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Conheça o fundo multimercado que ganhou com o pessimismo no Brasil

O A1 FIM estreou em plena pandemia saltou para as fileiras dos melhores desempenhos do mercado no curto prazo

Estratégia: o fundo montou operações pessimistas em renda fixa brasileira, apostando na piora do quadro fiscal. (Nelson Almeida/AFP)

Karla Mamona

Publicado em 13 de novembro de 2020 às 09h25.

(Bloomberg) -- Um fundo multimercado que estreou em plena pandemia saltou para as fileiras dos melhores desempenhos do mercado no curto prazo, ao antecipar o pessimismo de investidores com ativos brasileiros conforme a economia desabava e eleição americana ganhava tração.

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O A1 FIM, fundo administrado pela Asset 1 Investimentos, apresentou rentabilidade de 4,4% nos três meses até outubro, o que o colocou em terceiro lugar entre 180 pares, segundo dados compilados pela Bloomberg. No mesmo período, o Ibovespa, índice de ações de referência do Brasil, caiu 8,7%.

O fundo reduziu os riscos antes das eleições nos EUA e gradualmente aumentou sua exposição conforme a votação se aproximava, de acordo com Marcello Siniscalchi, diretor de investimentos da Asset 1. Também montou operações pessimistas em renda fixa brasileira, apostando na piora do quadro fiscal. A estratégia deu certo, com as preocupações sobre o controle de gastos do governo pesando sobre os ativos locais.

O Brasil “não entendeu totalmente a gravidade do problema fiscal”, disse Siniscalchi em entrevista. O fundo, focado em América Latina, passou a preferir ações e papéis indexados à inflação no Brasil em vez de moeda ou juros, disse ele.

O desempenho do Asset 1 contrasta com o da Genoa Capital Gestora de Recursos, também criada por executivos que trabalharam com Siniscalchi na gestora de recursos de terceiros do Itaú Unibanco. O A1 FIM obteve retorno de 18% desde que começou a ser negociado em abril, em comparação com o 0,1% negativo para a Genoa Capital Radar Master FIM desde seu início, no fim de junho. Por outro lado, o A1 FIM atraiu menos dinheiro do que a competidora, chegando a R$ 1,3 bilhão em ativos, em comparação com os R$ 6,9 bilhões do fundo da Genoa, que foi fechado para novos investidores.

A Asset 1 foi fundada por Siniscalchi e Marcelo Fatio, a dupla que chefiava a Itaú Asset Management -- com R$ 741 bilhões sob gestão-- até sua saída no ano passado. Enquanto estava no Itaú, Siniscalchi ajudou a criar um dos fundos multimercado de melhor desempenho no Brasil, o Itaú Hedge Plus FIM, que obteve retorno de 21% anualizado nos últimos 5 anos. André Raduan, Mariano Steinert e Emerson Codogno, traders veteranos daquele fundo, são o trio por trás da Genoa.

O sucessor de Siniscalchi na Itaú Asset Management, Rubens Henriques, também saiu no início deste ano para criar sua própria gestora em parceria com o Banco BTG Pactual. O lançamento de seu primeiro fundo em meio à pandemia apresentou desafios para a Asset 1. “Eu não acreditava em home office, então resolvemos fazer o teste do trabalho de casa apenas com o nosso próprio dinheiro”, disse Siniscalchi.

Toda a infraestrutura e a tecnologia funcionaram bem, de acordo com Fatio, diretor operacional da Asset 1. Dois meses depois, a empresa abriu o fundo para investidores externos.“Mas estávamos sentindo falta de estarmos todos aqui trabalhando”, disse Fatio, acrescentando que a equipe de 20 pessoas está de volta ao escritório desde agosto.

Siniscalchi ainda prefere assim, uma vez que na sua opinião “trabalhar em casa pode trazer alguns desafios de compliance”, embora todas as compras e vendas do fundo sejam gravadas.

A gestora tem oito sócios principais, incluindo Carlos Viana de Carvalho, ex-diretor do Banco Central e ex-economista sênior do Federal Reserve Bank de Nova York. Bruno Carvalho, Gabriel Blum, Francisco Kops e Pedro Abinader também estão na lista de sócios.

A Asset 1 tem um time de sete analistas. Siniscalchi e Fatio fazem parte de um contingente crescente de executivos veteranos de bancos brasileiros que deixaram seus cargos para fundar novas gestoras de recursos de terceiros, na esperança de capturar parte da quantidade recorde de dinheiro que entrou no setor neste ano. Os fundos multimercado locais registraram R$ 89,4 bilhões em ingressos líquidos até outubro, de acordo com a Anbima, a associação de mercados de capitais do Brasil.

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