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Bancos abaixam juros de crédito imobiliário e iniciam disputa por clientes

Caixa Econômica Federal ainda não revelou se vai reduzir juros e mantém sua taxa mínima em 8,50% desde junho

Prédios em São Paulo: disputa entre os bancos privados no crédito habitacional deve se acirrar ainda mais, já que o segmento é visto como de baixo risco para finanças (Germano Lüders / EXAME/Exame)

Prédios em São Paulo: disputa entre os bancos privados no crédito habitacional deve se acirrar ainda mais, já que o segmento é visto como de baixo risco para finanças (Germano Lüders / EXAME/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de outubro de 2019 às 09h31.

Última atualização em 1 de outubro de 2019 às 09h43.

São Paulo — Na esteira de mais um corte dos juros básicos da economia, anunciado na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), os bancos privados deram início a uma ofensiva no mercado de crédito imobiliário.

Após o Itaú ter anunciado, na sexta feira, uma queda na taxa mínima de 8,30% ao ano mais taxa referencial (TR) para 7,45%, ontem o Bradesco seguiu o movimento: redução de 8,10% para 7,30%, a menor taxa do mercado. Os dois maiores bancos privados disputam a vice-liderança do setor, dominado pela Caixa Econômica Federal, tanto em volume quanto em valor de concessões.

Com a reação das duas instituições, considerando as cinco maiores do mercado, a taxa mínima para linhas de financiamento do segmento abre o mês de outubro com média de 7,91%, queda de 0,33 ponto porcentual. Em julho, o Santander também já havia reduzido a sua taxa de 8,50% para 7,99%.

Questionado, o banco espanhol não descarta novo corte para as próximas semanas, apesar de estar mais centrado, neste momento, em linhas de crédito pessoal. Hoje, anuncia redução de 1,05% para 0,99% em seu produto de empréstimo com garantia de imóvel. Conhecido por home equity, espécie de hipoteca, linha é defendida pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Selic

Diante das rodadas de reduções da Selic — taxa básica da economia, que após novo corte de 0,5 ponto porcentual está no menor patamar da história, 5,50% —, chama a atenção do mercado a ausência da Caixa Econômica Federal no movimento de queda de juros no crédito imobiliário. O banco mantém sua taxa mínima em 8,50% desde junho. Procurada, a Caixa não respondeu os pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.

Para especialistas, a falta de novidades do banco público pode sinalizar uma postura mais conservadora da instituição, que pretende esperar pela estabilização da Selic para, em seguida, repassar os cortes de uma vez para o consumidor. Ou uma estratégia para turbinar sua linha de crédito para a casa própria corrigida pelo IPCA, índice oficial de inflação, lançada no último dia 20 de agosto.

Ao lançar o novo financiamento, o objetivo do banco público é poder reempacotar os recebíveis como títulos de dívida, que serão vendidos no mercado a investidores.

No dia 13 de setembro, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que o banco já havia liberado R$ 200 milhões em crédito imobiliário com correção pelo IPCA. Segundo ele, a instituição já contava com R$ 5 bilhões em financiamentos pré-aprovados e R$ 600 milhões em processo de contratação.

"Acho que a ausência da Caixa no ciclo de redução deve-se, sobretudo, à nova linha de financiamento com IPCA. O banco vai centrar esforços nesse produto", reforça o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Basilio Jafet.

Segundo ele, a disputa entre os bancos privados no crédito habitacional deve se acirrar ainda mais, já que o segmento é visto como de baixo risco e garante o cliente dentro da instituição por um longo período de tempo. "Hoje, o crédito mais barato, que passa a ser o do Bradesco, é 1,8% maior que a Selic. Acho que há espaço para cair um pouco mais, já que 1,8% não representa o custo do crédito."

Rafael Sasso, da Melhor Taxa, startup que compara taxas de crédito imobiliário, também espera por mais reduções na concorrência antes do fim do ano. "Provavelmente vai ter mais queda de taxa rapidamente."

Ranking

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o Itaú figura na primeira posição entre os bancos privados no País em concessão de crédito imobiliário para pessoas físicas em 2019. A carteira total de crédito imobiliário do banco é de mais de R$ 49 bilhões, dos quais R$ 44 bilhões são de financiamentos para pessoas físicas.

Bradesco segue na segunda colocação e o Santander fecha o ranking. Na lista das instituições financeiras em geral, a Caixa lidera, com empréstimos de R$10 bilhões, até agosto, em crédito para compra da casa própria. Foram financiadas 48.654 unidades.

Em agosto, o crédito imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiu R$ 6,71 bilhões, avanço de 18,4% em relação ao mesmo mês do ano passado.

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