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LCI e LCA ficam mais raras, mas ainda são melhor opção

Está difícil encontrar Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), mas os papéis ainda são melhor opção na renda fixa para curto e médio prazos

Investimentos: quem encontrar os títulos que viraram coqueluche no mercado nos últimos anos terá de se contentar com juros e prazos menores e menor liquidez (weerapatkiatdumrong/ThinkStock)
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Da Redação

Publicado em 31 de março de 2015 às 17h17.

Está mais difícil encontrar Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) nas corretoras e bancos .

E quem encontrar os títulos isentos de imposto que viraram coqueluche no mercado nos últimos dois anos terá de se contentar com juros e prazos menores e menor liquidez.

Mesmo assim, os papéis continuam como melhor opção na renda fixa para o curto e médio prazos, com rendimento superior ao da poupança, dos fundos de renda fixa ou mesmo dos papéis do Tesouro Direto.

Ao mesmo tempo, aumenta a oferta de CDB mais longos, que pagam imposto de renda, mas oferecem ganhos maiores para compensar.

Com a queda na atividade econômica, o apetite das empresas imobiliárias e do agronegócio para tomar empréstimos é menor, o que limita o lastro que os bancos usam para emitir esses papéis. Ao mesmo tempo, a incerteza e o custo mais alto reduzem os prazos das operações e, por tabela, das LCI e LCA.

E, com menor necessidade de emprestar e procura ainda grande, as taxas pagas aos investidores recuam, oscilando entre 93% e 98% do CDI líquidos, dependendo do prazo e do valor aplicado, sem liquidez diária.

Antes, podiam chegar a 100% do CDI. Essas taxas equivalem a retornos acima de 110% do CDI em aplicações com imposto para prazos acima de 2 anos.

“É um reflexo do que se vê na economia, há uma redução significativa no crédito pelo medo do mercado”, diz Claudia Martinez, diretora do Banco Máxima.

“Os indicadores mostram a economia caminhando para uma recessão, e as empresas estão sofrendo, o que faz os bancos ficarem mais restritivos em relação ao crédito”, afirma a executiva. Mesmo empresas boas enfrentam hoje problemas de liquidez, agravadas pelos escândalos da Petrobras e de empreiteiras.

“O próprio incorporador está reduzindo os lançamentos e os investimentos e por isso não precisa tanto de crédito, enquanto os bancos reduzem o crédito”, diz. “O cenário não é nada bonito”, explica.

Segundo Alberto Feliz, diretor de tesouraria do Banco Máxima, nos últimos meses, surgiram dificuldades para todos os bancos na parte de originação de LCI e LCA, seja na parte imobiliária, seja na agrícola.

“Os bancos estão reticentes em aumentar crédito para quem já tem risco”, diz. “E estão olhando a cadeia toda, especialmente no caso do setor imobiliário, para ver se há algum problema, principalmente ligado a óleo e gás”, diz. Ao mesmo tempo, houve um aumento grande da procura de investidores pelos papéis isentos.

Em meio a esse cenário, houve ainda o impacto da discussão sobre o fim da isenção das LCI e LCA no fim do ano passado, o que levou muitos bancos a procurarem fazer tudo que podiam antes de alguma mudança, buscando alongar prazos.

Alguns investidores resgataram papéis de curto prazo para aplicar por dois ou três anos, tentando garantir a isenção em LCI. Já a LCA não tem prazos muito longos, pois está atrelada às safras e costuma ir até dois anos.

Procura grande

A procura pelas LCI e LCA segue grande, explica Bruno Carvalho, gerente de renda fixa da corretora Guide Investimentos. “Os investidores estão amadurecendo e veem que faz sentido migrar da caderneta de poupança para outras aplicações mais rentáveis”, diz. Neste ano, porém, há uma queda na oferta de papéis.

“Estamos vendo uma diminuição bastante significativa na disponibilidade de lastro, acredito que é pela desaceleração da economia”, diz.

A saída diante do maior risco foi encurtar prazos. Em geral, está mais difícil encontrar papéis com prazo acima de 180 dias, diz Carvalho. ”Ficamos temporariamente sem papéis para nenhum prazo até, mas nas últimas semanas alguns bancos só oferecem LCI e LCA para curto prazo”, diz. As empresas, por sua vez, procuram também encurtar os prazos dos empréstimos.

Segundo Carvalho, alguns emissores diminuíram um pouco a remuneração das LCI e LCA, aproveitando a demanda muito grande. Com isso, a média para um papel de 180 dias recuou cerca de dois pontos, de 95% do CDI para 93%. “É uma condição de mercado que favorece que diminua taxa”, diz.

A volta dos CDB

Os bancos estão aproveitando a queda nas taxas das LCI e LCA para oferecer aos investidores CDB com prazos mais longos, explica Alberto Felix, do Máxima.

