Alta do IGP-M faz rescisão de contratos de aluguel disparar, diz estudo
Pesquisa de preços feita pelo QuintoAndar mostrou que contratos de aluguéis reajustados nos últimos meses ficaram até 31% mais caros que contratos novos
Bianca Alvarenga
Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 06h00.
Com o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) batendo o maior valor em 18 anos, os contratos de locação têm passado por reajustes significativos. O indicador, que é usado para a correção de alugueis residenciais, acumula alta de quase 22% desde janeiro. Quem mora de aluguel e chegou ao período de renovação anual pode, portanto, ter arcado com um aumento de mais de 20%. Os inquilinos que tiveram condições de negociar buscaram chegar a um acordo para um reajuste menor, mas muitos acabaram trocando de contrato (e de casa) para tentar reduzir o custo de moradia.
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Uma pesquisa do QuintoAndar mostrou que os contratos de alugueis renovados e reajustados pelo IGP-M estão até 31% mais caros do que os contratos novos. Ou seja: está mais barato mudar-se do que arcar com o reajuste anual, e quem mudou de casa antes desse reajuste acabou economizando.
A startup, que tem a maior plataforma de venda e aluguel de imóveis do país, acompanha mensalmente o custo das unidades disponíveis para locação e os preços dos contratos efetivamente firmados, Enquanto os imóveis novos têm ficado mais baratos em razão do esfriamento do mercado de alugueis em meio à pandemia, os contratos firmados anteriormente estão sujeitos a um índice inflacionário que disparou.
A diferença entre os preços dos alugueis novos e vigentes é maior entre imóveis pequenos. Durante a pandemia, a demanda por imóveis mais espaçocos, com quintal ou com espaço para a criação de um escritório, passaram a ser mais cobiçados. As unidades de um dormitório, que costumavam ser buscadas por quem gostaria de morar perto do trabalho, perderam a atratividade com a maior adoção do home office.
Renovar o contrato de um apartamento de um dormitório em São Paulo pode sair 31,2% mais caro do que partir para uma locação nova. No Rio de Janeiro, esse percentual é de 25,3% -- aqui também considerando os imóveis de um dormitório. A diferença cai nos imóveis maiores, de 2 ou 3 dormitórios, mas também fica na casa dos 20%.
Rescisão de contrato de aluguel
A pesquisa mostrou que índice de rescisão de contratos de locação saltou de 17%, antes da pandemia, para 25% nos últimos meses. "O período da pandemia é extremamente excepcional, e uma série de fatores pode ter levado à alta das rescisões, como redução na renda dos inquilinos, mudanças devido a motivos pessoais e profissionais, entre outros. No entanto é significativo que a alta mais recente das rescisões coincida com a alta do IGP-M", observa o QuintoAndar, na pesquisa.
O fim do contrato de aluguel pode ser um passo necessário, mas nem sempre ele é benéfico para ambas as partes. "Há custos asssociados para ambas as partes. O inquilino precisará arcar com custos de mudança e reparos, caso sejam necessários, além da dificuldade de se deslocar no período de pandemia. Já o proprietário terá custos com a taxa de corretagem e um potencial período em que o imovel poderá ficar vazio", pontua a pesquisa.
Preço dos anúncios x preço dos alugueis
Outro sinal da desaceleração do mercado é a diferença entre o preço do anúncio e o do aluguel efetivamente firmado. Se considerados somente os preços ofertados na plataforma, os preços dos alugueis estão no zero-a-zero. Mas, se olhados os preços dos contratos recém-firmados, fica claro que o custo das novas locações caiu aproximadamente 5%. Isso indica que os donos de imóveis estão mais sujeitos a negociar os valores para conseguir fechar negócio.