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Ibovespa deve ter recuperação em 2009, diz Ativa

Corretora espera índice em 61 mil pontos ao final de 2009 e indica papéis ligados ao consumo básico e de empresas oligopolistas

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Depois de derreter devido à crise financeira mundial, o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, pode retomar o caminho de alta no próximo ano. Para a corretora Ativa, no cenário mais provável, o Ibovespa fecharia 2009 em 61.000 pontos. Se a previsão se cumprir, significará uma valorização de 59% sobre os 38.284 pontos com que o pregão encerrou esta segunda-feira (8/12). Já no cenário mais pessimista, as ações subiriam até 55.000 pontos - uma alta de 44% sobre esta segunda.

Os modelos de avaliação de ações baseiam-se na projeção de resultados das empresas para períodos de cinco a até dez anos. Por isso, a Ativa afirma que as projeções para o futuro próximo - os próximos meses - não incorporam uma forte contração econômica causada pela crise de liquidez.

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Apesar de toda a volatilidade, a Ativa ainda vê espaço para valorização dos papéis ainda em 2008. No pior cenário, baseado em uma curva de preços semelhante à da crise asiática de 1998, o Ibovespa fecharia 2008 em 48.329 pontos - uma alta de 26% sobre esta segunda. Já se o pregão seguir o traçado de 2002 - quando a incerteza sobre o que seria o governo Lula causou pânico entre os investidores -, a pontuação chegará a 50.640 pontos.

Commodities em baixa

Escaldados pelas lições do início de 2008, quando ninguém previa que o estouro da bolha imobiliária americana se transformaria em uma crise financeira mundial que já contamina a economia real, os analistas adotaram uma postura mais cautelosa para analisar 2009. Por isso, destacam a forte imprevisibilidade no curto prazo. Para a Ativa, a principal pergunta é "quanto tempo durará a crise, e o que fará com que os agentes voltem a ter confiança?"

Diante da imprevisibilidade dos cenários de médio e longo prazo, a corretora optou por se concentrar em uma avaliação dos múltiplos do mercado. Segundo a Ativa, essa é a opção mais adequada para o curto prazo, em especial para o primeiro semestre de 2009. A Ativa projeta uma relação EV/Ebitda para o Ibovespa de 4,3 vezes. Esse indicador é uma divisão do valor de mercado das empresas pela sua geração de caixa. Quanto mais baixo for esse indicador, mais provável é a chance de a empresa ou o Ibovespa estar subavaliado. Segundo a Ativa, o que mais vai pesar sobre essa relação são as empresas produtoras de commodities, que devem sentir o impacto da queda do preço de seus produtos no mercado mundial em 2009. O EV/Ebitda dos fornecedores de commodities será de 5,1 vezes, de acordo com a Ativa. Já as produtoras de não-commodities devem alcançar mais que o dobro - 10,8 vezes.

Carteira defensiva

A Ativa recomenda uma carteira de curto prazo com foco no mercado interno. A corretora destaca setores que possuam uma baixa correlação com o PIB - isto é, aquelas que continuem crescendo, apesar da freada da economia. Além disso, os investidores devem dar preferência a companhias com monopólio natural em seus setores, baixo nível de endividamento e de necessidade de recursos de curto prazo.

Assim, os destaques da Ativa para os próximos meses são:

Bancos: Itaúsa PN

Energia elétrica: AES Tietê PN; e Copel PN

Telecom: Brasil Telecom Participações PN; e Telesp PN

Consumo: Grupo Pão de Açúcar PN;

Alimentos: Perdigão ON.

Análise setorial

A Ativa também analisou o cenário para setores representados no Ibovespa. Confira a previsão para os principais.

Petróleo e gás: para a corretora, o principal dilema da Petrobras será manter os investimentos mesmo com o petróleo mais barato. Como a maturação dos investimentos é de longo prazo, a estatal precisará analisar bem o retorno futuro dos projetos. Além disso, a Petrobras deve protelar a redução do preço dos combustíveis. O que pode contrabalançar a queda das receitas é o aumento da produção física. O múltiplo preço/lucro (P?L) da companhia, para 2009, deve ser de 4,6, abaixo da média mundial de 6,2. Já a margem de Ebitda, de 28%, ficará acima dos 19% das concorrentes internacionais.

Siderurgia e metalurgia: a produção mundial de aço deve encolher 1,7% em 2009, com queda concentrada no primeiro semestre. O mercado interno, porém, ainda pode compensar as perdas das siderúrgicas brasileiras com a freada internacional. A Ativa projeta um aumento de 5,4% para as vendas internas. O ritmo de queda do preço dos metais está seguindo o mesmo padrão das crises anteriores. Para 2009, a Ativa afirma que é possível um corte de até 10% para os preços no mercado interno. O P/L médio do setor deve ficar em 4,2, idêntico ao das siderúrgicas estrangeiras. Para a Usiminas PN, o P/L projetado é de 4,2; CSN ON, 4,3; Metalúrgica Gerdau PN, 3,8.

Mineração: a queda da produção mundial de aço deve reduzir inevitavelmente a demanda por minério de ferro. Há dúvidas, porém, sobre a intensidade da queda dos preços. Historicamente, os preços têm caído menos que o volume de produção, mas a Ativa não descarta uma redução maior dos valores. As ações preferenciais da Vale (VALE5) devem apresentar P/L de 3,8; já as ordinárias da MMX (MMXM3) alcançariam P/L de 2,1. Na média mundial, as mineradoras ficariam com P/L de 4,8 em 2009.

Bancos: a Ativa avalia que as instituições brasileiras continuam sólidas, mas devem apresentar um crescimento mais modesto em 2009. A expansão da carteira de crédito deve ser de 15% a 20%, no cenário mais provável, e de 10% a 15% no mais pessimista. A inadimplência deve apresentar uma ligeira alta. Os papéis mais recomendados pela corretora são as da Itaúsa, holding que controla o grupo Itaú. Para a corretora, são ações atraentes porque permitem comprar, indiretamente, papéis do Banco Itaú com um desconto de 19,5%.

Alimentos: No setor de aves, todas as empresas devem se beneficiar com a queda dos custos, decorrente do menor preço dos grãos. Mas a principal aposta da Ativa é a Perdigão, que pode ganhar mercado tanto no Brasil, quanto no exterior, devido à sua situação mais confortável de caixa. Ao contrário da Sadia, a empresa não registrou grandes perdas com derivativos de câmbio. No mercado de carne bovina, os frigoríficos podem se beneficiar da queda da demanda, que reduziria a pressão sobre os custos porque a oferta de gado para abate cresceu menos que o consumo nos últimos anos. Os destaques da Ativa são o JBS Friboi, que se beneficiaria de uma estrutura operacional mais flexível; e o Marfrig, que está diversificando suas atividades.

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