Ações foram o investimento mais buscado no Google em 2016
Levantamento do Google mostra que usuários buscaram mais sobre ações e títulos públicos do que sobre poupança no ano passado
Anderson Figo
Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 05h00.
Última atualização em 24 de janeiro de 2017 às 05h00.
São Paulo - Ela continua sendo a “queridinha dos brasileiros” quando o assunto é investimento, mas a poupança perdeu espaço para as ações e títulos públicos em 2016, pelo menos nas buscas feitas no Google .
É o que mostra um levantamento elaborado pelo site de pesquisas a EXAME.com sobre os investimentos mais buscados no ano passado no Brasil. As ações lideraram o ranking, seguidas por títulos públicos, poupança, CDBs , fundos e commodities.
“As buscas no Google são um termômetro bastante fiel do sentimento econômico”, diz Roberto Terzini, responsável por insights de mercado para o segmento financeiro do Google Brasil. “Estamos em um momento de crise em que as pessoas estão motivadas a procurar novas alternativas para fazer render o seu dinheiro.”
Segundo Terzini, dois grupos têm papel importante nesse movimento: o dos millennials, geração naturalmente digital que está sempre de olho em novas tendências; e o público com maior poder aquisitivo, que tem se conscientizado mais sobre como e onde aplicar. “O sarrafo do conhecimento subiu”, diz.
Guilhermo Bressane, responsável pelo segmento de finanças do Google Brasil, chama atenção para o trabalho que os bancos e corretoras têm feito para atrair clientes aos seus produtos de investimento. “Lançam apps , colocam vídeos no YouTube , todas essas iniciativas geram interesse por informações.”
A hora é agora ou já passou?
A procura maior das pessoas físicas por ações no ano passado se refletiu no desempenho do Ibovespa , o principal índice da Bolsa brasileira, que subiu mais de 30% em 2016. “A fatia de pequenos investidores de varejo no mercado chegou a 20% no decorrer do ano”, afirma Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest.
Ele explica que dois tipos de investidores aproveitaram para surfar essa onda: os que já tinham alguma experiência prévia em Bolsa e decidiram voltar ao mercado, e os que não eram íntimos da Bovespa, mas ouviram falar em casos de amigos e conhecidos que obtiveram lucro negociando ações.
Mas é preciso cuidado: como em qualquer outra aplicação financeira , o rendimento passado não é garantia de ganho futuro. Além disso, as pessoas físicas tendem a entrar no mercado de ações depois que o movimento de alta já aconteceu, perdendo o timing da valorização dos papéis.
“Qualquer ativo financeiro exige de você um conhecimento prévio para que possa tomar uma decisão segura. Quando se fala de Bolsa, é ainda mais complexo. Há vários setores, várias empresas que são influenciadas por informações diferentes e que as pessoas físicas têm dificuldade para acompanhar”, diz.
O fato de a Bolsa brasileira ter uma forte participação de investidores estrangeiros profissionais e de o volume financeiro negociado por aqui ser muito baixo em relação a outros mercados globais só aumenta o risco para as pessoas físicas.
“Hoje, porém, há instrumentos que te permitem participar da Bolsa com risco controlado. É possível comprar um ETF do Ibovespa , por exemplo, que é um índice bem completo e diversificado, ou ainda um COE (Certificados de Operações Estruturadas), que protege o capital investido ”, diz Cardoso.
O diretor da Easynvest ressalta que o cenário continua favorável à renda fixa , mesmo com a expectativa de novos cortes na Selic. “A inflação está voltando para perto do centro da meta do governo, de 4,5% ao ano, e isso mantém o ganho real dos produtos de renda fixa em um nível elevado. O ideal é que, se a pessoa estiver disposta a correr riscos, coloque uma pequena parte dos investimentos na renda variável e a maior parte em renda fixa.”
Como investir em títulos públicos
É possível comprar títulos públicos através do Tesouro Direto —plataforma online do governo federal para compra e venda de papéis.
A aplicação mínima inicial é de 30 reais e qualquer um pode investir, basta procurar um banco ou uma corretora para intermediar a negociação e escolher o título público que melhor se encaixa no seu objetivo. Veja qual título público é mais indicado para você.
Em um cenário de queda da Selic , especialistas recomendam que você aplique em títulos prefixados. Eles não acompanham a taxa básica de juros ou a inflação, como outras opções de títulos, mas, sim, uma taxa determinada antes da aplicação.
É importante destacar que você só vai ser remunerado por essa taxa prefixada se levar o título até o vencimento. Se decidir vender o papel antes do prazo, a rentabilidade pode variar.
Isso porque existe uma relação inversa entre o preço do título e a taxa de juro. Ou seja, quando a Selic cai, o preço dos prefixados sobe. Por isso eles são uma aposta para 2017.
Ao aplicar no Tesouro Direto, você precisa ficar atento com as taxas cobradas pelas instituições financeiras autorizadas a negociar os títulos públicos, chamadas de agentes de custódia. Algumas delas isentam o investidor do pagamento, mas outras chegam a cobrar até 2% ao ano, o que compromete os ganhos. Veja as taxas cobradas por cada um dos agentes.
Além da taxa, você também deve considerar que a aplicação em títulos públicos sofre tributação de Imposto de Renda . Sobre os resgates em até 180 dias incide uma alíquota de 22,5%; de 181 dias a 360 dias o imposto cai para 20%; de 361 a 720 dias vai para 17,5%; e acima de 721 dias é aplicada a menor alíquota, de 15%.