Gestora de filho do Lemann usará robôs para sugerir fundos de investimento
O plano é oferecer versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros ricos e automatizar as sugestões de investimento
Júlia Lewgoy
Publicado em 7 de janeiro de 2019 às 11h00.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 16h52.
Um grupo de veteranos da indústria financeira do Brasil se uniu para criar uma gestora de ativos que usará algoritmos para sugerir investimentos aos clientes de varejo com o mínimo de contato humano possível.
A Vitreo Gestão de Recursos foi inaugurada em 2018, com sócios como Alexandre Aoude, ex-chefe do Deutsche Bank no Brasil; Paulo Lemann, filho do bilionário Jorge Paulo Lemann; e Patrick O’Grady, ex-sócio da XP Investimentos que administrará o novo negócio. O primeiro produto será um fundo de fundos de previdência e a meta é ter até US$ 1 bilhão sob gestão na modalidade em dois anos.
O plano é oferecer versões mais baratas de produtos antes disponíveis apenas para brasileiros ricos. Eles também automatizarão as sugestões de investimento para os clientes com base em seu perfil, cada um com uma interface única - semelhante ao que a Amazon.com faz para o varejo e a Netflix para o entretenimento.
"A Vitreo será uma gestora digital que vai levar às pessoas produtos mais rentáveis que os grandes bancos não têm interesse em vender para elas", disse O’Grady.
A empresa tem 23 funcionários e planeja lançar outro fundo de fundos no início de 2019. O’Grady trouxe como sócio e diretor de investimentos da Vitreo George Wachsmann, que era da GPS Investimentos Financeiros & Participações, uma empresa brasileira de gestão de fortunas da Julius Baer Group.
A primeira meta da Vitreo é a indústria de fundos de previdência no Brasil, que cresceu 10,6 por cento nos 12 meses encerrados em novembro do ano passado, totalizando R$ 798 bilhões em ativos, segundo a Anbima, a associação de mercados de capitais do país. Seu primeiro produto, o Vitreo Fof Superprevidência Icatu FIM, compra cotas de fundos de previdência aberta administrados por alguns dos gestores de melhor desempenho do país fora dos grandes bancos, incluindo SPX, Verde e Alaska.
“A maioria dos fundos de previdência no Brasil é cara, está nos grandes bancos e tem quase 90 por cento dos ativos investidos em produtos de renda fixa. Isso não faz nenhum sentido”, disse O’Grady.
Enfrentar os maiores bancos do Brasil pelo dinheiro de seus clientes tem sido uma tática comum entre corretoras e gestores de ativos, como a XP Investimentos, que quer ter R$ 1 trilhão sob custódia até 2020. Taxas de juros na mínima histórica levaram os brasileiros a buscar rendimentos maiores e a classe média a investir em produtos que vão desde os fundos multimercados até debêntures de projetos de infraestrutura.
"Os grandes bancos têm uma dificuldade, um legado, são como elefantes, que demoram demais para se mexer", disse Aoude em uma entrevista.