Os jatos que seduziram os milionários brasileiros
Um avião executivo já chega a custar US$ 58,8 mi; veja os mais vendidos no país
Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2010 às 17h03.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h40.
O modelo 7X é hoje o maior sucesso de vendas da francesa Dassault Falcon no Brasil. O presidente da empresa, Jean Rosanvallon, disse a EXAME que já existem cinco aviões desse modelo em operação no Brasil e há outros sete pedidos firmes. Um dos compradores é o grupo Pão de Açúcar, controlado por Abilio Diniz. O Falcon 7X tem autonomia de voo para viagens de 11.000 km. Dessa forma, Abilio pode viajar de São Paulo para a França para se reunir com seus sócios do grupo Casino sem fazer escalas. O preço de lista do 7X alcança 50 milhões de dólares. Seus principais concorrentes são o Gulfstream G550 e o Bombardier Global XRS. Com três motores Pratt & Whitney, o Falcon 7X pode transportar até 19 passageiros, mas costuma ser configurado para 12. A hora de voo do jato custa em média 3.000 dólares.
Há três décadas vendendo jatos no Brasil, a francesa Dassault Falcon possui 30 aviões em operação no país e já recebeu pedidos para entregar outros 15. O família 2000 de jatos da Dassault foi lançada em 1993 e logo se tornou um de seus maiores sucessos. Principal modelo da família atualmente, o 2000LX chegou ao mercado em 2007 e custa 30 milhões de dólares. É capaz de voar 4.000 milhas náuticas sem paradas para reabastecimento, o que é suficiente para uma viagem direta entre São Paulo e Miami ou entre Londres e Nova York. O jato bimotor concorre com modelos como o Legacy 650, da Embraer. As duas empresas, no entanto, possuem uma ótima relação. A Dassault, inclusive, é uma das acionistas minoritárias da empresa brasileira. Entre os compradores do Falcon 2000, está a família Marinho, da rede Globo.
A Bombardier é a vice-líder no mercado brasileiro de jatos. A fabricante canadense possui 110 aviões executivos em operação no país e só fica atrás da americana Cessna. Atualmente 60% das encomendas de brasileiras são da família Learjet, de aviões pequenos e médios. E, dentro dessa família, o Learjet 45XR é o mais vendido. Há nove desse modelos em operação no país. Com autonomia de voo de 2.000 milhas náuticas, o 45XR voa de São Paulo a Manaus sem escalas em 3h40. Trata-se de um tempo médio de viagem menor que o de um Boeing da Gol ou um Airbus da TAM. O jato custa 12 milhões de dólares para a aquisição e mais 1.750 dólares por hora de voo. A entrega é feita seis meses após o pedido. Com capacidade para oito passageiros, o Learjet tem como principais concorrentes na categoria super leve o Phenom 300, o Cessna X25 e o Hawker 750. Entre seus compradores, estão a OceanAir Táxi Aéreo e o cantor Bel Marques, da banda Chiclete com Banana.
O Challenger 300 é outro sucesso de vendas da Bombardier no Brasil. Há nove aviões desse modelo em operação no Brasil - entre eles, um da empresa de táxi aéreo Colt Aviation. O jato possui algumas características parecidas com as do Learjet 45XR, mas oferece muito mais conforto aos passageiros. A autonomia de voo alcança 3.000 milhas náuticas, o que é suficiente para viajar de São Paulo a Porto Rico sem escalas de reabastecimento. Leva oito passageiros, possui um sofá que pode ser transformado em cama, tem poltronas mais largas e permite que os passageiros tenham acesso ao bagageiro. O avião tem um preço de lista de 24,5 milhões de dólares e o custo de uma hora de voo alcança 2.000 dólares. Na categoria super médio, concorre com o Hawker 4000, o Embraer Legacy 600, o Cessna Citation 10 e o Gulfstream G200.
