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Saiba se vale a pena estocar produtos por causa da inflação

Brasileiros têm mudado hábitos de consumo por temer a inflação, mas não há motivos para preocupação, diz professor da FGV

Pessoa retira dinheiro do bolso: Inlação projetada para 2013 é de 5,81%, muito inferior à inflação anual registrada em 1993, de 2.477% (Marcos Santos/USP Imagens)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2013 às 09h07.

São Paulo – Um estudo sobre redes varejistas realizado pela empresa especializada em pesquisas de mercado CVA Solutions constatou que consumidores estão adotando algumas estratégias para se blindar contra os efeitos da inflação . Mas, ainda que muitos brasileiros continuem traumatizados pelos anos de hiperinflação, não é o caso de fazer grandes mudanças nos hábitos de consumo - como estocar produtos de supermercado - porque o impacto no orçamento não é significativo, conforme defende Samy Dana, doutor em economia e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Neste ano, a inflação medida pelo IPCA deve chegar a 5,81% segundo estimativas do mercado apuradas pelo último boletim Focus, do Banco Central. Apesar de ser um nível desconfortável, como o próprio presidente do Banco Central frisou, a alta não se compara às variações registradas nas décadas de 80 e 90, quando a inflação anual chegou a atingir absurdos 2.477%, em 1993, segundo dados do BC.

Para Samy Dana, a inflação está em um nível "administrável". "A projeção de 5,8% não é nula, mas também não está fora de controle. E outro ponto importante é que mesmo investimentos como a poupança têm superado a inflação, o que significa que até na poupança o dinheiro rende mais do que a alta dos preços, por isso não tem por que sair correndo comprando produtos”, afirma o professor da FGV.

A taxa Selic , que é usada como uma referência sobre o rendimento das aplicações de renda fixa (investimentos que têm sua forma de remuneração definida no início da aplicação), está em 9% ao ano. Considerando que as aplicações de renda fixa não exigem que o investidor corra grandes riscos, com a Selic nesse patamar pode-se dizer que atualmente é possível investir superando a inflação sem grandes esforços.

“Claro que a inflação é muito ruim e precisa ser combatida, mas não temos esse problema das compras do mês como antes. É um incômodo porque a inflação está alta e o país cresce pouco - eu estimo um crescimento de 2,2% este ano -, mas não é uma questão de preocupação, não temos uma situação de hiperinflação como no passado”, diz Samy Dana.

Em outras palavras, a inflação não é tão alta que justifique, por exemplo, a compra de 10 latas de óleo em uma ida ao supermercado porque, segundo as projeções, os preços não devem subir de maneira absurda. A tática era válida quando o preço do óleo subia 80% em um mês e valia muito mais a pena "investir" na compra de produtos não perecíveis do que em uma aplicação financeira.


Isso não quer dizer também que a alta dos preços deva ser ignorada. Aproveitar promoções, fazer compras em supermercados mais baratos e estocar produtos cujos preços estão subindo rapidamente pode fazer sentido, mas simplesmente não será uma economia absurda. Entre usar um determinado montante para comprar produtos e estocar, ou investir, a segunda opção pode valer mais a pena.

Pesquisa

O estudo elaborado pela CVA Solutions teve como objetivo analisar as percepções de consumidores sobre empresas do setor de varejo alimentar.Dentre as conclusões da pesquisa, está o aumento da importância do custo na avaliação das marcas. Na primeira edição do estudo, em 2011, o custo pesava 60% na avaliação dos consumidores e neste ano a variável passou a representar um peso de 63%.

Além disso, os varejistas que tiveram uma melhora no seu "Valor Percebido" o fizeram principalmente por causa de um avanço em relação aos seus custos.

Segundo Sandro Cimatti, sócio-diretor da CVA, apesar de o foco da pesquisa ter sido a impressão dos consumidores sobre as empresas, a partir das entrevistas foi possível notar a mudança de hábitos dos entrevistados como reflexo da variação mais acentuada da inflação."Além do aumento da prevalência do custo em detrimento do benefício, os supermercados que tiveram o maior avanço na sua avaliação foram o Assai e o Atacadão, dois atacarejos que são muito econômicos, mas não tão bons de atendimento", afirma.

Outra constatação, de acordo com Cimatti, foi o aumento na divisão das compras entre diferentes supermercados. "Nós vimos que as pessoas estão comprando mais no Pão de Açúcar o que é perecível e compram os produtos da cesta básica no Dia, que é mais barato.A somatória desses exemplos mostra que o custo está ganhando mais importância. E isso ocorreu porque aumentou o desemprego? Não. O que mudou foi o aumento da inflação", diz.

Apesar da precaução em relação aos preços estar crescendo, o sócio-diretor da CVA ressalta que as mudanças não são comparáveis aos anos de hiperinflação. "A conjuntura agora é outra, a situação não está fora de controle e não se compara à época do Sarney, mas nós vemos uma maior preoupação com a inflação e também que as pessoas estão mais dispostas a fazer alguns pequenos sacrifícios, como ir a um supermercado mais barato para fazer as compras do mês", diz.

