Minhas Finanças

Livre-se dos problemas com dívidas em 10 dias

Com força de vontade é possível reestruturar o orçamento e renegociar as dívidas, mas não sem apertar o cinto

Renegociar prazos e trocar dívidas caras por dívidas baratas é o melhor caminho (Ales Cerin/SXC)

Renegociar prazos e trocar dívidas caras por dívidas baratas é o melhor caminho (Ales Cerin/SXC)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2011 às 07h00.

São Paulo – Dívidas e contas em atraso acontecem nas melhores famílias – exatamente em 23,7% das famílias brasileiras cuja renda está comprometida com algum tipo de empréstimo. Nem mesmo quem tem bons rendimentos está livre de um empreitada que dê errado, uma doença grave ou a perda de um emprego que possam comprometer a capacidade de pagamento das contas e financiamentos em curso.

Não existe receita mágica para pagar as dívidas de uma hora para outra, mas fazê-las encaixar no orçamento não é tarefa impossível. Veja a seguir como reestruturar sua dívida em dez dias e conseguir voltar a respirar em paz:

Dias 1 a 3 Refaça o orçamento e corte despesas

Especialistas em finanças não hesitam em aconselhar os endividados a tratarem o próprio orçamento como o de uma empresa. O primeiro passo é fazer uma espécie de “balanço” de todas as receitas e despesas da família, incluindo financiamentos e aplicações financeiras.

É preciso avaliar tudo que pode ser resgatado e quais bens podem ser vendidos para cobrir pelo menos parte das dívidas. A preferência deve ser por quitar os débitos de uma vez. Quem não tem recursos investidos suficientes pode, de cara, optar por vender bens facilmente recuperáveis mais tarde, como o segundo carro da família ou aquela TV de LCD recém-comprada. Claro que a vender um bem é mais demorado que resgatar uma aplicação, mas pode ser o suficiente para o endividado voltar a respirar aliviado.

Dia 4 Reúna a família e estabeleça um “plano de recuperação financeira”

A reestruturação do orçamento passa também por uma mudança de postura. André Massaro, especialista em finanças da consultoria MoneyFit, fala em “humildade”, “serenidade”, “desprendimento” e “coragem”. Mas, acima de tudo, é preciso adesão de toda a família. “Convoque a família, abra o jogo e faça um pacto de esforço coletivo para cortar as despesas e não desperdiçar”, diz Gilberto Braga, professor de finanças do IBMEC.

É hora de estabelecer o que será cortado e qual será a função de cada membro da família nessa “força-tarefa”. Especialistas destacam a importância de, se possível, não cortar completamente a diversão, mas admitem que a reestruturação deve começar pelo que não for prioritário, ou seja, não essencial à sobrevivência e à geração de renda.


Não se trata de parar de pagar a mensalidade da escola dos filhos, portanto, mas sim de cortar, momentaneamente, o número de idas a cinemas e restaurantes, a compra de artigos caros e supérfluos e até mesmo a TV a cabo que você nunca tem tempo de assistir. Também é bom baixar o nível de consumo – até quitar as dívidas, é uma boa ideia trocar produtos “premium” por similares mais baratos.

Em casos mais graves, pode-se considerar cancelar, durante certo tempo, itens como banda larga e celular, fáceis de substituir pelo acesso à internet no ambiente de trabalho e pelo telefone fixo. O importante é que esses gastos não causem estresse familiar. “Em vez de ir quatro vezes ao mês à pizzaria, vá apenas duas vezes. Nem sempre é preciso ser tão radical”, aconselha Ricardo Rocha, professor de finanças da Fundação Vanzolini.

Dia 5 Pratique o desapego e resgate as aplicações para cobrir as dívidas

Não tenha apego às suas economias: use o dinheiro aplicado para quitar ou pelo menos reduzir suas dívidas. Dê preferência aos investimentos em renda fixa, mais líquidos, e que devem ter como propósito justamente as emergências e objetivos de curto prazo. Caso estes não sejam suficientes, considere também usar o que estiver aplicado em renda variável. Com os altos juros praticados no Brasil, dificilmente a rentabilidade de uma aplicação será mais alta que os juros devidos.

