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BC quer impor limites para uso do cheque especial, dizem fontes

Bancos chegaram a constituir anteriormente um grupo de trabalho para definir mudanças no cheque especial, mas as discussões não evoluíram

BC: o BC quer definir padrões minimamente consensuais no setor financeiro (Gustavo Gomes/Bloomberg)
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Reuters

Publicado em 28 de junho de 2017 às 21h14.

Última atualização em 28 de junho de 2017 às 21h34.

São Paulo - Após mudanças no rotativo do cartão de crédito, o Banco Central (BC) está discutindo com os bancos a imposição de um prazo máximo para uso do cheque especial, dentro dos esforços para reduzir os juros das linhas mais caras do país, disseram fontes.

"Esse é um dos temas que o BC quer tocar, dentro da agenda para redução dos spreads", disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto, sob condição de anonimato.

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O BC tomou a dianteira da conversa e está decidido a levar adiante a Agenda BC+, lançada em dezembro passado pelo presidente Ilan Goldfajn, e que tem entre os objetivos baratear o custo do crédito no país.

Segundo outra fonte a par do assunto, os bancos chegaram a constituir anteriormente um grupo de trabalho para definir mudanças no cheque especial, mas as discussões não evoluíram.

Em parte porque os bancos querem mais prazo para avaliar os resultados das mudanças no rotativo do cartão de crédito, implementadas mais cedo neste ano, antes de entrarem numa nova agenda.

A discussão sobre o cheque especial acontece quase três meses após a entrada em vigor de regra restringindo a no máximo um mês o uso do rotativo.

Desde abril, após 30 dias no rotativo, os clientes de bancos entram num sistema de parcelamento da dívida.

Reservadamente, os bancos admitem que, embora tenham custos elevados com inadimplência nessas linhas mais caras, o rotativo e o cheque especial são de longe seus produtos mais lucrativos.

"Impor limites ao cheque especial não é uma pauta que os bancos querem, porque é muito rentável", disse outra fonte a par do assunto.

Após a restrição ao rotativo, a taxa anual de juro do cartão, que chegou a mais de 500 por cento ao ano, vem caindo, atingindo 363,3 por cento em maio, informou o BC nesta quarta-feira.

Enquanto isso, a taxa média praticada pelo sistema financeiro para o cheque especial foi de 328,2 por cento ao ano em maio, segundo o BC.

Na discussão para limitar o cheque especial, o BC quer definir padrões minimamente consensuais no setor financeiro.

Diferente do rotativo, baseado unicamente no prazo, no cheque especial BC e os bancos têm discutido criar uma relação entre prazo e percentual do recurso disponibilizado e o tempo de uso, disse a segunda fonte.

Individualmente, os bancos de algum modo já fazem isso, reduzindo valores disponíveis do cheque especial quando os clientes usam uma fatia muito elevada do total ou o fazem por períodos mais longos, de meses, por exemplo.

"A ideia é ter um padrão mínimo a ser seguido por todos", acrescentou essa fonte.

Consultado, o BC afirmou que não comentaria o assunto.

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