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Analistas esperam recuperação dos lucros no trimestre

Empresas ligadas ao mercado interno devem ter resultados melhores que os produtores de commodites

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Se o segundo trimestre marcou o início da recuperação dos resultados das empresas, é esperada a intensificação desse movimento entre julho e setembro. A expectativa dos analistas ouvidos pelo Portal EXAME é que haja um forte crescimento das receitas e dos lucros. A recuperação, porém, não acontecerá de forma homogênea. As empresas ligadas ao mercado doméstico devem liderar a retomada. "O mercado interno deve apresentar os melhores resultados", afirma José Góes, analista da corretora Alpes.

Para a corretora Ativa as empresas que devem apresentar os melhores resultados em julho, agosto e setembro são a Totvs (tecnologia), a Marfrig (alimentos), a Lojas Renner e a B2W (varejo), a Tegma (logística), a Açúcar Guarani (sucroalcooleiro), a CCR (concessões rodoviárias) e a Visanet (serviços financeiros). Em comum a todas está o fato de terem a maior parte de suas receitas com origem no Brasil.


 

Com relação ao etanol, as fortes vendas de carros flex devem impulsionar a comercialização do combustível no mercado interno, principalmente para o segundo trimestre de 2010. Já as exportações devem continuar limitada pelas barreiras impostas ao combustível produzido no Brasil.

Papel e celulose
Assim como grande parte dos exportadores, o mercado de papel e celulose é prejudicado pela recente desvalorização do dólar. No entanto, o setor segue reagindo gradativamente à crise principalmente devido ao crescimento da demanda chinesa por celulose.

Por isso, os analistas esperam que a rentabilidade do setor cresça no terceiro trimestre de 2009 e o volume de vendas no segmento de papel também registre um aumento.

Em geral, as corretoras preferem indicar as ações da Suzano Papel e Celulose no setor. A Fibria, a empresa que surgiu da união da VCP com a Aracruz, ainda encontra-se bastante endividada e terá que passar um bom tempo usando o caixa para pagar débitos antes de retomar investimentos – a não ser que venda alguma fábrica.

Bancos
As carteiras de crédito dos bancos devem apresentar maior crescimento no terceiro trimestre, de acordo com o economista e diretor Álvaro Bandeira, da corretora Ágora. "Apesar da crise, as concessões de crédito continuam crescendo a uma boa taxa. Para se ter uma idéia houve um aumento de aproximadamente 13% do ano passado para 2009", afirmou ele.

É consenso entre as corretoras de que os bancos brasileiros estão bem preparados para enfrentar o atual período econômico brasileiro. No entanto, para a corretora Ativa, a inadimplência ainda deve impedir uma recuperação expressiva dos resultados no trimestre.

A corretora ressaltou, ainda, que os bancos privados passarão a atuar de forma mais representativa nos próximos meses. Porém, o Banco do Brasil continuará a se destacar positivamente em função da combinação da forte expansão de sua carteira de crédito aliada a um spread (ganho bruto dos bancos com empréstimos) ainda elevado das operações do banco.

Siderurgia
Mas nem tudo são flores na economia brasileira. Os especialistas acreditam que ainda há riscos para a economia global, principalmente devido ao alto nível de desemprego nas economias desenvolvidas. "A trajetória não parece suave, apesar de apontar para uma melhora na comparação com o trimestre anterior", afirmou a corretora Ativa em relatório.

O setor de commodities é um dos mais afetados pela situação da economia global. Segundo os analistas, as margens operacionais desses setores ainda continuarão apertadas por causa da queda nos preços em dólar e no volume de vendas.

No entanto, o religamento de diversos altos-fornos das siderúrgicas que foram paralisados no auge da crise já é um indício de que o pior já passou, segundo a corretora SLW.(Continua)


"Podemos ver uma pequena recuperação do preço do aço. As siderúrgicas deixaram de conceder alguns descontos que estavam concedendo", disse Rafael Weber, analista de investimentos da Geração Futuro.

O único ponto que deve ser visto com cautela, segundo Weber, é o fato de existirem 650 milhões de toneladas de capacidade ociosa de aço bruto. Essa grande quantidade pode acabar pressionando os preços da matéria-prima. "Temos visto uma aceleração muito rápida no religamento dos fornos, no aumento das ofertas, e isso pode prejudicar a recuperação de preço", disse ele.

Petróleo
Apesar de os analistas da corretora Ativa acreditarem na recuperação no preço médio do petróleo para o terceiro trimestre, a balança comercial da Petrobras não deve registrar o mesmo desempenho nos próximos meses. Isso é motivado pelo aumento da demanda por derivados no mercado doméstico neste trimestre, o que implicará em aumento das importações.

Além disso, o efeito do ganho na realização de estoques formados com preços mais baixos não virá na mesma magnitude observada nos trimestres anteriores.

Portanto, os analistas em geral projetam que o desempenho da Petrobras nos meses de julho, agosto e setembro deve ficar próximo ao apresentado no trimestre anterior.

Mineração
Quanto à Vale, o analista Marcelo Varejão, da Socopa, acredita que as exportações de minério de ferro devem aumentar no terceiro trimestre ante ao segundo, principalmente para o mercado chinês.

O pacote de estímulo de 585 milhões de dólares promovido pelo governo chinês tem consumido grande parte da produção de minério de ferro do Brasil.

"Em nossa visão, a Vale é uma das mineradoras que se encontra com uma das melhores estruturas de capital no setor. A crise deve enfraquecer muitas empresas de mineração e isto será uma grande vantagem para que a companhia lidere o processo de consolidação no setor, que deve acontecer ainda no primeiro semestre de 2010", afirmou a SLW, em relatório.

Bens de capital/construção civil
Em relação aos bens de capital (máquinas e equipamentos), Weber acredita que a recuperação consistente do setor só vai acontecer em 2010, e isso refletirá em maior demanda para a siderurgia.

Segundo ele, assim como os bens de capital, os setores de construção civil e automobilístico também têm espaço para crescer mais no ano que vem. Ambos representam dois terços do total de consumo de aço.

Na avaliação da corretora Ativa, a expansão de crédito imobiliário aliado às medidas do governo de fomento ao setor têm se mostrado eficientes e exploram um nicho de mercado com alto potencial. Para a Ativa, as construtoras MRV e PDG deverão apresentar resultados mais fortes devido a sua consolidada participação no setor de baixa renda.

Aéreas
O único setor do mercado doméstico que destoa das perspectivas otimistas para os próximos meses é o aéreo. Na avaliação da corretora Tov, o cenário do setor ainda está nebuloso para previsões. A forte queda nos preços das passagens recentemente fez com que a corretora revisasse os preços das ações para baixo, tanto para a Gol quanto para a TAM. Por enquanto, a recomendação é neutra para os papéis de ambas as companhias.

O enfraquecimento da demanda com a crise econômica e a alta dos combustíveis ainda têm um impacto negativo nas empresas aéreas, segundo Mello, da Tov. Para ele, o único ponto a favor das companhias é a valorização do real frente ao dólar, que acaba estimulando viagens internacionais.

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