“Se a situação for muito complicada, é melhor realizar a perda. Num país onde o juro médio do cartão de crédito, por exemplo, ultrapassa os 200% ao ano, uma pessoa que está há três ou quatro meses no rotativo já pode ser considerada um caso de emergência”, diz André Massaro, da MoneyFit.

Para ele, a prioridade deve ser quitar as dívidas de juros mais altos e aquelas que possam gerar cortes de serviços essenciais, como a conta de luz. “Se a pessoa estiver devendo a um parente e essa situação puder trazer abalos familiares, também é bom dar prioridade, dado o impacto na qualidade de vida”, completa o consultor.

Se as aplicações financeiras forem insuficientes ou inexistentes, a partir do 5º dia o endividado já pode começar a entrar em contato com os credores para tentar renegociar os pagamentos.

Dias 6 a 8 Corte as despesas não essenciais e comece as renegociações

Se os cortes de despesas não essenciais ainda não foram iniciados, agora é a hora. Pôr em prática o plano de reestruturação é essencial para o próximo passo: renegociar as dívidas. Nesses dois dias, aproveite para entrar em contato com os credores para renegociar os prazos ou mesmo substituir as dívidas de juros mais altos por linhas de crédito mais baratas.


Tomar a iniciativa e demonstrar boas intenções torna o credor mais flexível. “Nada deixa o credor mais ‘irritado’ do que o devedor que foge às suas obrigações e desaparece. Ao tomar a iniciativa de procurá-lo, a pessoa que tem contas em atraso constrói uma boa reputação. Se tiver uma nova emergência no futuro, as coisas ficarão mais fáceis”, observa André Massaro, especialista da consultoria MoneyFit.

Lembre-se de que, caso seu CPF entre num cadastro de inadimplentes, as únicas maneiras de tirá-lo de lá e de fato voltar a ter acesso ao crédito são pagar a dívida ou renegociá-la. Mas é claro que o melhor é partir para a negociação antes de ficar com o “nome sujo”.

Se possível, abra uma única linha de crédito mais barata para quitar todas as dívidas à vista e ficar com apenas um financiamento, a juros menores. O crédito consignado, o empréstimo com o segundo imóvel em garantia (alienação fiduciária) ou até mesmo um empréstimo pessoal são exemplos de financiamentos mais baratos que o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito.

Cartões vinculados diretamente à conta corrente costumam oferecer essa troca diretamente. Quem tiver acesso a uma cooperativa de crédito - na empresa onde trabalha, por exemplo - pode lançar mão desse recurso, que também cobra juros mais competitivos. E lembre-se: se o departamento de RH da sua empresa tiver um programa para orientar empregados endividados, não há mal algum em procurá-lo.

O professor Gilberto Braga, do IBMEC, sugere ainda outra forma: vender o carro, quitar as dívidas e financiar um carro novo, uma vez que os juros para esse tipo de empréstimo estão na faixa dos 2% ao mês, baixos em comparação às taxas mais caras. Vender o carro, entretanto, pode não ser tão rápido. O professor faz ainda outra ressalva: “Mas isso é só para os muito disciplinados, capazes de alterar um pouco o padrão de vida, pois a pessoa continuará com despesas”.

Outra maneira de baixar o custo da dívida é buscar a instituição financeira que tem os juros mais baratos e fazer a portabilidade, sem custo algum. Só é possível migrar dívidas da mesma natureza. Feita a negociação com o novo banco, a transferência do débito pode ser feita até de um dia para o outro. Especialistas alertam, no entanto, que esse recurso não costuma valer a pena para as linhas de crédito mais caras – cartão e cheque especial – nem para financiamentos habitacionais.

Dias 9 e 10 Em casos extremos, busque ajuda especializada

Caso um ou mais credores se mostre inflexível, é hora de procurar ajuda. Pode ser um advogado, um órgão de defesa do consumidor ou mesmo um defensor público especializado em superendividamento, que vai ser o mediador de novas tentativas de negociação.

“Comprometa-se, daí em diante, a mudar sua postura em relação ao dinheiro. Até quitar todo o débito, viva de forma mais frugal. E faça planos para aumentar seu padrão de vida no futuro, mas baseados em aumento de renda, e não de endividamento”, aconselha André Massaro, da MoneyFit.

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