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Como fugir do feijão e gastar menos no supermercado

Já foi a cebola, o tomate, a cenoura. Agora, o vilão da vez para o seu bolso é o feijão carioca, que subiu 89% desde o início do ano, segundo o IPCA

Fugir do feijão no supermercado: Faça lista de compras e substitua alimentos (.)

Júlia Lewgoy

Publicado em 11 de julho de 2016 às 12h09.

São Paulo - Já foi a cebola, o tomate, a cenoura. Agora, o vilão da vez é o feijão carioca, que subiu 89% desde o início do ano, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ). Mas não é só ele o culpado por os consumidores levarem um susto a cada passadinha no supermercado .

O grupo de alimentos e bebidas foi o principal responsável por elevar a inflação em junho. As dicas a seguir podem ajudar a se proteger dos próximos vilões que ainda virão, além do feijão. Aprenda com nutricionistas e planejadores financeiros o que fazer para gastar menos nas compras do dia a dia no supermercado.

1. Substitua feijão por outras proteínas e fibras

Você poderia substituir o feijão por lentilha, grão de bico ou ervilha, se eles não estivessem igualmente caros. Então, a saída e trocar a proteína do feijão carioquinha pela do preto, que aumenta menos de preço, ou por soja em grão ou proteína de soja, como sugere a nutricionista Lara Natacci, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN).

O feijão também é fonte de fibras, presente em alimentos como alface, repolho e couve. “Não há problemas em não comer feijão todos os dias e alternar por outras proteínas e fibras”, orienta a nutricionista Sonja Salles, autora do livro Trocas Inteligentes.

O arroz também foi um item da cesta básica que subiu de preço em junho, segundo o Dieese. Nutricionalmente, ele pode ser substituído por farinha de mandioca ou de milho, ou por tubérculos como batata doce e mandioca. Nem vamos sugerir a batata, pois seu preço também aumentou em junho.

2. Escolha frutas, verduras e legumes da estação

Frutas, verduras e legumes compradas fora de época podem ser mais caros que alimentos industrializados. Isso acontece porque eles levam mais agrotóxicos e, com oferta menor, seu preço encarece. “Alimentos da estação são mais baratos, nutritivos e apetitosos”, indica Lara, da SBAN.

É melhor para a saúde comprar os orgânicos, mas se eles estiverem muito caros, a nutricionista recomenda lavar os alimentos com agrotóxico com escova e detergente, enxaguando bem. Outra técnica para reduzir a quantidade do produto é mergulhá-los em 900 mililitros de água e 100 mililitros de vinagre, por dez minutos.

Veja a seguir uma tabela com as frutas, legumes e verduras mais baratas neste mês de julho, elaborada pela nutricionista Lara Natacci:

LegumesVerdurasFrutas
AbóboraAgriãoAtemoia
Batata doceAlho-porróCarambola
CaráChicóriaGrapefruit
CogumeloCoentroKiwi
ErvilhaCouveLaranja lima
InhameErva-doceMexerica
MandiocaEspinafrePoncã
MandioquinhaMilho verde
Mostarda
Nabo
Palmito
Rabanete
Salsão

3. Não tenha medo de alimentos feios

Os legumes, frutas e verduras feios que sobram no fim da feira ou no cestão do supermercado podem ser mais baratos e até mesmo mais gostosos. No caso das frutas, é bem comum as mais feias serem as mais doces. Por isso, não recuse as ofertas da xepa.

“Alimentos feios são mais baratos e podem ser saudáveis, desde que não tenham nenhum corte ou parte apodrecida”, oriente Lara, da SBAN.

4. Faça uma horta em casa

Fazer uma horta em casa é fácil e é uma ótima forma de economizar com temperos e verduras. Pode ser em vaso mesmo, se você mora em apartamento. Temperos como capim limão, manjericão, louro e alecrim podem substituir a cebola e o alho, que estão com os preços lá em cima.

A nutricionista Sonja Salles, autora do livro Trocas Inteligentes, sugere fazer infusões com esses temperos para deixar seu gostinho na comida. Pegue uma tigela e coloque água para esquentar. Antes de ferver, coloque o tempero e deixe cozinhar por uma hora. Com essa água temperada, você poderá cozinhar o que quiser.

“Assim você dá sabor para a comida e não precisa usar alho e cebola todos os dias”, sugere. A mesma água pode ser usada para fazer o molho de tomate render mais.

Você pode reaproveitar as cascas os talos da sua horta para fazer doces, caldos, sopas e souflês. Eles podem ser congelados.

5. Prefira carne vermelha de segunda

Alcátrias e filés ficaram na época das vacas gordas. Para economizar, carnes como patinho, coxão duro e lagarto são recomendadas. Mas a preferida dos nutricionistas é o músculo, um corte barato, com menos gordura. “Cozinhe essas carnes assadas ou faça um picadinho com legumes”, sugere Sonja.

Você também pode trocar a carne vermelha por proteínas mais baratas, como o ovo ou a soja. “Aproveite para comer menos carne vermelha”, indica a nutricionista.

6. Sempre faça lista de compras

A lista de compras é a principal arma para se defender do consumo em excesso, como recomenta o consultor financeiro André Massaro, autor do blog Você e o Dinheiro. “Se você entrar com um plano para seguir no supermercado, vai se livrar de armadilhas”, sugere.

