor é tido como um dos mais atrativos da Bolsa, já que sua receita é derivada totalmente do mercado interno. As empresas, de acordo com a SLW, estão bem estruturadas financeiramente, com baixa exposição à variação cambial e, na maioria dos casos, sem dívidas de curto prazo. Além disso, são boas pagadoras de dividendos. As companhias recomendadas pela SLW são: Terna, Eletrobrás, Cesp, Tractebel, AES Tietê, Light, Coelce, Cemig, Copel e CPFL.

Bancos: as ações do setor caíram cerca de 50% com a crise, mas os resultados dos bancos brasileiros pouco foram afetados. Para 2009, é esperada uma desaceleração no crescimento do crédito, para cerca de 15%, percentual considerado bom tendo em vista a inadimplência pouco maior e spreads (diferença entre a taxa paga pelos bancos na captação de recursos e a cobrada dos clientes nos empréstimos) elevados. A SLW recomenda as ações de Itaú, Bradesco e Unibanco.

Transporte aéreo: a expectativa de desaceleração na demanda e a valorização do dólar, que eleva os custos das empresas, deve impactar negativamente as ações das empresas do setor. Por outro lado, a queda no preço do petróleo deve aliviar as pressões sobre o setor. A SLW vê perspectiva de melhora no resultado operacional da Gol em 2009 e piora no da TAM, que deve sofrer com a liberação de preços de passagens aéreas para destinos internacionais e com as operações de hedge (proteção) para combustível a preços acima dos praticados no mercado.

Aviação: a Embraer deve passar por um período delicado de vendas, já que as companhias aéreas dependem de financiamentos para a compra de aviões e ainda há restrições para a tomada de crédito no mercado internacional. Diante desse panorama, a Embraer poderá enfrentar cancelamentos de pedidos, tornando os investimentos nos papéis da empresa pouco atraentes.

Concessões rodoviárias: o setor é um dos mais estáveis em termos de receitas, mesmo com a esperada desaceleração no crescimento do tráfego em 2009. Para a SLW, a melhor opção do setor é a CCR.

Concessões ferroviárias: o freio no comércio de commodities colocou em xeque a capacidade da ALL de obter ganhos com a queda das atividades. Em 2005, a empresa mostrou que era capaz de elevar sua rentabilidade mesmo com a quebra da safra no Sul do país. Para a SLW, as ações da ALL, que acumularam mais de 50% de desvalorização em 2008, já refletem a piora no cenário. A expectativa para 2009 é de aumento de 9% nas exportações e preços mais estáveis. Por isso, a SLW recomenda a compra dos papéis da empresa.

Petroquímica: 2008 não foi bom para o setor e 2009 ainda não deve ser o ano da virada. A nafta, uma das principais matérias-primas do setor, subiu mais de 50%, espremendo as margens de lucro das empresas. A queda no preço do petróleo, embora abra espaço para um recuo no preço da nafta, não deve aliviar as contas das empresas, já que a crise provocou também uma retração na demanda. Por isso, a SLW recomenda manutenção dos papéis da Quattor e da Braskem.

Petróleo e gás: as recentes descobertas da Petrobras dobram as reservas brasileiras e colocam o país entre os maiores produtores de petróleo do mundo, tornando-se também um importante exportador. Entretanto, ninguém sabe ainda até que ponto a crise pode provocar desvalorização no preço do petróleo. Fica a dúvida: até que preço do petróleo torna-se viável a exploração a exploração do pré-sal? Além disso, o Banco Central sinalizou a possibilidade de reduzir o preço da gasolina numa tentativa de incentivar o consumo no país e minimizar os efeitos da crise, o que também poderá ter impacto negativo sobre a Petrobras. A companhia cancelou em dezembro o anúncio de seu plano de negócios para o período de 2009 a 2013, alegando necessidade de revisão de estudos em decorrência da crise. No segmento de gás, o maior risco enfrentado pela Petrobras é a dependência da Bolívia, mas a empresa vem aumentando seus investimentos para minimizar essa dependência. A crise, entretanto, deve reduzir a atividade industrial e, consequentemente, o consumo, prejudicando também os papéis da Comgás. As perdas devem ser parcialmente recompensadas pelo reajuste feito em dezembro e pelo próximo aumento, que virá em maio. Na avaliação da SLW, os papéis do setor são muito arriscados para o curto prazo, mas interessantes para o longo prazo. A expectativa é de melhora no cenário internacional com a chegada de Barack Obama à Casa Branca e, caso isso se concretize, as ações de empresas ligadas a commodities serão as primeiras a se recuperar, diz a SLW.

Saneamento: o setor é menos suscetível à crise, já que as tarifas são reguladas e reajustadas anualmente e o serviço faz parte das necessidades básicas da população. Por isso, é considerado uma boa opção para investimento em tempos de turbulência. Na avaliação da SLW, as ações da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) são a melhor opção do setor, já que foram as que mais se desvalorizaram. Outro fator que leva a corretora a preferir as ações da Copasa é a possibilidade da Sabesp adquirir a EMAE, empresa geradora de energia que não é rentável.

Alimentos: o setor também deve ser pouco afetado pela crise por fabricar produtos indispensáveis e ter menor dependência do crédito. A expectativa é de leve crescimento nas vendas em 2009, mas associado a uma pequena redução de preços. A queda nas commodities deve beneficiar o setor, uma vez que reduz os custos com milho e soja, principais componentes das rações para frangos e porcos. As matérias-primas representam mais de 20% dos custos das companhias. Para a SLW, as ações da Marfrig e da Perdigão serão os destaques do setor em 2009 devido à melhor posição financeira das companhias.

Bebidas e fumo: a demanda por cigarros é praticamente constante e não deve sofrer alterações em razão da crise. Além disso, há a possibilidade de forte expansão nas exportações devido ao câmbio favorável. O consumo de bebidas também não deve ser prejudicado enquanto forem mantidas as condições de trabalho e renda da população. A queda nas commodities deve melhorar as margens do setor. A SLW recomenda as ações da Souza Cruz e da Ambev.

Varejo: o crédito mais caro e escasso e a queda na confiança do consumidor tendem a impactar as vendas de bens duráveis e semiduráveis. Em contrapartida, as expectativas para as vendas de não duráveis é de crescimento entre 3% e 5% em 2009. Para a SLW, o Pão de Açúcar e as Lojas Americanas devem apresentar um bom desempenho no ano, já que trabalham com produtos que não dependem de financiamento. A expectativa para B2W e Lojas Renner também são boas, já que são empresas bem administradas e que tiveram grande desvalorização em suas ações no ano passado.

Telecomunicações: a melhor opção do setor, segundo a SLW, é a Vivo. A empresa vem conseguindo melhor suas margens de lucro e sua eficiência após a compra da Telemig. Após a compra da Brasil Telecom pela Oi, entretanto, são aguardadas mudanças no setor e novas fusões e aquisições. Para a SLW, as próximas movimentações devem envolver a Telefônica, que poderá unir a Telesp Operacional à Vivo ou à TIM. A corretora recomenda a compra dos papéis da Telesp Operacional assim como os ordinários (ON) da Tele Norte Leste Participações.

Açúcar e álcool: as perspectivas para o setor ainda são desfavoráveis. A falta de crédito deve dificultar a compra de insumos e o pagamento de mão-de-obra, o que poderá acarretar em atrasos nas operações e cancelamento de investimentos. O maior risco, entretanto, deve-se à queda do petróleo, que pode levar a uma redução nos preços da gasolina e do diesel, reduzindo a competitividade do etanol.

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