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Qual o valor mínimo ideal para investir?

Costuma aplicar o dinheiro aos poucos? Cuidado: é necessário estar atento a taxas para não afetar a rentabilidade da aplicação financeira

Porquinho e lousa: é necessário pesquisar e comparar taxas para escapar de armadilhas (AndreyPopov/Thinkstock)

Marília Almeida

Publicado em 6 de julho de 2018 às 05h00.

Última atualização em 6 de julho de 2018 às 10h54.

São Paulo - Hoje em dia não é necessário muito dinheiro para ter acesso a aplicações financeiras . Para investir em títulos do Tesouro Direto, por exemplo, basta ter 30 reais no bolso. Já alguns fundos de investimento podem ser acessados por 100 reais. Então, aplicar apenas um tantinho de dinheiro por mês é suficiente para obter um bom rendimento?

Nem sempre. Planejadores financeiros recomendam cautela ao investidor antes de tomar a decisão de colocar pouco dinheiro em uma aplicação financeira, confiante de que irá obter um rendimento maior do que o da poupança. É necessário, primeiro, verificar se todas as taxas que incidem sobre a operação não irão afetar a rentabilidade do investimento.

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Além de avaliar se a taxa de administração, cobrada em fundos, e a de custódia, cobrada em aplicações na bolsa de valores, por exemplo, são adequadas, há ainda uma taxa que pode passar despercebida: a de transferência (TED) do dinheiro entre instituições financeiras, diz Annalisa Blando Dal Zotto, planejadora financeira pessoal da consultoria Par Mais.

Por exemplo, o investidor que recebe o salário em um banco, mas investe o dinheiro em outra instituição financeira, seja outro banco, uma corretora independente ou banco digital (porque cobram menos tarifas ou oferecem aplicações mais rentáveis), pode ter de pagar entre 7 reais a 10 reais pela transferência do dinheiro. Caso resolva aplicar 100 reais, o custo equivale a 7% do valor. "O investidor não vai obter essa rentabilidade em um título público em um ano", compara Annalisa.

Por exemplo, quem paga uma TED de 7 reais ao investir 100 reais no título Tesouro Selic, cujo rendimento é atrelado à taxa básica de juros (atualmente em 6,5%), vai pagar, na operação, 107 reais mais a taxa de custódia (0,3% ao ano). Ao final de um ano, o investidor terá cerca de 106,50 reais. Ou seja, a rentabilidade será nula, explica a planejadora financeira.

Caso o investimento seja de 500 reais, ainda que o investidor pague 507 reais na operação mais a taxa de custódia de 0,3% ao ano, terá, ao final do período, cerca de 532,50 reais. Ou seja, uma rentabilidade de 5%, subtraindo os custos.

O investimento em títulos públicos pode ser ainda mais desastroso se, além de não perceber a incidência dessa taxa de transferência, o investidor optar por uma instituição financeira que cobre taxa de corretagem ao investir. "A maioria das instituições financeiras não cobram. Mas alguns bancos cobram 0,5% ao ano nessas aplicações", diz Annalisa.

Naturalmente, há formas de escapar da cobrança de uma TED. Uma é escolher um pacote de tarifas adequado, que isente o valor da transferência mensal. Outra é portar o salário para a mesma instituição financeira na qual o dinheiro está aplicado.

Caso nenhuma das opções seja possível, então o melhor é deixar o dinheiro na conta corrente até juntar um valor maior? "Nem pensar", diz Daniela Gelamo, planejadora financeira pessoal da Academia dePlanejamentoFinanceiro GFAI. Uma boa opção, aponta, é deixar o dinheiro na poupança até que seja possível aplicar um valor maior, que compense as tarifas cobradas. "A caderneta é isenta de Imposto de Renda, e é possível retirar o dinheiro a qualquer momento. No cenário atual, com a taxa Selic mais baixa, ela fica mais atrativa em comparação a outros investimentos conservadores".

A estratégia, contudo, não vale para os indisciplinados. "É mais fácil sacar dinheiro da poupança do que títulos públicos. Para quem não tem controle, melhor pagar algumas taxas a mais do que correr o risco de tirar todo o dinheiro da conta e acabar não investindo", diz Daniela.

Renda variável exige mais recursos

Caso o foco do investidor seja aplicar diretamente em ações da bolsa, a cautela deve ser redobrada. Isso porque o investimento mínimo aconselhado é maior para que a aplicação compense.

Mas, neste caso, a questão não são as taxas incidentes na operação, mas, sim, a distorção de preços existente no mercado fracionário, no qual é possível comprar ações de menor valor, diz José Faria Junior, planejador financeiro certificado pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). "A distorção é causada por conta da falta de liquidez desse mercado. Geralmente, se negocia lotes de 100 ações na bolsa. E, para ter uma boa diversificação de risco, recomendo a compra de, pelo menos, sete ações. Ou seja, o ideal é ter, pelo menos, 10 mil reais para investir em ações na bolsa".

Ainda assim, é necessário escolher bem os papéis nos quais o dinheiro será aplicado. Por conta disso, Faria recomenda que os iniciantes invistam em fundos de ações, cujos gestores monitoram de perto as oscilações do mercado. "Há bons produtos que exigem investimento mínimo de 1 mil reais e têm mais de 60 papéis na carteira".

Mesmo optando por fundos, é preciso escapar de algumas armadilhas. Os fundos de índices comercializados como ações na bolsa, os chamados ETFs, são acessíveis e podem exigir um investimento mínimo de 500 reais. Porém, têm uma taxa de custódia equivalente a 10 reais por mês, diz Faria. "São 120 reais por ano. Em fundos de ações tradicionais, é comum que essa taxa seja equivalente a 20 reais por ano". Ou seja, para compensar a taxa, mais alta, Faria recomenda investir, no mínimo, 7 mil reais em ETFs.

 

 

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