Bradesco prorrogará parcelas por mais 60 dias para pessoas físicas e PME
"Estudamos a possibilidade de juntar todas as dívidas [no banco] e dar de quatro a seis meses de carência", diz o presidente do banco
Natália Flach
Publicado em 30 de abril de 2020 às 11h28.
Última atualização em 30 de abril de 2020 às 11h29.
O Bradesco deve anunciar, na semana que vem, a decisão de prorrogar parcelas de dívida de pessoas físicas e de pequenas e médias empresas (PMEs) por mais 60 dias. Atualmente, o banco já oferece essa possibilidade por dois meses para linhas de crédito pessoal sem garantia, crédito parcelado, parcelamento de cheque especial e microcrédito - no caso de pessoa física - e de capital de giro sem garantia, giro fácil ou empresarial, CDC e microcrédito para PMEs.
Com isso, a nova prorrogação começaria em junho. "Teremos todo o mês de maio para conversar com os clientes e entender a situação financeira atual deles. Não adianta dar prazo de 60 dias para uma pessoa que ficou desempregada, ela precisa reorganizar a vida dela. Por isso, estamos estudando a possibilidade de juntar todas as dívidas dela [no banco] e dar de quatro a seis meses de carência", diz Octavio de Lazari, presidente do Bradesco, em teleconferência com jornalistas, na manhã desta quinta-feira. "A conversa vai ser mais caso a caso agora."
Sobre a linha de crédito para folha de pagamento, Lazari afirma que a demanda ficou abaixo das expectativas. O Bradesco pré-aprovou a linha para 54.000 companhias que têm faturamento anual de 360 mil reais a 10 milhões de reais com as quais já possuem relacionamento. Mas deste total somente 8.000 requisitaram o crédito.
"Fizemos um estudo para entender o porquê disso e 42% disseram que não querem se endividar neste momento, mesmo que não tenha cobrança de spread, porque uma hora vão ter de pagar a dívida e a empresa poderá ficar comprometida caso ainda não tenha receita. Por isso, estão preferindo cortar parte da remuneração e das horas de trabalho dos funcionários ou até demitir", diz.
Nesse sentido, o Bradesco e demais grandes bancos têm conversado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco Central e ministério da Economia para oferecer essa linha de crédito para empresas com faturamento abaixo de 360 mil reais por ano e para companhias com receita acima de 10 milhões de reais. "Se mesmo assim, esses recursos não forem usados, aí podemos pensar em repassar para outra linha do fundo garantidor do BNDES, por exemplo", afirma.
Já no caso de novos empréstimos, Lazari diz que é "natural que haja aumento de spreads e de taxa de juros" e que os valores serão regulados pelo mercado. Ele acrescenta que há apetite do banco em emprestar, mas que o ritmo de crescimento da carteira de crédito deve diminuir daqui para frente.