Para realizar a pesquisa, foram entrevistados 6.985 consumidores de todo o país durante o mês de agosto deste ano.

Veja no vídeo a seguir algumas maneiras eficazes de cortar seus gastos:

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São Paulo – Um estudo sobre redes varejistas realizado pela empresa especializada em pesquisas de mercado CVA Solutions constatou que consumidores estão adotando algumas estratégias para se blindar contra os efeitos da inflação . Mas, ainda que muitos brasileiros continuem traumatizados pelos anos de hiperinflação, não é o caso de fazer grandes mudanças nos hábitos de consumo - como estocar produtos de supermercado - porque o impacto no orçamento não é significativo, conforme defende Samy Dana, doutor em economia e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Neste ano, a inflação medida pelo IPCA deve chegar a 5,81% segundo estimativas do mercado apuradas pelo último boletim Focus, do Banco Central. Apesar de ser um nível desconfortável, como o próprio presidente do Banco Central frisou, a alta não se compara às variações registradas nas décadas de 80 e 90, quando a inflação anual chegou a atingir absurdos 2.477%, em 1993, segundo dados do BC.

Para Samy Dana, a inflação está em um nível "administrável". "A projeção de 5,8% não é nula, mas também não está fora de controle. E outro ponto importante é que mesmo investimentos como a poupança têm superado a inflação, o que significa que até na poupança o dinheiro rende mais do que a alta dos preços, por isso não tem por que sair correndo comprando produtos”, afirma o professor da FGV.

A taxa Selic , que é usada como uma referência sobre o rendimento das aplicações de renda fixa (investimentos que têm sua forma de remuneração definida no início da aplicação), está em 9% ao ano. Considerando que as aplicações de renda fixa não exigem que o investidor corra grandes riscos, com a Selic nesse patamar pode-se dizer que atualmente é possível investir superando a inflação sem grandes esforços.

“Claro que a inflação é muito ruim e precisa ser combatida, mas não temos esse problema das compras do mês como antes. É um incômodo porque a inflação está alta e o país cresce pouco - eu estimo um crescimento de 2,2% este ano -, mas não é uma questão de preocupação, não temos uma situação de hiperinflação como no passado”, diz Samy Dana.

Em outras palavras, a inflação não é tão alta que justifique, por exemplo, a compra de 10 latas de óleo em uma ida ao supermercado porque, segundo as projeções, os preços não devem subir de maneira absurda. A tática era válida quando o preço do óleo subia 80% em um mês e valia muito mais a pena "investir" na compra de produtos não perecíveis do que em uma aplicação financeira.


Isso não quer dizer também que a alta dos preços deva ser ignorada. Aproveitar promoções, fazer compras em supermercados mais baratos e estocar produtos cujos preços estão subindo rapidamente pode fazer sentido, mas simplesmente não será uma economia absurda. Entre usar um determinado montante para comprar produtos e estocar, ou investir, a segunda opção pode valer mais a pena.

Pesquisa

O estudo elaborado pela CVA Solutions teve como objetivo analisar as percepções de consumidores sobre empresas do setor de varejo alimentar.Dentre as conclusões da pesquisa, está o aumento da importância do custo na avaliação das marcas. Na primeira edição do estudo, em 2011, o custo pesava 60% na avaliação dos consumidores e neste ano a variável passou a representar um peso de 63%.

Além disso, os varejistas que tiveram uma melhora no seu "Valor Percebido" o fizeram principalmente por causa de um avanço em relação aos seus custos.

Segundo Sandro Cimatti, sócio-diretor da CVA, apesar de o foco da pesquisa ter sido a impressão dos consumidores sobre as empresas, a partir das entrevistas foi possível notar a mudança de hábitos dos entrevistados como reflexo da variação mais acentuada da inflação."Além do aumento da prevalência do custo em detrimento do benefício, os supermercados que tiveram o maior avanço na sua avaliação foram o Assai e o Atacadão, dois atacarejos que são muito econômicos, mas não tão bons de atendimento", afirma.

Outra constatação, de acordo com Cimatti, foi o aumento na divisão das compras entre diferentes supermercados. "Nós vimos que as pessoas estão comprando mais no Pão de Açúcar o que é perecível e compram os produtos da cesta básica no Dia, que é mais barato.A somatória desses exemplos mostra que o custo está ganhando mais importância. E isso ocorreu porque aumentou o desemprego? Não. O que mudou foi o aumento da inflação", diz.

Apesar da precaução em relação aos preços estar crescendo, o sócio-diretor da CVA ressalta que as mudanças não são comparáveis aos anos de hiperinflação. "A conjuntura agora é outra, a situação não está fora de controle e não se compara à época do Sarney, mas nós vemos uma maior preoupação com a inflação e também que as pessoas estão mais dispostas a fazer alguns pequenos sacrifícios, como ir a um supermercado mais barato para fazer as compras do mês", diz.

Para realizar a pesquisa, foram entrevistados 6.985 consumidores de todo o país durante o mês de agosto deste ano.

Veja no vídeo a seguir algumas maneiras eficazes de cortar seus gastos:

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