A vantagem é que os CDB não são vinculados a determinados setores. Podem servir tanto para empréstimos para pessoas físicas quanto para empresas de qualquer ramo, o que aumenta as opções do banco.

O problema é que os CDB estão sujeitos a imposto de renda, o que obriga os bancos a pagar mais para o aplicador. “Com um papel isento pagando 95% do CDI, um cliente só vai querer aplicar em um CDB se ele pagar pelo menos 110% do CDI, que depois do imposto vai dar um ganho equivalente”, diz Felix.

Bancos e corretoras mostram também que para aplicações mais longas, acima de um ano e especialmente a partir de dois anos, a desvantagem do CDB diminui pois a tributação é menor, caindo até 15% sobre o rendimento.

“Alguns bancos já pagam até mais em CDB para prazos mais longos do que em LCI e LCA, e a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) é a mesma, R$ 250 mil por cliente” diz Felix. “Só é preciso fazer as contas”, diz ele, acrescentando que um CDB que pague 115% do CDI já supera o ganho de uma LCI com taxa de 97% ou 98% do CDI.

Carvalho, da Guide, diz que alguns bancos pagam taxas diferenciadas para CDB de 2 anos, chegando a 120% do CDI. Na média, porém, a remuneração fica entre 110% e 115% do CDI, dependendo do valor aplicado e da qualidade do banco emissor.

A aplicação mínima em CDB vai de R$ 10 mil, caso de papéis emitidos pelo Banco Indusval, controlador da Guide, até R$ 200 mil.

Sem liquidez diária

As condições do mercado acabaram também com a oferta de liquidez diária para as LCI e LCA, explica Carvalho. “Até o fim do ano ainda havia alguma coisa de LCA com liquidez diária e LCI após 60 dias”, explica.

A mudança ocorreu porque a oferta de crédito diminuiu. “Antes os bancos tinham empréstimos vencendo todos os dias, dava para ir gerenciando as várias janelas de lastro, mas agora, como não tem tanto crédito, eles têm de casar com a operação de empréstimo e o prazo”, explica.

Outra opção para investidores de mais longo prazo são as debêntures de infraestrutura, que também são isentas de impostos, mas exigem uma análise de crédito mais cautelosa, pois não são garantidas pelo FGC pois não são emitidas pelos bancos, mas sim pelas próprias empresas.

Segundo Carvalho, há alguns papéis de concessionárias de logística, de rodovias e ferrovias que chegam a pagar IPCA mais 0,5 ponto percentual acima da taxa do papel do governo, a NTN-B. Isso equivale a um ganho real de 6,5% a 7% ao ano mais inflação. O prazo, porém, gira em torno de 7 a 8 anos.

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E quem encontrar os títulos isentos de imposto que viraram coqueluche no mercado nos últimos dois anos terá de se contentar com juros e prazos menores e menor liquidez.

Mesmo assim, os papéis continuam como melhor opção na renda fixa para o curto e médio prazos, com rendimento superior ao da poupança, dos fundos de renda fixa ou mesmo dos papéis do Tesouro Direto.

Ao mesmo tempo, aumenta a oferta de CDB mais longos, que pagam imposto de renda, mas oferecem ganhos maiores para compensar.

Com a queda na atividade econômica, o apetite das empresas imobiliárias e do agronegócio para tomar empréstimos é menor, o que limita o lastro que os bancos usam para emitir esses papéis. Ao mesmo tempo, a incerteza e o custo mais alto reduzem os prazos das operações e, por tabela, das LCI e LCA.

E, com menor necessidade de emprestar e procura ainda grande, as taxas pagas aos investidores recuam, oscilando entre 93% e 98% do CDI líquidos, dependendo do prazo e do valor aplicado, sem liquidez diária.

Antes, podiam chegar a 100% do CDI. Essas taxas equivalem a retornos acima de 110% do CDI em aplicações com imposto para prazos acima de 2 anos.

“É um reflexo do que se vê na economia, há uma redução significativa no crédito pelo medo do mercado”, diz Claudia Martinez, diretora do Banco Máxima.

“Os indicadores mostram a economia caminhando para uma recessão, e as empresas estão sofrendo, o que faz os bancos ficarem mais restritivos em relação ao crédito”, afirma a executiva. Mesmo empresas boas enfrentam hoje problemas de liquidez, agravadas pelos escândalos da Petrobras e de empreiteiras.

“O próprio incorporador está reduzindo os lançamentos e os investimentos e por isso não precisa tanto de crédito, enquanto os bancos reduzem o crédito”, diz. “O cenário não é nada bonito”, explica.

Segundo Alberto Feliz, diretor de tesouraria do Banco Máxima, nos últimos meses, surgiram dificuldades para todos os bancos na parte de originação de LCI e LCA, seja na parte imobiliária, seja na agrícola.

