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Juros altos estimulam migração para fundos de renda fixa

Segundo a Anbid, a captação líquida dos fundos de renda fixa e de curto prazo somaram 23,7 bilhões de reais no primeiro bimestre

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Os fundos de renda fixa e de curto prazo são os principais beneficiados pela disposição do Banco Central de promover novas altas dos juros. No primeiro bimestre, as duas classes de investimentos registraram uma captação líquida de 23,7 bilhões de reais, deixando as demais opções da indústria de fundos para trás, segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) (veja a tabela abaixo).

"Os investidores foram pegos de surpresa pela ata do Copom [Comitê de Política Monetária] de dezembro", afirma Charles Ferraz, diretor da área de gestão de recursos do BankBoston. Apesar dos sucessivos aumentos da Selic, o mercado acreditava, no último trimestre de 2004, que o ciclo de ajuste da taxa seria encerrado em dezembro. Os juros, então, permaneceriam estáveis por cerca de três meses, voltando a cair depois desse período (se você é assinante, leia também reportagem de EXAME sobre onde investir seu dinheiro em 2005). Antecipando-se a essa possibilidade, os investidores já haviam começado a migrar da renda fixa para fundos de renda variável desde o terceiro trimestre. Entre agosto e dezembro, a fuga de recursos da renda fixa alcançou 16,22 bilhões de reais. Já os fundos DI e de curto prazo perderam 2,011 bilhões.

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Parte desses recursos foi parar nos fundos multimercados (que distribuem seu risco entre várias opções, como ações e câmbio). Entre agosto e dezembro, a captação líquida dessa opção foi positiva em 7,782 bilhões de reais. O desempenho foi animador, já que a indústria de fundos, como um todo, registrou uma captação líquida negativa (mais saques do que aplicações) de 3,870 bilhões no mesmo período.

Reversão

Segundo Ferraz, aata do Copom de dezembrosurpreendeu o mercado, porque ressaltou a disposição da autoridade monetária de continuar elevando os juros para conter a inflação. A resposta foi rápida e significou uma reversão da tendência de migração da renda fixa para a renda variável.

Por isso, o primeiro bimestre de 2005 terminou com uma captação líquida positiva de 23,7 bilhões de reais entre fundos DI, curto prazo e renda fixa. Ao mesmo tempo, os fundos multimercados sofreram a maior baixa, com captação negativa de 14,502 bilhões. "Os investidores respondem rapidamente ao retorno do mês anterior. Quando uma opção está indo bem, todo mundo entra", diz Ferraz.

Outras opções

Com a valorização do real frente ao dólar, os investidores também estão deixando os fundos cambiais. Em fevereiro, a captação líquida ficou negativa em 786,88 milhões de reais. Em janeiro, outros 496,79 milhões já haviam saído dessas carteiras. Para Joaquim Elói Cirne de Toledo, diretor de Gestão de Recursos de Terceiros da Nossa Caixa, é difícil prever uma inversão do fluxo de recursos para os fundos cambiais neste ano.

De acordo com Toledo, só duas possibilidades resgatariam a atratividade dessa opção neste ano. A primeira é uma perspectiva de desvalorização acentuada do real frente ao dólar. A segunda, uma forte queda nos juros, que tornaria menos atraente a renda fixa. "Nenhuma dessas alternativas parece próxima", afirma.

Já os fundos de ações apresentaram captação líquida positiva neste início de ano, mas bem abaixo do que ocorreu em alguns meses de 2004. No primeiro bimestre, 182,18 milhões de reais foram aportados pelos investidores nessas carteiras. Como comparação, somente em dezembro, essa opção atraiu 581,77 milhões de reais.

No geral, a indústria de fundos fechou fevereiro com captação líquida positiva de 1,3 bilhão de reais. No ano, a captação acumula saldo positivo de 8,1 bilhões, o que representa um crescimento nominal de 4,07% no acumulado do ano. O patrimônio líquido administrado pelos fundos atingiu 614 bilhões de reais em fevereiro, contra 602,571 bilhões em janeiro. De acordo com a Anbid, os 42 maiores bancos de investimento do país encerraram o mês passado com 8,411 milhões de clientes.

Renda fixa e DI lideram captação líquida neste ano (R$
milhões)
Classe de fundo
Janeiro
Fevereiro
Saldo no ano
Ações
95,08
87,10
182,18
Renda fixa
14 473,47
1 612,93
16 086,4
DI e Curto prazo
5 265,72
2 417,88
7 683,6
Câmbio
-496,79
-786,88
-1 283,67
Multimercados
-12 705,90
-1 798,60
-14 504,5
Previdência
521,52
135,72
657,24
Privatização
-46,09
-51,88
-97,97
Fiex
-314,00
-270,82
-584,82
Fidc
2,25
2,13
4,38
Total
6 795,26
1 349,62
8 143,83
Fonte: Anbid
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