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Brasil é o 74º em ranking global de educação financeira

Teste avaliou o nível de educação financeira de 144 países; com taxa de acerto de 35%, o Brasil ficou atrás de alguns dos países mais pobres do mundo

Educação financeira: No Brasil, apenas 35% dos entrevistados podem ser considerados educados financeiramente (Melpomenem/Thinkstock)
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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2015 às 16h20.

São Paulo - Um novo ranking global, que mede o nível de educação financeira de 144 países, revelou que o Brasil está na 74ª posição, atrás de alguns dos países mais pobres do mundo como Madagascar, Togo e Zimbábue.

A pesquisa S&P Ratings Services Global Financial Literacy Survey (Pesquisa Global de Educação Financeira da divisão de ratings e pesquisas da Standard & Poor’s) foi baseada em entrevistas realizadas em 2014 com mais de 150 mil adultos.

Este é um dos mais extensos estudos já realizados sobre educação financeira no mundo.

A pesquisa investigou se os entrevistados de cada país dominavam quatro conceitos financeiros básicos: aritmética, diversificação de risco, inflação e juros compostos.

Para medir o nível de conhecimento nesses tópicos, foram realizadas cinco perguntas cujas respostas são universais e independem da localidade - são questões que não abordam assuntos relacionados ao contexto socioeconômico de cada país, às taxas de juros cobradas em cada lugar ou aos mercados financeiros locais.

Os respondentes eram considerados educados financeiramente quando conseguiam responder corretamente ao menos três das cinco perguntas, desde que as respostas demonstrassem o domínio do entrevistado em ao menos três dos quatro conceitos financeiros básicos estudados.

No Brasil, apenas 35% dos entrevistados acertaram ao menos três dos quatro tópicos abordados. Faça o teste aqui.

O país com a população mais educada financeiramente é a Noruega, onde 71% dos entrevistados passaram no teste. Em segundo lugar ficou a Dinamarca, com 71%, e em terceiro lugar a Suécia, com 71%.

O Iêmen ficou no último lugar do ranking , com apenas 13% dos entrevistados passando no teste. A Albânia ficou na penúltima posição, com 14%, e o Afeganistão ficou no antepenúltimo lugar, com 14%.

Os Estados Unidos, uma das nações mais ricas do mundo, ficaram no 14º lugar, com uma taxa de sucesso de 57% no teste. Confira os resultados parciais do estudo na tabela a seguir ou acesse o resultado completo da pesquisa neste link.

PaísPosição no rankingParcela da população que acertou 3 dos 4 conceitos
Noruega71%
Dinamarca71%
Suécia71%
Israel68%
Canadá68%
Reino Unido67%
Holanda66%
Alemanha66%
Austrália64%
Finlândia10º63%
Nova Zelândia11º61%
Cingapura12º59%
República Tcheca13º58%
Estados Unidos14º57%
Suíça15º57%
Brasil74º35%
Angola140º15%
Somália141º15%
Afeganistão142º14%
Albânia143º14%
Iêmen144º13%
Média global-33%

Fonte: S&P Ratings Services

Os dados da pesquisa, promovida pela S&P Rating Services, foram coletados pela empresa americana de pesquisa de opinião Gallup, a partir da metodologia da Gallup World Poll (Pesquisa Mundial da Gallup),  que é capaz de apresentar dados representativos de 95% da população mundial.

Os resultados foram analisados posteriormente por pesquisadores do Banco Mundial e do Centro de Excelência em Educação Financeira Mundial da George Washington University.

Conclusões

De acordo com os resultados do estudo, apenas uma parcela de 33% da população mundial domina três dos quatro conceitos abordados na pesquisa e pode ser considerada educada financeiramente. Isso significa que duas a cada três pessoas, ou 3,4 bilhões de pessoas, têm baixo nível de educação financeira.

A taxa média de educação financeira nos países latino-americanos e no Caribe é de 31%, um pouco abaixo da média mundial.

Outra constatação é que em todos os países existe uma diferença entre os resultados apresentados pelos homens e pelas mulheres.

No resultado global, 35% dos homens passaram no teste, enquanto entre as mulheres o percentual cai para 30%. No Brasil, a disparidade é ainda maior: 41% dos homens são educados financeiramente, ante 29% das mulheres.

