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Brasilianista Albert Fishlow defende redução dos juros

Em entrevista ao Portal EXAME, o professor da Universidade Columbia diz que o agravamento da crise fará BC cortar os juros na próxima quarta-feira

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A crise tomou uma proporção maior que a imaginada e já justifica a queda da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central na próxima quarta-feira. Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Portal EXAME - O que deve acontecer na próxima reunião do Copom?

Albert Fishlow - Ao contrário do que se previa no início da crise, a recessão vai ser pior do que todo mundo imaginava. E como conseqüência disso, imagino que o Copom, apesar da inflação acima da meta, vai começar a reduzir a taxa de juros, como os outros bancos centrais do mundo inteiro já estão fazendo.

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Portal EXAME - E por que o Copom faria isso? Ele estaria apenas seguindo parâmetros técnicos ou uma queda da Selic significa que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e os membros do Copom estão cedendo às pressões políticas do restante do governo?

Fishlow - Eu acho que não seria uma resposta às pressões políticas. No passado, já houve reclamações contra as decisões de aumentos da Selic. E o Copom tomou a decisão (de subir os juros), apesar disso. A reunião do Copom deve considerar que a recessão tem uma intensidade maior do que a esperada, e como conseqüência, o Brasil tem perspectivas de crescimento que estão piorando para o ano que vem. O Copom terá que tomar a decisão e relaxar um pouco os limites, dando um sinal ao setor doméstico de que chegou a hora de estimular um pouco a atividade econômica, que tem desacelerado no país.

Portal EXAME - De que maneira esse novo cenário - de forte desvalorização do real, associada a sinais de deflação nos países desenvolvidos - vai influenciar a política monetária brasileira em 2009?

Fishlow - Não vejo grande dificuldade para o Brasil, uma vez que o país tem uma taxa de juros muito alta, de fato bem mais alta do que em outros países. O Brasil pode cortar a Selic sem exibir taxas negativas de juros, como acontece agora nos Estados Unidos. Com a redução da taxa de crescimento e a redução dos preços das matérias-primas exportadas pelo Brasil, haverá menos estímulo do setor externo no ano que vem. E como conseqüência, há uma necessidade de sinalizar aos empresários domésticos que chegou a hora de expandir um pouco a atividade.

Portal EXAME - Em sua opinião, qual seria a margem razoável para o corte da Selic ao longo de 2009?

Fishlow - É difícil dizer agora, porque tudo vai depender da reação doméstica da economia brasileira. Existem estimativas diversas de que a taxa de crescimento brasileira será de 2% no ano que vem. E existem estimativas apontando um crescimento perto de zero. Então, a queda dos juros vai depender dos resultados do último trimestre de 2008 e do primeiro trimestre de 2009, para que se entenda melhor como a economia brasileira está reagindo em comparação com as economias desenvolvidas.

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