Caixa começa a oferecer crédito consignado com garantia do FGTS
Modalidade será disponibilizada para trabalhadores privados em convênios com empresas
Marília Almeida
Publicado em 26 de setembro de 2018 às 19h34.
Última atualização em 26 de setembro de 2018 às 19h45.
São Paulo - A partir desta quarta-feira (26) os brasileiros que trabalham no setor privado com carteira assinada têm uma nova opção de crédito: o empréstimo consignado com uso do FGTS como garantia.
O objetivo da linha é oferecer taxas mais baixas do que o consignado tradicional, que não conta com a garantia de recursos do fundo. O banco vai oferecer taxas a partir de 2,46% ao mês, de acordo com o perfil do empregador e do cliente.
O valor frustra as expectativas, já que, de acordo com último levantamento feito pelo Banco Central, no empréstimo consignado tradicional para funcionários do setor privado o banco cobrou, em média, taxas menores, equivalentes a 2,39% ao mês.
Para garantir que o crédito seja acessível, os juros da nova modalidade não poderão ultrapassar, por lei, 3,5% ao mês. O prazo de pagamento é de até 48 meses.
Os valores emprestados dependerão do quanto os trabalhadores têm depositado na conta vinculada do FGTS. Pelas regras, é possível dar como garantia até 10% do saldo da conta e a totalidade da multa em caso de demissão sem justa causa, valores que podem ser retidos pelo banco no momento em que o trabalhador sair da empresa em que estava quando fez o empréstimo consignado.
Os interessados devem preencher, dentre outros, os seguintes requisitos: o empregador tem de ter convênio de consignado ativo com a Caixa. Já o empregado tem de ter disponível margem consignável para averbação de parcela em folha de pagamento; vínculo empregatício de, no mínimo, 12 meses; receber salário em conta corrente do banco; e ter saldo de FGTS compatível com o valor do empréstimo desejado.
As empresas que desejarem disponibilizar a modalidade a seus empregados já podem procurar a agência Caixa para saber como assinar o Convênio de Consignação. O banco também coloca à disposição o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) em caso de dúvidas, por meio do telefone 0800 726 0101.
Histórico
O uso de FGTS para crédito consignado foi aprovado pelo Conselho Curador do FGTS em 2016, presidido pelo Ministério do Trabalho, e está previsto na Lei 13.313/2016. A partir do final de 2016, a Caixa teve 90 dias para definir taxa de juros e condições de operações. A partir de março de 2017, todos os bancos passaram a poder operar a linha. Mas faltava segurança operacional para oferecê-la.
Em agosto deste ano, a Caixa mudou o seu sistema. Desde então, 10% dos recursos depositados no fundo pertencentes ao trabalhador ficam em uma conta separada, o que incentivou a Caixa e agora deve incentivar os outros bancos a oferecerem a linha.
Além da Caixa, o Santander oferece, há mais de um ano, a modalidade em um projeto piloto com três empresas. O Santander não divulga as taxas cobradas, pois argumenta que elas dependem da negociação caso a caso.
Procurado, o Bradesco afirma, em nota, que pretende oferecer a modalidade de crédito em breve. O Itaú está avaliando as adequações necessárias em seus sistemas para oferecer o produto, pois há exigências adicionais para a comercialização da linha.
O Banco do Brasil avalia as regras e os ajustes operacionais necessários, especialmente, junto à Caixa, operadora do FGTS. Enquanto isso, o banco continua a oferecer o crédito consignado tradicional privado aos clientes em convênios estabelecidos com os empregadores. No período entre 4 e 11 de setembro, a taxa média contratada no banco foi de 2,27% ao mês.