Além das mulheres, pessoas com baixo nível de renda também apresentaram resultados piores que a média global. Nos países que formam os BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), por exemplo, entre a parcela mais rica da população, 31% das pessoas são educadas financeiramente, enquanto entre as pessoas com menor renda, o percentual cai para 23%. O mesmo resultado foi verificado nos países mais ricos do ranking.

De acordo com a pesquisa, adultos que usam serviços financeiros, como contas correntes e cartões de crédito geralmente possuem maior conhecimento financeiro, independentemente de sua renda.

Mesmo entre as pessoas de baixa renda, aquelas que possuem conta bancária tendem a ser mais educadas financeiramente do que as não-bancarizadas. Entre as pessoas com alta renda, aquelas que usam cartões de crédito também apresentam maior conhecimento do que aquelas que não usam.

Essas constatações sugerem, segundo o estudo, que a relação entre o conhecimento financeiro e o uso de serviços bancários pode ser vista de duas maneiras: a maior educação financeira pode levar à ampliação da inclusão da população no sistema financeiro e possuir uma conta bancária ou usar um cartão de crédito pode ampliar o conhecimento financeiro.

A pesquisa também mostrou que o uso do cartão de crédito está se ampliando nos mercados emergentes, mas isso não significa que o conhecimento das pessoas que usam cartões nesses países está aumentando também. No Brasil, por exemplo, 32% dos adultos possuem um cartão de crédito, mas apenas 40% deles são educados financeiramente e só metade entende corretamente o conceito de juros compostos .

A importância da educação financeira

De acordo com o estudo, a educação financeira é uma barreira crítica para a inclusão da população no sistema financeiro e para o acesso a serviços bancários como conta corrente, poupança ou crédito.

Por causa da falta de conhecimento sobre finanças e sobre produtos financeiros, muitas pessoas, especialmente aquelas que possuem baixo nível de renda e as mulheres, são excluídas do sistema bancário.

Essa questão, segundo o estudo, é critica para o bem-estar financeiro da população e para a economia do país de maneira geral, à medida que pessoas capazes de tomar decisões financeiras sobre questões como poupança, moradia, orçamento e carreira, têm mais condições de usar seu potencial em diferentes áreas de sua vida.

Assim, a pesquisa sugere que o maior nível de educação financeira contribui para a inclusão da população no sistema bancário, gerando maiores oportunidades individuais e, consequentemente,  o desenvolvimento do mercado financeiro e da economia do país como um todo.

São Paulo – Valorização de boas práticas na sala de aula, professores motivados, recursos bem alocados e investimento em pesquisa. Enumerar os fatores que contribuem para a melhora da educação é algo aparentemente fácil. Colocá-los em prática pode não ser algo tão simples — ainda mais numa época de recursos escassos. A partir de suas vivências, os palestrantes do EXAME Fórum de Educação, que aconteceu nesta terça-feira (15), em São Paulo, mostraram o que dá para ser feito desde já para resolver um dos maiores desafios do país. “Embora haja contigenciamento [de recursos], o privilégio da área da educação é que ela lida com inteligência, que não é algo que pode ser contigenciado, mesmo em tempos adversos”, disse Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação . Para Barbara Bruns, economista-chefe do Banco Mundial na área de educação para América Latina e o Caribe, a questão mais urgente é a criação de políticas públicas que distinguam os bons dos maus professores. “O problema é que todos são tratados da mesma forma, mesmo aqueles com desempenho muito diferenciado. Os bons não recebem incentivo, os ruins não sofrem consequências”, disse Barbara. A multiplicação das chamadas ilhas de excelência, instituições de onde saem talentos como o matemático brasileiro Artur Avila, ganhador da Medalha Fields, foi outro ponto debatido. Responsáveis por três destas ilhas, César Camacho, diretor do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), Fernando Toshinori Sakane, reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Nelson Wolosker, vice-presidente do Hospital Albert Einstein, dividem a mesma opinião: é preciso diminuir a burocracia dentro das universidades e disseminar as práticas que dão certo. Navegue pelas imagens e veja no que todos eles apostam para que o Brasil dê um salto de qualidade na educação.
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