Exame Logo

Processadoras de cartões ganham com novas regras do BC

Como prestadoras de serviços ou parceiras dos novos credenciadores, gigantes mundiais e empresas locais terão um novo mercado para crescer

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Lojas com uma única "maquininha" para processar todos os cartões e varejistas disputando espaço com a Redecard e a Visanet no credenciamento de pontos comerciais são apenas a ponta mais visível das mudanças que virão com as novas regras do setor, que estão em negociação entre empresas e Banco Central. As novidades também devem abrir um grande mercado para outro tipo de empresa - as processadoras de transações com cartões. Desconhecidas do grande público, essas empresas ficam entre os credenciadores e os emissores, e são as responsáveis por manter de pé toda a rede. São elas que possuem os softwares e os equipamentos responsáveis pela transmissão das transações eletrônicas, controle de pagamentos dos clientes, emissão de extratos, prevenção de fraudes e fluxo de caixa do lojista, entre outros. Agora, o fim da exclusividade do credenciamento é a aposta dessas empresas para ampliar os negócios - seja como prestadora de serviços para as novas credenciadoras, ou, no limite, associando-se a varejistas e bancos para criarem as suas próprias credenciadoras.

Embora a Tsys seja também uma credenciadora de pequenas redes regionais de lojistas nos Estados Unidos, a estratégia no Brasil deve ser a de prestar serviços para os novos credenciadores. "Não queremos competir com nossos clientes", afirma Antonio Jorge de Castro Bueno, presidente da operação brasileira. A First Data Research, que segue o mesmo modelo de negócios da Tsys no resto do mundo, também não deve se tornar uma credenciadora. "Enxergamos um grande potencial no Brasil, mas como prestadores de serviços", afirma sua presidente local, Maria Fernanda Teixeira.

Na cola dos brasileiros

Veja também

A chegada dessas empresas deve acirrar a concorrência. Hoje quem ganha mais dinheiro com o processamento de transações é a Orbital, que trabalha para a Redecard e também é controlada pelo Itaú Unibanco, e a americana EDS, que presta o serviço para a Visanet. Entre as processadoras que não estão ligadas à Redecard, à Visanet ou a algum banco, a líder a CSU CardSystem, que tem ações na BM&FBovespa e processa transações com 23 milhões de cartões. A empresa vê com bons olhos a atual ebulição do setor de cartões. "Com a abertura a novas credenciadoras, nosso mercado pode dobrar", afirma Décio Burd, diretor de Relações com Investidores da companhia.

Como em todo mercado em efervescência, há quem aposte em um processo de consolidação do setor de processamento. Em outros países, o que se vê é uma cadeia composta por muitos credenciadores e emissores, mas por poucos processadores. A Tsys já avisou que busca uma aquisição local para catapultar seus negócios.

Na última década, o mercado brasileiro de cartões experimentou uma explosão, estimulado pela estabilização da economia, pela maior oferta de crédito e pelo aumento da renda. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o país deve encerrar o ano com um total de 565 milhões de cartões emitidos (entre crédito, débito, private label e outros) - um incremento de 10% sobre 2008. Os 6,1 bilhões de transações que os brasileiros realizarão com esses plásticos (15% mais que em 2008) devem movimentar 444 bilhões de reais - 18% mais que no ano passado.

Como os processadores ganham uma taxa fixa sobre cada transação, é possível avaliar o quão atraente tem se tornado esse negócio. Além disso, apenas 20% das compras feitas no país são pagas com cartões de crédito, contra 42% nos Estados Unidos, de acordo com a Abecs. São esses números que atiçam o apetite das processadoras estrangeiras e brasileiras, e fará com que a competição seja bem mais intensa daqui em frente. "Os próximos anos serão bem promissores para esse mercado", afirma Álvaro Musa, ex-presidente da Credicard do Brasil e diretor da consultoria Partner Conhecimento.

Leia também:

+Varejistas podem virar rivais de Redecard e Visanet

+Saiba o que deve mudar na indústria de cartões

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Minhas Finanças

Mais na Exame