Exame Logo

"Não há acionista que possa reclamar da compra da Klabin Segall"

Para o novo presidente da construtora, venda para Agra e Veremonte trará ganhos para os investidores

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Foram quatro meses de negociações até que a incorporadora Agra e a Veremonte, empresa de investimentos do empresário espanhol Enrique Bañuelos, chegassem a um acordo com os credores da Klabin Segall para assumir o controle da companhia. Propondo um reajuste de taxas - pequeno, segundo a Agra - em troca de prazos mais longos, a companhia e a Veremonte fecharam o acordo que lhes garantiu 58% da Klabin Segall.

Já nessa segunda-feira (17/8), como antecipou EXAME , Fernando Albuquerque, um dos sócios da Agra, assumiu a presidência Klabin Segall. Em entrevista ao Portal EXAME, Albuquerque destacou que o negócio foi muito interessante para os investidores, tanto os da Agra quanto os da Klabin Segall. "Não há acionista que possa reclamar da operação", diz.

Veja também

Quando a compra da construtora foi anunciada, em abril deste ano, as ações da Klabin Segall acumulavam queda de 23% no ano, sendo cotadas a 1,80 real, depois de já terem perdido mais de 80% de seu valor em 2008. A companhia passava por uma delicada situação financeira em decorrência da crise global, somando uma dívida de mais de 500 milhões de reais - o dobro da registrada um ano antes e valor superior ao patrimônio líquido da empresa. Com a venda para a Agra e a Veremonte, a Klabin Segall receberia um reforço de caixa de 100 milhões de reais, além de outros 355 milhões de reais em ativos imobiliários.

O negócio, na avaliação da corretora Fator, seria bom para a empresa no longo prazo, mas prejudicaria os minoritários. Além de não ter o direito de retirada (que garante o reembolso do valor das ações quando há discordância quanto às deliberações da Assembléia de Acionistas), os minoritários teriam sua participação na construtora diluída em cerca de 36%, segundo cálculos realizados em julho. A saída dos antigos controladores da Klabin Segall também reduziria o free float (percentual de ações no mercado) de 63% para 27%, impactando na liquidez do papel na bolsa.


Apesar disso, nos últimos quatro meses, a trajetória das ações foi crescente. O papel se valorizou 110%, chegando a 3,78 reais no final do pregão desta segunda-feira. "Essa é a prova de que a operação está trazendo valor para o acionista", diz Albuquerque. O novo presidente da Klabin Segall promete uma administração bastante responsável, mas com boa geração de caixa. "Nós renegociamos a dívida da Klabin Segall de forma que a empresa tenha condições de ser manter ativa. Vamos retomar os lançamentos ainda neste ano". Alguns deles, segundo Albuquerque, estão praticamente prontos para serem feitos, exigindo baixos investimentos. "Já temos o terreno comprado e pago e, em alguns casos, até os stands de venda já estão prontos".

A troca de controle não mudará os rumos da companhia. Assim como a Abyara, que foi comprada em fevereiro pela mesma dupla, a Klabin Segall continuará tendo suas ações negociadas na Bovespa e manterá sua estratégia de negócios. Hoje, 85% dos empreendimentos são voltados para a média e alta renda. E a companhia não pretende alterar seu foco. "Não faz sentido mudarmos nossa direção só para nos enquadrarmos no programa "Minha Casa, Minha Vida". Há demanda também para imóveis de alto padrão", diz Albuquerque.

De caça a caçador

Há apenas um ano, a Agra foi alvo da rival Cyrela. A compra chegou a ser anunciada, mas apenas três meses depois, em outubro do ano passado, veio a desistência. "Na ocasião, a venda para a Cyrela fazia sentido. Fecharíamos o negócio com um ganho de 50%", conta Albuquerque, evitando comentar os fatores que levaram a operação ao fracasso.

Daí até a associação com a Veremonte para a compra da Abyara foram apenas quatro meses. De comprada, a Agra passou a compradora. Na sequência, veio a Klabin Segall. Mas, daqui pra frente, Albuquerque afirma que será mais difícil uma reprise. "Já não vejo boas oportunidades no mercado. O período de estresse passou. Mas vamos ficar de olho", diz.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Minhas Finanças

Mais na Exame