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Dólar turismo chega a R$ 4,50; ainda há espaço para alta?

Com dólar turismo perto de R$ 4,50, vendas em casas de câmbio caem até 40%

O dólar turismo sobe 46,32% sobre os R$ 2,85 de 31 de dezembro (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2015 às 16h29.

São Paulo - A venda de dólar nas casas de câmbio já registra baixas de até 40% desde que a moeda americana superou os R$ 4, no mercado turismo, chegando a até R$ 4,50, dizem fontes do setor.

Ontem e hoje a moeda americana recuou, mas ainda é vendida a R$ 4,17, em alta de 7,75% em relação aos R$ 3,87 do fim de agosto.

No ano, o dólar turismo sobe 46,32% sobre os R$ 2,85 de 31 de dezembro.

Na avaliação do diretor adjunto de câmbio no varejo do Banco Máxima, Ricardo de Sales Coutinho, as vendas deverão se manter baixas até o cenário de câmbio se estabilizar. “Se o preço se mantiver em R$ 4, acho que as pessoas voltam a comprar”, afirma.

Segundo ele, o que mais afeta o comportamento do consumidor é a volatilidade da moeda, “mais que a alta do dólar, a instabilidade preocupa o consumidor”.

Para driblar o baixo fluxo de vendas, o Banco Máxima tem adotado a estratégia de realizar promoções com pacotes específicos.

“Principalmente em algumas praças fora de São Paulo, onde a concorrência é menor, estamos tentando trabalhar com um volume maior e uma margem (de lucro) um pouco menor”, diz Coutinho.

Para o fim do ano, o Banco Máxima projeta o dólar entre R$ 4,20 e R$ 4,30. Para 2016, o cenário segue em aberto.

Correção no curto prazo e gastos no cartão

Para quem não precisa viajar especificamente neste fim de ano, a dica acompanha a tendência vista nas casas de câmbio: é preciso esperar mais um pouco.

O analista da Rico Corretora, Leandro Martins, conta que é exatamente isso que anda ouvindo dos clientes: mudanças de planos por conta do cenário econômico incerto.

“Pode até haver alguma oportunidade de correção dos preços no curto prazo, mas os avanços foram tão fortes que quem tinha dívidas em dólar correu para comprar dólar a R$ 4, temendo altas ainda maiores”, diz.

Já para quem está com compromisso marcado no exterior, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, recomenda que os turistas comprem parte da divisa agora e gastem a outra parte no cartão de crédito.

Apesar de acreditar num dólar a R$ 4,50 até o início do ano que vem, Perfeito afirma que, dessa maneira, será possível atingir uma média do preço no período.

Além disso, o economista da Gradual explica que, do lado positivo, para o país em 2016, a crise política já poderá ter se estabilizado, os Estados Unidos já terão aumentado seus juros e a China deverá ter interrompido sua desaceleração econômica para um ritmo menor de queda.

Como pontos negativos, ele cita uma possível piora do impasse no Planalto e desdobramentos mais complexos na Operação Lava Jato.

Valorização sem fundamento

Na análise do professor do Insper, Alexandre Espírito Santo, o dólar comercial acima dos R$ 4 e o turismo perto dos R$ 4,50 estão muito longe de ter fundamento econômico.

Para ele, a cotação ideal da moeda estaria entre R$ 3,70 e R$ 3,80. “Com o quadro interno complicado, o mercado está simplesmente em pânico, estressado. Em 28 anos de profissão, nunca vi uma situação como essa”, conta.

Mas, mesmo assim, é importante aguardar, “em algum momento o dólar voltará para baixo dos R$ 4. Eu não compro dólar agora de jeito nenhum”, garante. No entanto, para quem não tem como fugir da viagem, a conhecida estratégia de trocar uma parte do dinheiro a cada semana ajudará a sair do estresse.

Questão política

O professor lembra ainda que a grande pergunta para compreender melhor o momento é: se a Dilma (Rousseff) sair do governo o dólar despencaria imediatamente?

Segundo ele, a presidente está muito pressionada, mas precisa tomar uma decisão política assertiva de curto prazo.