O Bombardier Global Express XRS é, sem dúvida, um sonho de consumo para qualquer empresário que viaja pelo mundo para fechar negócios. Não é à toa que uma empresa como a Vale, que possui minas em diversos países, comprou um jato desses para seus executivos. Outro cliente é o bispo Edir Macedo, dono da Record. O avião tem uma autonomia de voo de 6.150 milhas náuticas, o que é suficiente para viagens entre São Paulo e a Europa sem escalas. Atualmente há três desses jatos em operação no Brasil e mais três a serem entregues nos próximos meses. "As empresas brasileiras se globalizaram, e seus executivos agora precisam de jatos que facilitem grandes deslocamentos", disse a EXAME Fabio Rebello, vice-presidente para América Latina da Bombardier. O Global XRS custa 54,4 milhões de dólares, pode ser configurado para até 18 passageiros, mas costuma levar 13. Se for encomendado hoje, será entregue pela Bombardier em 2012. Seus principais concorrentes são o Falcon 7X e o Gulfstream G550.
Dois dos empresários mais bem-sucedidos do Brasil possuem um Gulfstream G550: Eike Batista (EBX) e Roberto Irineu Marinho (Globo). Com autonomia de voo de 12.500 km, o jato foi construído para viagens longas. Pode viajar de São Paulo a Moscou sem paradas e leva entre 14 e 18 passageiros. O G550 custa 58,8 milhões de dólares e usa dois motores Rolls-Royce. Foi lançado em outubro de 2000 e atualmente existem 246 em operação ao redor do mundo - a Gulfstream não revela quantos têm matrícula brasileira e diz apenas que trata-se de um de seus dois modelos mais vendidos no país. Em breve, o G550 deixará de ser o maior jato da americana Gulfstream. Com certificação prevista para 2011, o G650 tem como objetivo se tornar o jato executivo mais rápido do mundo. O avião fez seu primeiro voo em novembro de 2009, mas já vendeu 200 unidades, tornado-se o mais bem-sucedido da história da companhia.
A crise do final desta década acabou com a euforia no mercado mundial de aviação executiva. As empresas que atravessaram a turbulência com menores avarias, no entanto, foram as de aviões de grande porte e longo alcance. Dentro desse segmento, quem voa mais alto é a americana Gulfstream. A empresa estreou no mercado brasileiro em 2002 e já possui 24 jatos em operação. "Os brasileiros bem-sucedidos precisam ir à Europa e à América do Norte sem escalas e querem viajar para qualquer parte do mundo com no máximo uma parada para reabastecimento", afirmou a EXAME Joseph Lombardo, presidente da Gulfstream. "É por isso que o Brasil se tornou nosso terceiro maior mercado." Dentro do portfólio da empresa, um dos maiores sucessos de vendas no país é o G450. Com autonomia de voo de 8.000 km, o jato pode viajar de Miami a São Paulo sem escalas. O G450 custa 40 milhões de dólares, usa motores Rolls-Royce e transporta entre 12 e 16 passageiros. Lançado em 2003, a aeronave já vendeu 168 unidades. Desde 1958, a Gulfstream comercializou 1.800 aviões. A empresa é controlada pela fabricante de armamentos General Dynamics, que emprega 91.000 pessoas.
Até o início dos anos 2000, a Embraer era conhecida como uma empresa de aviação comercial e militar. O lançamento do Legacy 600 em 2001 marcou a entrada da empresa na aviação executiva. Em 2005, a Embraer anunciou seis novos modelos destinados a homens de negócios - sendo que três deles já estão em operação. Ao menos no Brasil, o mais bem-sucedido avião executivo da empresa é o Phenom 100. Desde o ano passado, a empresa entregou 47 aeronaves a clientes. O jato custa 4 milhões de dólares, mas seu ponto forte é a forma de financiamento para a aquisição. O Phenom 100 foi enquadrado dentro do Finame, uma linha de crédito do governo federal que cobra juros de apenas 5,5% ao ano para empréstimos em reais. Concorrentes do jato como o Cessna CJ1 e o Cessna Mustang não oferecem tal facilidade aos clientes. Essa é uma das explicações para o atual sucesso do avião da Embraer. "É o jato dessa categoria mais vendido no Brasil atualmente", disse a EXAME Luís Carlos Affonso, vice-presidente de aviação executiva da empresa. Entre os compradores, está a cantora Claudia Leitte, que utiliza o avião para se deslocar durante turnês pelo Brasil. O Phenom 100 pode fazer voos sem escalas entre São Paulo a Montevidéu e leva até oito pessoas.
