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Siga o conselho de Buffett sobre bancos, dizem investidores

Quatro gestoras de recursos acreditam que o megainvestidor está certo quando diz que as ações dos bancos são atrativas e indicam os papéis das instituições brasileiras para o médio e longo prazo

Buffett: bons bancos são como quaisquer outras boas empresas (Getty Images)

Buffett: bons bancos são como quaisquer outras boas empresas (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2011 às 12h26.

São Paulo - A saúde dos bancos europeus está no centro das preocupações de governos e investidores. O temor é que a grande exposição aos títulos da dívida de países como Grécia e Espanha arraste as instituições financeiras para o olho do furacão, com um quebra quebra semelhante - ou ainda pior - que o ocorrido na crise de 2008.

Ainda que os bancos brasileiros não carreguem papéis da dívida dos problemáticos países europeus, o risco de calote da Grécia e consequente contágio no sistema financeiro vem fazendo os papéis sofrerem na bolsa tupiniquim. Do começo do ano até agora, o Índice Financeiro, composto pelas empresas mais representativas do setor, já caiu quase 20%.

Em entrevista à CNN nesta semana, o megainvestidor Warren Buffett sustentou que apesar dos bancos serem globalmente interconectados, quem segura o papel de uma boa instituição na carteira não tem com o que se preocupar.

"Imagine uma boa fazenda que é sua há 10, 20 anos, que produza milho e soja. Você a venderia hoje por causa dos temores econômicos? Você nem pensaria a esse respeito. Ser acionista de uma boa companhia é exatamente a mesma coisa", disse Buffett. "Só que os fazendeiros não ficam vendo a cotação do milho a cada cinco segundos. Por isso, esqueça o que o mercado está fazendo agora."

EXAME.com ouviu a opinião de quatro especialistas de gestoras independentes para saber se os bancos brasileiros também representam uma oportunidade aos investidores. Ressalvas à parte, todos pareceram concordar com o Oráculo de Omaha: os preços estão baratos e as instituições têm bons fundamentos para permanecer de pé.

Para Roberto Esteves, diretor de operações da Guepardo Investimentos, as instituições brasileiras serão sim afetadas no curto prazo, apesar de não terem relação direta com o epicentro da crise. Em função da aversão ao risco, grandes investidores estrangeiros e fundos de pensão que reduzirem sua exposição a bancos devem dar cabo à estratégia de forma homogênea, vendendo papéis do setor em diversas partes do mundo. "Além disso, se você tem queda de todas as ações em um ambiente volátil, aquelas que têm forte correlação com o Ibovespa, como é o caso dos papéis de grandes bancos, acabam sendo puxadas para baixo", afirma.

Paralelamente, também existe o temor da formação de uma possível bolha de crédito no Brasil, o que deixaria os estrangeiros receosos com os papéis dos bancos brasileiros. "Mas nós particularmente não acreditamos nisso. Nossos bancos são muito mais bem preparados para a crise porque temos um histórico de 50 anos de problemas”, diz o gestor da Guepardo.


Justamente por isso, emenda ele, a recente penalização sofrida pelos papéis abre boas oportunidades de compra. "Com qualquer forma conservadora de precificação, chega-se à conclusão que os preços estão baratos", diz Esteves. Dentre os bancos brasileiros, o Itaú foi eleito em uníssono pela gestora como a melhor aposta do setor. "Temos mais ou menos 20% do nosso patrimônio no banco. Nunca achamos que poderíamos comprar uma empresa de primeiríssima linha, com os resultados e expertise do Itaú, com o preço que enxergamos hoje.”

Paulo Roberto Esteves, da Gradual Investimentos, também recomenda a compra do papel. "Dos grande bancos brasileiros, o Itaú é o que deverá crescer mais nos próximos anos, pela qualidade de sua gestão e história de sucesso como consolidador no setor bancário brasileiro", afirma. Para momentos de turbulência, contudo, ele também destaca as ações do Bradesco. "É um banco com uma gestão mais conservadora, com parcela considerável do seu resultado em negócios de previdência e seguros. Ou seja, é uma instituição com boa parte do lucro recorrente."

Na opinião do analista Marcelo Coelho, da gestora Sita Sonar, a crise financeira vai mexer muito pouco com a situação dos bancos brasileiros. "Com juros no Brasil a 12% ao ano, ninguém precisa correr atrás de outra coisa no mundo para diversificar investimentos. E nem a perspectiva de queda dos juros deixa de ser positiva, porque também reduz a inadimplência e aumenta a carteira de crédito das instituições.”

Coelho sustenta que a bolsa já foi bastante descontada e até o default da Grécia foi considerado. "Só a quebra de um grande banco ainda não foi incorporada", diz. Neste cenário, a entrada na renda variável é recomendada para quem pensa no longo prazo. "Sempre gostamos de bancos e aproveitamos a crise para aumentar um pouco mais a nossa exposição ao setor, principalmente no Itaú, Bradesco e Pine. Em relação aos bancos médios, o Pine é uma alternativa por valer em bolsa apenas uma vez o seu patrimônio líquido, distribuindo em média 6,5% ao ano só em dividendos.”

Rodrigo Menon, sócio da consultoria Beta Advisors, alerta que a volatilidade no setor deve continuar. Quem está de olho no curto prazo, portanto, deve esperar o desenrolar da crise na Europa. "Apesar dos fundamentos super sólidos e retornos consistentes dos bancos brasileiros, é inegável que se o pânico se disseminar eles serão afetados em um primeiro momento."

Ainda assim, ele lembra que as peculiaridades inerentes às instituições devem sim remunerar o investidor em um horizonte mais estendido. Se o nível de alavancagem é baixo e bem regulado, o spread bancário, por sua vez, turbina o lucro dos bancos brasileiros. "Eles captam recursos pagando o CDI e emprestam o dinheiro cobrando altas taxas", diz. “Nossos bancos também têm várias fontes de receita importantes, como tarifas e prestação de serviços, o que não acontece lá fora, com instituições muito segmentadas.”

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