“Os bancos estão reticentes em aumentar crédito para quem já tem risco”, diz. “E estão olhando a cadeia toda, especialmente no caso do setor imobiliário, para ver se há algum problema, principalmente ligado a óleo e gás”, diz. Ao mesmo tempo, houve um aumento grande da procura de investidores pelos papéis isentos.

Em meio a esse cenário, houve ainda o impacto da discussão sobre o fim da isenção das LCI e LCA no fim do ano passado, o que levou muitos bancos a procurarem fazer tudo que podiam antes de alguma mudança, buscando alongar prazos.

Alguns investidores resgataram papéis de curto prazo para aplicar por dois ou três anos, tentando garantir a isenção em LCI. Já a LCA não tem prazos muito longos, pois está atrelada às safras e costuma ir até dois anos.

Procura grande

A procura pelas LCI e LCA segue grande, explica Bruno Carvalho, gerente de renda fixa da corretora Guide Investimentos. “Os investidores estão amadurecendo e veem que faz sentido migrar da caderneta de poupança para outras aplicações mais rentáveis”, diz. Neste ano, porém, há uma queda na oferta de papéis.

“Estamos vendo uma diminuição bastante significativa na disponibilidade de lastro, acredito que é pela desaceleração da economia”, diz.

A saída diante do maior risco foi encurtar prazos. Em geral, está mais difícil encontrar papéis com prazo acima de 180 dias, diz Carvalho. ”Ficamos temporariamente sem papéis para nenhum prazo até, mas nas últimas semanas alguns bancos só oferecem LCI e LCA para curto prazo”, diz. As empresas, por sua vez, procuram também encurtar os prazos dos empréstimos.

Segundo Carvalho, alguns emissores diminuíram um pouco a remuneração das LCI e LCA, aproveitando a demanda muito grande. Com isso, a média para um papel de 180 dias recuou cerca de dois pontos, de 95% do CDI para 93%. “É uma condição de mercado que favorece que diminua taxa”, diz.

A volta dos CDB

Os bancos estão aproveitando a queda nas taxas das LCI e LCA para oferecer aos investidores CDB com prazos mais longos, explica Alberto Felix, do Máxima.

A vantagem é que os CDB não são vinculados a determinados setores. Podem servir tanto para empréstimos para pessoas físicas quanto para empresas de qualquer ramo, o que aumenta as opções do banco.

O problema é que os CDB estão sujeitos a imposto de renda, o que obriga os bancos a pagar mais para o aplicador. “Com um papel isento pagando 95% do CDI, um cliente só vai querer aplicar em um CDB se ele pagar pelo menos 110% do CDI, que depois do imposto vai dar um ganho equivalente”, diz Felix.

Bancos e corretoras mostram também que para aplicações mais longas, acima de um ano e especialmente a partir de dois anos, a desvantagem do CDB diminui pois a tributação é menor, caindo até 15% sobre o rendimento.

“Alguns bancos já pagam até mais em CDB para prazos mais longos do que em LCI e LCA, e a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) é a mesma, R$ 250 mil por cliente” diz Felix. “Só é preciso fazer as contas”, diz ele, acrescentando que um CDB que pague 115% do CDI já supera o ganho de uma LCI com taxa de 97% ou 98% do CDI.

Carvalho, da Guide, diz que alguns bancos pagam taxas diferenciadas para CDB de 2 anos, chegando a 120% do CDI. Na média, porém, a remuneração fica entre 110% e 115% do CDI, dependendo do valor aplicado e da qualidade do banco emissor.

A aplicação mínima em CDB vai de R$ 10 mil, caso de papéis emitidos pelo Banco Indusval, controlador da Guide, até R$ 200 mil.

Sem liquidez diária

As condições do mercado acabaram também com a oferta de liquidez diária para as LCI e LCA, explica Carvalho. “Até o fim do ano ainda havia alguma coisa de LCA com liquidez diária e LCI após 60 dias”, explica.

A mudança ocorreu porque a oferta de crédito diminuiu. “Antes os bancos tinham empréstimos vencendo todos os dias, dava para ir gerenciando as várias janelas de lastro, mas agora, como não tem tanto crédito, eles têm de casar com a operação de empréstimo e o prazo”, explica.

Outra opção para investidores de mais longo prazo são as debêntures de infraestrutura, que também são isentas de impostos, mas exigem uma análise de crédito mais cautelosa, pois não são garantidas pelo FGC pois não são emitidas pelos bancos, mas sim pelas próprias empresas.

Segundo Carvalho, há alguns papéis de concessionárias de logística, de rodovias e ferrovias que chegam a pagar IPCA mais 0,5 ponto percentual acima da taxa do papel do governo, a NTN-B. Isso equivale a um ganho real de 6,5% a 7% ao ano mais inflação. O prazo, porém, gira em torno de 7 a 8 anos.

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