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Bradesco

Inadimplência com covid-19 leva Bradesco à pior rentabilidade em 20 anos

“Pico da crise do coronavírus será pior do que as de 2008 e 2016”, alerta presidente Octavio de Lazari

AGÊNCIA DO BRADESCO: a meta é fechar 300 unidades físicas de atendimento até o fim de 2020 (Paulo Fridman/Bloomberg)
AGÊNCIA DO BRADESCO: a meta é fechar 300 unidades físicas de atendimento até o fim de 2020 (Paulo Fridman/Bloomberg)
GV

Graziella Valenti

30 de abril de 2020 às 14:48

O balanço do primeiro trimestre do Bradesco  serviu de termômetro do impacto que o coronavírus pode ter sobre o setor financeiro e, portanto, sobre a economia. O banco teve a pior rentabilidade de seus últimos 20 anos, segundo série histórica da Bloomberg.

O motivo? A expectativa de perdas com inadimplência.

A despesa com a chamada provisão para devedores duvidosos (PDD) alcançou 6,7 bilhões de reais no primeiro trimestre. O salto foi de 68,5% na comparação com o número do quarto trimestre, ou um adicional de 2,7 bilhões de reais. O percentual do que o banco espera perder no trimestre em relação a todos os créditos concedidos subiu de 2,6% para 4,1%.

O incremento na inadimplência esperada é a principal explicação para o lucro da instituição ter caído cerca de 40% tanto na comparação anual quanto em relação ao trimestre anterior, para 3,75 bilhões de reais no intervalo de janeiro a março.

Com isso, o retorno sobre patrimônio, denominado pela sigla em inglês ROAE e um dos indicadores mais usados quando o assunto é banco, teve forte queda: de 21,2% para 11,7%. De forma simplista, indica quanto do capital empregado pelo banco se transformou mesmo em lucro.

Quem achou ruim, precisa saber que pode piorar. O Bradesco já sabe e já avisou. Isso tudo foi o que deu para perceber com os primeiros 15 dias da crise no Brasil, pois o balanço do primeiro trimestre inclui apenas duas semanas de aumento das preocupações com a pandemia.

O presidente da instituição, Octavio de Lazari, acredita que o pico da crise do coronavírus será pior do que foram as de 2008 e de 2016. “Essa crise não afeta setores específicos, mas a todos.”

O comportamento do crédito e da tal da PDD reinaram como temas absolutos da teleconferência que o banco promoveu para falar do balanço, conduzida pelo executivo.

“A nossa experiência com crise aponta que, descontado esse momento inicial de busca de liquidez pelas companhias, a demanda por crédito vai cair e a inadimplência vai aumentar. Essa é só nossa melhor fotografia. Mas é bastante possível que novos ajustes sejam necessários nos próximos trimestres”, afirmou ele. O tamanho deles vai depender basicamente da ciência: se tem remédio e vacina para dar mais confiança à população e conter os estragos na economia.

 

Excluídos os efeitos da variação cambial, a carteira de crédito expandida do Bradesco fechou março em 655 bilhões de reais – um aumento de 17% na comparação anual e de 5% em relação a dezembro. A expansão foi basicamente conduzida pela contratação de crédito por companhias, com avanço de 8% no volume. As pessoas físicas tiveram alta de apenas 2,5%.

O total de crédito em renegociação subiu de 19 bilhões de reais para 19,6 bilhões na comparação entre março e dezembro. E o percentual dos créditos com atraso superior a 90 dias passou de 17,4% para 20,8%.

Todo mundo enxuto

Lazari já deu indicativos de que o foco no digital, na economia de custos e na eficiência também vai se acelerar nos bancos. Nos três primeiros meses do ano, 78 agências foram fechadas. Para se ter uma ideia do quão acelerado foi o movimento, em 12 meses, ou seja, de março de 2019 a março de 2020, foram fechadas 95 agências – portanto, 82% disso aconteceu depois de janeiro. Para o ano, a meta do Bradesco é baixar as portas de 300 unidades físicas de atendimento.

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