As cidades onde comer fora de casa é mais caro
Custo das refeições é mais alto no Rio de Janeiro, onde as pessoas gastam em média 26,57 reais a cada vez que almoçam
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2011 às 18h36.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h36.
São Paulo - Aumento da renda, do emprego, do aluguel e dos alimentos. Colocadas todas as variáveis na mesa, comer fora de casa ficou mais caro para o consumidor brasileiro. Se em 2009 o desembolso médio com os restaurantes batia em 18,20 reais, em 2010 a média do valor gasto com almoços pulou para 21,11 reais, uma elevação de 16%. No mesmo período, a inflação medida pelo IPCA subiu quase um terço deste valor: 5,9%. É o que mostra estudo encomendado pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação (Assert), que pesquisou os preços de refeições com prato principal, bebida, sobremesa e cafezinho em 3.256 estabelecimentos que aceitam ticket refeição no país. “O IBGE já mostrou que cerca de 31,1% dos gastos das famílias com alimentação são destinados a refeições fora do lar”, ressalta Artur Almeida, presidente da Assert. Para ele, a maior participação da mulher no mercado de trabalho aliada à diminuição das famílias e à problemática mobilidade urbana dificultam o preparo do almoço em casa. “São aspectos favoráveis para o crescimento deste mercado que, somados à explosão no preço dos alimentos, ajudam a jogar os custos para cima.” Dentre as 22 cidades pesquisadas, conheça as cinco onde almoçar fora é mais salgado para o consumidor brasileiro.
Embalada pelos investimentos com o pré-sal, Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016, a euforia na construção civil é usada para justificar o descompasso entre a oferta e a demanda no Rio de Janeiro e, consequentemente, a escalada de preços na cidade. Para chegar ao valor médio da refeição, a pesquisa considerou os valores encontrados em self services, restaurantes à la carte e estabelecimentos que servem o famoso prato feito. No Rio, essa conta entregou um preço de 26,57 reais, valor 30,25% mais caro que o registrado em 2009. Como os dados foram colhidos entre os meses de novembro e dezembro do ano passado, o preço das refeições cariocas também foi afetado pela tabela cheia cobrada na alta temporada.
Os motivos que colocam Santos no segundo lugar do ranking se assemelham aos que consagraram o Rio como a cidade mais cara para comer fora. Segundo Artur Almeida, a cidade também recebe um fluxo significativo de visitantes e vê seu mercado aquecido em função de novos investimentos na área de petróleo. Além disso, os restaurantes à la carte cobram uma média de 43,60 reais pelo almoço, patamar que ajuda a puxar o preço médio da refeição para 26,34 reais.
"Em Brasília costumamos justificar os preços altos pela renda per capita, a mais elevada do Brasil", afirma o economista da UnB Roberto Piscitelli. Para almoçar fora de casa, o consumidor gasta uma média de 22,77 reais na capital federal. Com traços urbanos planejados e divididos por longas avenidas, o deslocamento pela cidade exige que o indivíduo percorra grandes distâncias, reforçando a procura por refeições fora de casa. "Há de se considerar que o dinheiro corre um pouco mais solto por aqui", acrescenta Piscitelli. "Brasília é a administração central, tem representações estrangeiras e conta pessoas de todos os cantos que vêm para estabelecer contatos e fazer lobby. Muitas delas têm as refeições custeadas por empresas ou contam com verbas de representação."
Para o presidente da Assert Artur Almeida, não há outro motivo que explique o quarto lugar ocupado por Campinas que não a disparidade entre as refeições mais caras e as mais baratas encontradas na cidade. Enquanto o prato feito é encontrado por uma média de 12,83 reais, os restaurantes que trabalham com cardápio cobram uma média de 35,43 reais pelo almoço completo.
Com incontáveis restaurantes, São Paulo conta, de longe, com o maior leque de opções para quem pretende almoçar fora. Segundo a São Paulo Turismo, são mais de 12.500 estabelecimentos a gosto do freguês. A concorrência ajuda a equilibrar os preços. Não por menos, o preço médio das refeições se aproxima da média apurada no país: 21,72 reais na megalópole, contra 21,11 reais no Brasil.