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Equity crowdfunding conclui 1º negócio e investidores lucram até 128%

Resale é vendida ao BTG e é primeira startup que passou por financiamento coletivo a dar retorno a investidores

Resale: é um site que gerencia e anuncia imóveis retomados de devedores pelos bancos (Murillo Constantino/Divulgação)
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Juliana Elias

Publicado em 31 de julho de 2019 às 09h45.

Última atualização em 6 de agosto de 2019 às 18h11.

São Paulo - A Kria, plataforma de investimentos coletivos em startups – o chamado equity crowdfunding – anunciou nesta semana a conclusão da venda de um dos negócios financiados por meio de seu site, a plataforma de venda de imóveis retomados Resale, para o banco BTG Pactual. O valor do negócio não foi divulgado.

A compra de startups promissoras por grandes bancos ou grandes empresas é um evento cada vez mais comum. Neste caso, entretanto, trata-se de um grande marco: foi a primeira venda no Brasil de um empreendimento que levantou seu capital por meio de financiamento coletivo. Isso significa que é também a primeira vez que pessoas que colocaram seu dinheiro em um projeto de equity crowdfunding vão embolsar lucros. E, para algumas delas, esse lucro chegou a 128% em pouco menos de três anos.

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O equity crowdfunding é uma modalidade ainda nova de investimento – foi regulamentada em 2017 pela Comissão de Valores Imobiliários (CVM). Ele permite que pequenos investidores possam aplicar em startups e se tornar sócios delas. Os investimentos podem partir de valores tão baixos quanto 500 reais ou 1.000 reais, e são feitos por meio das plataformas especializadas, como a Kria, EqSeed e StartMeUp, em que os projetos das startups são anunciados, detalhados e abertos para as colaborações.

O problema é que, além dos altos riscos inerentes aos negócios em estágio inicial, o investimento em equity crowdfunding tem também poucas portas de saída. Quer dizer, quem coloca dinheiro em uma dessas startups só consegue embolsá-lo de volta em situações muito específicas, como a venda do empreendimento para uma empresa maior depois de o negócio crescer. Neste caso, os pequenos “acionistas” que entram via crowdfunding também podem vender sua participação ao novo dono e embolsar a sua parte dos lucros.

É este o grande filão e foi o que aconteceu na venda da Resale para o BTG. “É a mesma lógica de um fundo de venture capital ou do investidor anjo, que investem em várias empresas visando o longo prazo”, diz Adolfo Melito, presidente da Crowdinvest, associação que reúne as plataformas do setor. “Poucas dessas empresas vão dar certo, mas, entre as que dão, os retornos podem ser enormes.”

Até 2018, segundo a CVM, foram 46 rodadas de financiamento coletivos em startups completadas no Brasil, com a participação total de 8.966 investidores, ou oito vezes o número de participantes em 2016 (cerca de 1.100). "É um mercado que cresce rápido, mas ainda é difícil mostrar para as pessoas como funciona, e conforme os primeiros negócios comecem a ser encerrados e a dar certo, com certeza deve aumentar o número de interessados", disse Melito, em referência à venda da Resale.

Lucro de 87% em um ano

A Resale é um site que gerencia e anuncia imóveis retomados de devedores pelos bancos. Foi fundada em 2015 em Piracicaba, no interior de São Paulo, e fez duas rodadas de financiamento coletivo, uma em julho de 2016 e a outra em julho de 2018, ambas pela Kria. No total, levantou cerca de 400 mil reais com elas, aplicados por 29 investidores que, com o aporte coletivo, se tornaram donos de uma fatia de cerca de 15% da empresa.

“Usamos todo o dinheiro para investir na operação, em desenvolvimento de tecnologia e em contratação de equipe”, conta o fundador da Resale, Marcelo Prata. No fim de junho deste ano, foi fechada a venda de 65% da startup para o BTG. Além de fatias de Prata e do sócio, Paulo Nascimento, que hoje estão com os 35% restantes, o banco pagou também o valor proporcional aos outros 29 mini-sócios vindos do crowdfunding para ficar com os 15% da parte deles.

A Resale não informa o aporte total feito pelo BTG, mas, de acordo com Prata e com a Kria, quem investiu na rodada de 2016 recebeu, agora, um valor 128% maior do que pagou, e quem entrou em 2018 embolsou 87% mais. Isso significa que o investidor que colou 5 mil reais na Resale em 2016 levou, com a venda ao BTG, 11.400 reais. Quem deu 5.000 reais na última rodada voltou com 9.350 reais, ou quase o dobro pouco menos de um ano depois.

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