O grande trunfo do Phenom 300 para repetir o sucesso do Phenom 100 é a forma de financiamento. O jato é o único da categoria enquadrado no Finame, uma linha de crédito do governo federal com juros de só 5,5% ao ano para empréstimos em reais. Com preço de lista de 8,7 milhões de dólares, concorre principalmente com o Cessna CJ4 e o Hawker 400XP. Tem autonomia de voo de 1.970 milhas náuticas, o que é suficiente para voar de São Paulo a Manaus ou de Brasília a Buenos Aires sem escalas. O avião é bem balanceado e pode pousar em pistas curtas, de 900 metros. Se a intenção do dono é pousar em pistas pequenas, no entanto, a melhor escolha é de um turboélice. Nos últimos meses, a Embraer entregou os três primeiros Phenom 300 no Brasil. O primeiro a sair da fábrica foi para os Estados Unidos. Está nas mãos do americano Terry Vance, motociclista de competições de arrancada e empresário do setor de motos. O jato agrada mesmo quem gosta de velocidade. Com dois motores Pratt & Whitney, alcança 839 km/h. Só a entrega que não é tão rápida. Quem encomenda um hoje terá de esperar 12 meses para recebê-lo.
Primeiro jato executivo da Embraer, o Legacy 600 tem uma história de sucesso no Brasil. Existem atualmente 12 unidades em operação no país e mais cinco na Força Aérea Brasileira. Um deles foi comprado pelo bilionário Eike Batista. Segundo a revista VEJA, no entanto, o empresário teria colocado à venda seu Legacy e encomendado um Gulfstream G550. A principal diferença entre os dois aviões é o alcance. Enquanto o Legacy faz voos de até 3.400 milhas náuticas, o que possibilita uma viagem de São Paulo a Caracas ou de Manaus a Nova York sem escalas, o G550 chega até Moscou sem nenhum reabastecimento. O Legacy 600 custa 27,5 milhões de dólares e concorre diretamente com o Bombardier Challenger 300, o Hawker 4000 e o Dassault Falcon 2000. Na semana passada, a Embraer pela primeira vez apresentou ao público o Legacy 650, uma evolução do 600. A grande diferença é que o novo avião tem autonomia de voo de 3.900 milhas náuticas, o que é suficiente para cumprir sem escalas distâncias importantes na aviação executiva, como São Paulo-Miami, Londres-Nova York ou Dubai-Londres. Cerca de 2 milhões de dólares mais caro que o Legacy 600, o 650 também tem um novo sistema de isolamento acústico e deve ter a primeira unidade entregue no Brasil ainda neste ano.
A Cessna é líder de mercado tanto no Brasil quanto no mundo. Fundada em 1927 e sobrevivente de várias crises, a empresa americana já entregou nada menos do que 190.000 aeronaves pequenas e médias em todo o mundo. No Brasil, estão em operação 236 jatos executivos da Cessna - ou quase a metade da frota total. Nos últimos anos, seu maior sucesso no país é o Citation Mustang. "Há cerca de 25 voando no Brasil e vamos entregar mais nos próximos meses", disse a EXAME Roger Whyte, vice-presidente de vendas e marketing da Cessna. O jato custa 3 milhões de dólares nos Estados Unidos. O comprador brasileiro ainda terá de arcar com o custo dos impostos. O Citation Mustang possui autonomia de 1.600 km sem paradas, o suficiente para um voo entre Rio de Janeiro e Porto Alegre. O jato leva quatro passageiros e conta com dois motores Pratt & Whitney.
O Cessna Citation CJ2 é o sucessor do CJ2, um dos jatos mais vendidos da história brasileira. Ideal para quem precisa pousar e decolar em pistas curtas, a aeronave custa 7 milhões de dólares e concorre com o Phenom 300 da Embraer. Foi lançado em 2004, mas só começou a ser entregue em 2006. Usa dois motores Williams e leva sete passageiros. É capaz de voar do Rio de Janeiro a Buenos Aires sem paradas.
O Cessna Citation XLS é o jato executivo mais vendido do mundo. Faz pousos e decolagens em pistas curtas e permite que tripulantes e passageiros fiquem em pé na cabine. O jato tem capacidade para nove passageiros e um belo espaço para bagagem. Custa cerca de 12 milhões dólares e leva dois motores Prat & Whitney. Tem autonomia para realizar voos diretos entre São Paulo e Fortaleza.
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