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Galapagos compra braço da Ativa e acirra disputa por cliente de alta renda

Negócio envolve carteira com 3 mil clientes e R$ 2 bilhões sob gestão em um segmento que tem aumento da competição e mudanças de profissionais entre bancos

Segmento de alta renda alimenta novos negócios pelo lado do atendimento ao cliente (HAKINMHAN/Thinkstock)

Segmento de alta renda alimenta novos negócios pelo lado do atendimento ao cliente (HAKINMHAN/Thinkstock)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 7 de outubro de 2020 às 18h17.

Última atualização em 7 de outubro de 2020 às 18h31.

O mercado financeiro não está aquecido apenas para o investidor na base da pirâmide. Há uma disputa crescente pelos clientes de alta renda entre bancos, corretoras e gestoras. Nesse contexto, a holding de investimentos Galapagos Capital anunciou nesta quarta-feira, 7, a aquisição do controle da Ativa Wealth Management (AWM), o braço voltado para alta renda da tradicional corretora Ativa.

Com o negócio, será criada a Galapagos Wealth Management, que absorverá a equipe da Ativa dedicada à alta renda e sua carteira com cerca de 3.000 clientes e um patrimônio sob gestão superior a R$ 2 bilhões.

Os clientes da Ativa Wealth Management não sofrerão impactos em suas contas e investimentos, uma vez que as estruturas das duas companhias serão mantidas separadas. A Galapagos Wealth Management terá uma plataforma de investimentos aberta e, portanto, vai oferecer acesso a produtos financeiros de outras gestoras de recursos.

A divisão de gestão de patrimônio da Ativa foi criada em 2012 e é comandada pelos experientes gestores Arnaldo Curvello e Luís Barone. "O objetivo é triplicar o total de ativos sob gestão nos próximos três anos", afirmou Marco Bologna, sócio da Galapagos.

É um mercado com patrimônio líquido sob gestão de aproximadamente 1,3 trilhão de reais (incluindo o segmento private), segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima.

"Há uma concentração de gestão dessa liquidez acima de 1 trilhão de reais, 90% está concentrada no sistema bancário, apesar de todo esse movimento das plataformas independentes", diz Bologna.

Segundo ele, há um incentivo para a atuação do gestor independente, seja da parte do mercado, do regulador e do próprio investidor, que busca aconselhamento para o que descreve como cenário mais complexo para obter rentabilidade.

É um segmento amplo, em que clientes possuem em torno de 1 milhão de reais, mas que pode superar a casa de 10 milhões. No caso da Ativa Wealth Management, o valor médio aplicado é de 700 mil reais, mas a partir de 200 mil reais é possível contratar o serviço de carteira administrada.

"São negócios complementares. A Galapagos entra como uma empresa que faz a estruturação de produtos e que oferece, por exemplo, acesso ao mercado internacional, algo que até então a AWM não tinha. E vai trazer também um conhecimento em tecnologia importante. E nós entramos como gestores e distribuidores dos produtos", afirma Arnaldo Curvello, sócio-diretor da Ativa Wealth Management.

Ele e Luís Barone, outro sócio-fundador, passam a ter participação na Galápagos.

Transformação da alta renda

Nos últimos meses e anos, os principais players desse segmento, como BTG Pactual, XP Investimentos, Credit Suisse e Bradesco, entre outros, passaram a travar uma competição por profissionais e equipes para levar junto a carteira de clientes, incluindo escritórios de agentes autônomos.

Fundos abertos continuarão a ser distribuídos pela AWM, além daqueles da própria Galápagos, que são todos destinados a investidores qualificados, com ao menos 1 milhão de reais de patrimônio.

“A qualidade da prestação de serviços financeiros a clientes de alta renda vai avançar muito no Brasil, e a Galápagos quer ser protagonista dessa transformação”, disse Carlos Fonseca, sócio-fundador da Galapagos Capital.

Fonseca montou a Galapagos faz um ano, depois de breve passagem pelo C6 Bank, banco digital do qual foi cofundador e em que participou do planejamento inicial ao lado de Marcelo Kalim, Leandro Torres e Luiz Marcelo Calicchio, o Teco, ex-sócios, como ele, do BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a Exame). Fonseca liderava a área de private equity no BTG.

 

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