Para montar a lista, você precisará conhecer o seu padrão de consumo, ou seja, a quantidade e a qualidade dos itens que você pode comprar. Ter um orçamento financeiro nessa hora é essencial. Veja aqui como montá-lo.

7. Compare preços entre supermercados, marcas e embalagens

Pesquisar as diferenças de preço entre marcas e supermercados é a regra básica do consumo de alimentos. Faça isso pela internet. “Andar de um lado para o outro e perder tempo na pesquisa pode ser antieconômico. O tempo tem valor”, lembra Massaro. Além disso, ele recomenda permanecer o menor tempo possível dentro do supermercado, para evitar comprar o que é desnecessário.

Alguns sites permitem comparar os preços entre diferentes supermercados e até fazer as compras online, como o novo aplicativo brasileiro Home Refill. A partir da primeira compra, um algoritmo monitora a lista de produtos criada pelo consumidor, oferece marcas com preços mais em conta e ajuda a comprar as quantidades certas de cada produto. Conheça mais sobre o app.

Pode ser mais vantajoso comprar as embalagens maiores, mas nem sempre. Faça os cálculos em frente à prateleira. Se optar pela embalagem grande, ao chegar em casa, divida o conteúdo em potes menores e guarde-os em um lugar em que você não enxerga. “Consumimos mais o que vemos toda hora”, explica Lara, da SBAN.

A nutricionista Rosane França sugere organizar grupos de compras coletivas para adquirir produtos com preço bom, em quantidade, no atacado. Outro conselho é ir ao supermercado com paciência e sem fome, para evitar de cair na tentação de levar o que você não precisa.

8. Faça compras semanais, e não mensais

É mais fácil de organizar o cardápio da semana e evitar desperdícios de comida e de gastos se você for ao supermercado com mais frequência. “Rascunhe rapidamente o que você vai precisar e faça as compras certinhas, sem excessos. Todo mundo que se planeja consegue economizar”, sugere Sonja.

Se estiver no aperto, corte biscoitos, refrigerantes, doces, bebidas alcoólicas e tudo que não é vital para você ter energia e não ficar doente.

São Paulo - A inflação de junho divulgada hoje foi uma boa notícia: os 0,35% são menos da metade do mês anterior (0,78%) e de junho do ano passado (0,79%). Mas enquanto o IPCA acumulado cai mês a mês na comparação com 2015, o contrário acontece entre os alimentos e bebidas, grupo com o maior peso na cesta. Alguns itens estão disparando, entre eles todos os tipos de feijão, afetados por estiagens prolongadas e altas temperaturas, segundo levantamento da safra 2015/2016, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) há um mês. Há cerca de duas semanas, o presidente interino Michel Temer usou a hashtag #TemerBaixaOPreçoDoFeijão para anunciar pelo Twitter a liberação da importação do produto. Como os países do Mercosul já são isentos de tarifa, o que ele fez foi estender essa abertura para países de fora do bloco e que produzam feijão, como a China. No entanto, o impacto da medida será limitado pelo tipo de consumo do brasileiro e pela disponibilidade internacional. "Vamos ter preços elevados do feijão até agosto", prevê Carlos Alberto Salvador, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura do Paraná, para o Estadão Conteúdo. Veja a seguir quais são os 9 alimentos que subiram mais de 20% só no primeiro semestre de 2016 e quais foram as altas em maio, junho, no ano e no acumulado de 12 meses:
  • 2. Feijão-carioca

    2 /11(Fernando Lemos)

  • Veja também

    Alta
    Em maio7,61%
    Em junho41,78%
    Acumulado em 201689,26%
    Acumulado em 12 meses105,26%
  • 3. Feijão-mulatinho

    3 /11(Divulgacao)

  • Alta
    Em maio9,85%
    Em junho34,15%
    Acumulado em 201684,38%
    Acumulado em 12 meses96,99%
  • 4. Leite longa vida

    4 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Alta
    Em maio3,43%
    Em junho10,16%
    Acumulado em 201626,70%
    Acumulado em 12 meses28,42%
  • 5. Feijão-preto

    5 /11(ARQUIVO/WIKIMEDIA COMMONS)

    Alta
    Em maio-0,37%
    Em junho9,80%
    Acumulado em 201630,44%
    Acumulado em 12 meses25,84%
  • 6. Feijão-fradinho

    6 /11(YouTube)

    Alta
    Em maio-0,91%
    Em junho9,32%
    Acumulado em 201623,68%
    Acumulado em 12 meses23,51%
  • 7. Manteiga

    7 /11(Paul Thomas/Bloomberg)

    Alta
    Em maio4,90%
    Em junho6,36%
    Acumulado em 201643,82%
    Acumulado em 12 meses57,37%
  • 8. Batata-inglesa

    8 /11(Wikimedia Commons)

    Alta
    Em maio19,12%
    Em junho2,08%
    Acumulado em 201654,06%
    Acumulado em 12 meses66,51%
  • 9. Farinha de mandioca

    9 /11(Fernando Santos Cunha Filho/Wikimedia Commons)

    Alta
    Em maio3,19%
    Em junho1,42%
    Acumulado em 201635,37%
    Acumulado em 12 meses48,97%
  • 10. Alho

    10 /11(Fernando Frazão / Veja Rio)

    Alta
    Em maio3,58%
    Em junho3,54%
    Acumulado em 201636,14%
    Acumulado em 12 meses65,10%
  • 11 /11(Fabiano Accorsi / VOCÊ S/A)

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