“Não dá para viver assim (com o dólar tão forte) por tanto tempo, ninguém consegue levar um país dessa maneira”, critica. “Ela tem que achar uma luz no fim do túnel, nem que a luz seja sua própria renúncia”, completa.

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Ontem e hoje a moeda americana recuou, mas ainda é vendida a R$ 4,17, em alta de 7,75% em relação aos R$ 3,87 do fim de agosto.

No ano, o dólar turismo sobe 46,32% sobre os R$ 2,85 de 31 de dezembro.

Na avaliação do diretor adjunto de câmbio no varejo do Banco Máxima, Ricardo de Sales Coutinho, as vendas deverão se manter baixas até o cenário de câmbio se estabilizar. “Se o preço se mantiver em R$ 4, acho que as pessoas voltam a comprar”, afirma.

Segundo ele, o que mais afeta o comportamento do consumidor é a volatilidade da moeda, “mais que a alta do dólar, a instabilidade preocupa o consumidor”.

Para driblar o baixo fluxo de vendas, o Banco Máxima tem adotado a estratégia de realizar promoções com pacotes específicos.

“Principalmente em algumas praças fora de São Paulo, onde a concorrência é menor, estamos tentando trabalhar com um volume maior e uma margem (de lucro) um pouco menor”, diz Coutinho.

Para o fim do ano, o Banco Máxima projeta o dólar entre R$ 4,20 e R$ 4,30. Para 2016, o cenário segue em aberto.

Correção no curto prazo e gastos no cartão

Para quem não precisa viajar especificamente neste fim de ano, a dica acompanha a tendência vista nas casas de câmbio: é preciso esperar mais um pouco.

O analista da Rico Corretora, Leandro Martins, conta que é exatamente isso que anda ouvindo dos clientes: mudanças de planos por conta do cenário econômico incerto.

“Pode até haver alguma oportunidade de correção dos preços no curto prazo, mas os avanços foram tão fortes que quem tinha dívidas em dólar correu para comprar dólar a R$ 4, temendo altas ainda maiores”, diz.

Já para quem está com compromisso marcado no exterior, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, recomenda que os turistas comprem parte da divisa agora e gastem a outra parte no cartão de crédito.

Apesar de acreditar num dólar a R$ 4,50 até o início do ano que vem, Perfeito afirma que, dessa maneira, será possível atingir uma média do preço no período.

Além disso, o economista da Gradual explica que, do lado positivo, para o país em 2016, a crise política já poderá ter se estabilizado, os Estados Unidos já terão aumentado seus juros e a China deverá ter interrompido sua desaceleração econômica para um ritmo menor de queda.

Como pontos negativos, ele cita uma possível piora do impasse no Planalto e desdobramentos mais complexos na Operação Lava Jato.

Valorização sem fundamento

Na análise do professor do Insper, Alexandre Espírito Santo, o dólar comercial acima dos R$ 4 e o turismo perto dos R$ 4,50 estão muito longe de ter fundamento econômico.

Para ele, a cotação ideal da moeda estaria entre R$ 3,70 e R$ 3,80. “Com o quadro interno complicado, o mercado está simplesmente em pânico, estressado. Em 28 anos de profissão, nunca vi uma situação como essa”, conta.

Mas, mesmo assim, é importante aguardar, “em algum momento o dólar voltará para baixo dos R$ 4. Eu não compro dólar agora de jeito nenhum”, garante. No entanto, para quem não tem como fugir da viagem, a conhecida estratégia de trocar uma parte do dinheiro a cada semana ajudará a sair do estresse.

Questão política

O professor lembra ainda que a grande pergunta para compreender melhor o momento é: se a Dilma (Rousseff) sair do governo o dólar despencaria imediatamente?

Segundo ele, a presidente está muito pressionada, mas precisa tomar uma decisão política assertiva de curto prazo.

“Não dá para viver assim (com o dólar tão forte) por tanto tempo, ninguém consegue levar um país dessa maneira”, critica. “Ela tem que achar uma luz no fim do túnel, nem que a luz seja sua própria renúncia”, completa.

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