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O pior da crise ainda está por vir, diz o economista Nouriel Roubini

2009 será um ano de recessão global e deflação, segundo o economista americano que previu a atual crise

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A crise financeira mundial é apenas a ante-sala de um cenário bem mais sombrio, composto por recessão econômica e deflação. E, para o economista americano Nouriel Roubini, que se tornou célebre por antever a eclosão da atual turbulência, o mundo está prestes a mergulhar nele. "O pior não passou: 2009 será um doloroso ano de recessão global, deflação e falências. Somente ações políticas muito agressivas e coordenadas vão assegurar que a economia mundial se recupere em 2010, em vez de enfrentar uma prolongada estagnação e inflação", afirmou Roubini em um artigo publicado pelo jornal britânico Financial Times.

Segundo Roubini, os Estados Unidos e o mundo correm um risco real de cair em uma "estagdeflação", considerada "mortal". O economista afirma que uma recessão global severa trará pressionará os preços para baixo. Por um lado, as empresas serão obrigadas a reduzir os preços para escoar os estoques. Por outro, o aumento do desemprego conterá os custos trabalhistas e os reajustes salariais. Ao mesmo tempo, as commodities em queda também contribuirão para segurar a inflação. "Por isso, a inflação nas economias avançadas cairá para cerca de 1%, o que desperta preocupações sobre a deflação", afirmou Roubini no artigo.

Para o economista, a deflação colocaria uma série de armadilhas no caminho da recuperação mundial. Como a taxa nominal de juros não pode ser negativa, a política monetária perderia sua eficiência. Roubini afirma que a perda de eficiência já começa a ser sentida no campo da liquidez financeira. O banco central americano cortou a taxa de juros para 1% ao ano, mas o efeito sobre o sistema "é próximo de zero", segundo o artigo. Roubini prevê que, em 2009, a taxa nominal americana caia para 0%.

Nesse cenário, a deflação indicaria que o custo real de capital ainda é alto, apesar das taxas nominais próximas de zero. Isso levaria a um círculo vicioso: novos cortes de empregos e de renda acarretarão mais queda na demanda e nos preços, alimentando a deflação. Outro problema é que, com os preços em queda, o valor real das dívidas nominais sobe, o que aprofunda o risco de solvência das empresas e dos mutuários.

Com a política monetária tradicional sem capacidade de funcionar, Roubini afirma que opções heterodoxas devem ser usadas, como uma provisão maciça de liquidez para as instituições financeiras, a fim de conter a crise de liquidez e reduzir os spreads do mercado; políticas fiscais de auxílio a investidores, banqueiros e tomadores de crédito. Roubini destaca que medidas ainda mais "loucas" tornam-se necessárias para reduzir o crescente spread entre as taxas de longo prazo dos títulos públicos e as praticadas pela política monetária.

Tradicionalmente, os bancos centrais são os provedores de recursos de última instância, mas, segundo o economista, essas instituições estão se tornando os provedores de primeira e, às vezes, de única instância, já que os demais agentes financeiros não estão mais emprestando dinheiro. Roubini lembra que o sistema financeiro mundial já perdeu cerca de 2 trilhões de dólares com a crise. Por isso, o economista afirma que as autoridades devem agir rapidamente para evitar que o rombo se transforme em uma necessidade ainda maior de injeção de recursos.

Para ele, nos próximos meses, o fluxo de notícias econômica e corporativas "será bem pior que o esperado". Roubini prevê que a crise de crédito vai se aprofundar, devido ao processo de desalavancagem dos fundos de hedge e de outros agentes que operavam com níveis de endividamento bem agressivos, e que agora são forçados a desfazer posições e pressionam ainda mais os preços dos ativos no mercado. Essa queda geraria um efeito-cascata, arrastando outras instituições para a insolvência e jogando os mercados emergentes no meio da crise.

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