Família Constantino descarta fechar capital da Gol e ações caem
Papéis da companhia aérea recuam mais de 5% na Bovespa com a notícia
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A família Constantino, controladora da Gol, descartou oficialmente nesta quinta-feira (3/1) que pretenda fechar o capital da empresa. Por meio de um comunicado à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Fundo Asas, que representa os interesses da família, informou que "neste momento, o acionista controlador não tem planos para realizar uma oferta pública de cancelamento de registro de companhia aberta da Gol".
Segundo o documento, o Fundo Asas comprou ações da empresa que estavam em circulação no mercado, e não descarta novas operações com os papéis, desde que "não seja uma oferta pública de cancelamento de registro, que o acionista controlador neste momento não está considerando."
A possibilidade de a Gol ter seu capital fechado foi levantada pela própria família, em setembro do ano passado. Naquele mês, o Fundo Asas divulgou um comunicado no qual informava que estava analisando algumas opções relacionadas à sua participação acionária na aérea. Entre as alternativas, também constava o cancelamento do registro de empresa aberta da Gol, por meio de uma oferta pública de recompra dos papéis em poder do mercado.
À época, a notícia teve forte impacto sobre a cotação das ações da Gol na Bovespa. Em 19 de setembro, quando o comunicado veio a público, suas ações preferenciais (GOLL4) fecharam em alta de 10,67%, ante um incremento de apenas 1,05% do Ibovespa, principal indicador do pregão paulista. Na retaguarda dessa valorização, estavam as expectativas dos investidores de poderem lucrar com o prêmio que seria eventualmente oferecido pelos Constantino para recomprar os papéis.
Agora, com a notícia de que a deslistagem da empresa foi descartada, o processo se inverteu. Nesta quinta-feira, as ações da Gol são negociadas com forte queda. Por volta das 17h04, as preferenciais perdiam 5,18% de seu valor, cotadas a 40,20 reais. No mesmo instante, o Ibovespa recuava 0,01%, em um dia de bastante volatilidade do mercado.
Dúvidas
Em setembro, o Fundo Asas não deu maiores detalhes sobre o porquê da eventual saída da Gol da bolsa. Os analistas atribuíram a medida a três possíveis explicações. A primeira era de que o preço dos papéis havia caído muito, e os controladores estariam descontentes. Nos 12 meses acumulados até setembro, as ações da Gol perderam 45% de seu valor, devido ao impacto do caos aéreo no setor.
Outra razão aventada seria a necessidade de reduzir a transparência da empresa frente aos concorrentes, em um momento difícil para o mercado de aviação civil brasileiro. Sendo uma companhia listada em bolsa, muitas informações que poderiam ser consideradas confidenciais pelos acionistas precisam ser divulgadas, deixando a empresa mais exposta.
Por último, alguns observadores viram na medida uma tentativa de os Constantino aumentarem seu poder sobre a Gol, numa resposta a eventuais pressões de grandes acionistas para que a empresa tomasse decisões contrárias à estratégia traçada pelos seus fundadores.