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Aposta do BC para reduzir juro ao consumidor é vista com cautela

Bancos terão de informar as menores taxas de juros cobradas dos clientes a partir de setembro; para especialistas, a queda dos juros é incerta

Para especialistas, taxa prime de juros contribui mesmo é para a educação do consumidor (Roberto Setton/VEJA)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2011 às 10h18.

São Paulo – O brasileiro terá, a partir de setembro, um parâmetro para saber se os juros pagos em seus empréstimos bancários estão fora da realidade ou são condizentes com o mercado. O Banco Central passará a divulgar a taxa preferencial de juros, calculada com base nos juros cobrados nos empréstimos feitos pelos melhores clientes dos bancos – as grandes empresas.

A taxa preferencial é a menor taxa de juros do mercado e vai funcionar como a taxa prime brasileira, a exemplo do que já ocorre em outros países, como os Estados Unidos. A intenção do BC é estimular a concorrência entre os bancos, o que poderia gerar uma queda nas taxas de juros dos empréstimos aos demais tomadores de crédito, com base no novo parâmetro.

A medida pode ser bastante benéfica ao consumidor. Mas quais as chances de funcionar para o que se propõe? Especialistas receberam o anúncio do BC como uma boa notícia, mas se dividem quanto à efetividade da medida. Orli Machado, presidente da C&M Software, mantenedora do cadastro positivo Maxxi Positivo, é um dos que creem no sucesso da intenção do BC. “A divulgação da taxa prime com certeza será um fator de competição dos serviços bancários”, afirma.

Para José Tosi, sócio-diretor da Goon, consultoria de risco massificado de crédito, a questão é um pouco mais complexa. “Baixar os juros para o consumidor é difícil porque o ambiente econômico não está favorável”, diz. Ele lembra que há um repique de inadimplência que diminui o espaço para os bancos reduzirem os juros, além da Selic elevada e das medidas macroprudenciais do BC, que elevaram os custos ao consumidor.

Tosi acredita que o grande mérito da divulgação da taxa preferencial de juros está na transparência e na educação do consumidor. “Essa divulgação vai explicitar a distância entre as menores e as maiores taxas de juros do mercado para cada tipo de empréstimo. Isso educa o consumidor, que vai saber que não necessariamente seu banco é a melhor opção para determinado financiamento”, afirma Tosi.

Se não ajudar a reduzir os juros dos empréstimos e financiamentos, pelo menos a divulgação da taxa prime vai ajudar o consumidor a conhecer seu nível de risco em relação à taxa mais baixa do mercado. Também ficarão evidentes quais instituições financeiras praticam juros fora da realidade, o que certamente as obrigará a baixá-los.

“A taxa preferencial será a referência do que é dinheiro barato. A partir daí, será possível desenvolver uma escala do quanto se paga de prêmio em cada nível de risco, e o consumidor vai saber com que nível de risco ele é cotado pelo mercado. A tendência é a convergência das taxas praticadas pelos bancos para um mesmo patamar, em cada tipo de produto e faixa de risco”, explica Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (ACREFI).

Mesmo considerando a medida do BC potencialmente efetiva para fins de competição, o professor de economia da FGV-SP, Samy Dana, lembra que o grande problema em relação aos juros é a falta de educação financeira do brasileiro, que em geral sequer se preocupa em se informar acerca do quanto paga de juros. “As pessoas ignoram as taxas e se preocupam mais se a parcela cabe no bolso. O BC deveria, paralelamente, fazer uma ação para esclarecer a população sobre a taxa preferencial”, avalia.

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São Paulo – O brasileiro terá, a partir de setembro, um parâmetro para saber se os juros pagos em seus empréstimos bancários estão fora da realidade ou são condizentes com o mercado. O Banco Central passará a divulgar a taxa preferencial de juros, calculada com base nos juros cobrados nos empréstimos feitos pelos melhores clientes dos bancos – as grandes empresas.

A taxa preferencial é a menor taxa de juros do mercado e vai funcionar como a taxa prime brasileira, a exemplo do que já ocorre em outros países, como os Estados Unidos. A intenção do BC é estimular a concorrência entre os bancos, o que poderia gerar uma queda nas taxas de juros dos empréstimos aos demais tomadores de crédito, com base no novo parâmetro.

A medida pode ser bastante benéfica ao consumidor. Mas quais as chances de funcionar para o que se propõe? Especialistas receberam o anúncio do BC como uma boa notícia, mas se dividem quanto à efetividade da medida. Orli Machado, presidente da C&M Software, mantenedora do cadastro positivo Maxxi Positivo, é um dos que creem no sucesso da intenção do BC. “A divulgação da taxa prime com certeza será um fator de competição dos serviços bancários”, afirma.

Para José Tosi, sócio-diretor da Goon, consultoria de risco massificado de crédito, a questão é um pouco mais complexa. “Baixar os juros para o consumidor é difícil porque o ambiente econômico não está favorável”, diz. Ele lembra que há um repique de inadimplência que diminui o espaço para os bancos reduzirem os juros, além da Selic elevada e das medidas macroprudenciais do BC, que elevaram os custos ao consumidor.

Tosi acredita que o grande mérito da divulgação da taxa preferencial de juros está na transparência e na educação do consumidor. “Essa divulgação vai explicitar a distância entre as menores e as maiores taxas de juros do mercado para cada tipo de empréstimo. Isso educa o consumidor, que vai saber que não necessariamente seu banco é a melhor opção para determinado financiamento”, afirma Tosi.

Se não ajudar a reduzir os juros dos empréstimos e financiamentos, pelo menos a divulgação da taxa prime vai ajudar o consumidor a conhecer seu nível de risco em relação à taxa mais baixa do mercado. Também ficarão evidentes quais instituições financeiras praticam juros fora da realidade, o que certamente as obrigará a baixá-los.

“A taxa preferencial será a referência do que é dinheiro barato. A partir daí, será possível desenvolver uma escala do quanto se paga de prêmio em cada nível de risco, e o consumidor vai saber com que nível de risco ele é cotado pelo mercado. A tendência é a convergência das taxas praticadas pelos bancos para um mesmo patamar, em cada tipo de produto e faixa de risco”, explica Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (ACREFI).

Mesmo considerando a medida do BC potencialmente efetiva para fins de competição, o professor de economia da FGV-SP, Samy Dana, lembra que o grande problema em relação aos juros é a falta de educação financeira do brasileiro, que em geral sequer se preocupa em se informar acerca do quanto paga de juros. “As pessoas ignoram as taxas e se preocupam mais se a parcela cabe no bolso. O BC deveria, paralelamente, fazer uma ação para esclarecer a população sobre a taxa preferencial”, avalia.

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