8 dicas para ser um investidor mais esperto
Veja como as emoções influenciam as tomadas de decisões sobre investimentos e aprimore sua relação com as finanças
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2014 às 17h32.
São Paulo - Se você já tem o hábito de investir, mas quer adicionar uma pitada de sagacidade à sua relação com o dinheiro, entender como as emoções interferem nas suas decisões pode ajudar.
É exatamente esse o foco das finanças comportamentais, estudo que se debruça sobre a análise da psicologia por trás das tomadas de decisões dos investidores .
Em palestra no 5º Seminário IBCPF de Planejamento Financeiro Pessoal, Jay Mooreland destacou alguns estudos de finanças comportamentais e mostrou como planejadores financeiros podem usá-los para melhorar sua relação com clientes no dia a dia.
Mooreland é planejador financeiro com certificado CFP®, mestre em economia aplicada e fundador do “The Emotional Investor”, programa que fornece conteúdos de educação financeira e ferramentas relacionadas às finanças comportamentais.
A seguir, elencamos alguns dos sábios conselhos de Mooreland e os adaptamos ao ponto de vista do investidor. Confira e saiba como amadurecer sua relação com os investimentos .
1Não acredite que é possível prever o futuro
Segundo Mooreland, muitos investidores acreditam ser possível prever o comportamento do mercado financeiro , ainda que nem mesmo especialistas o façam com precisão. “No longo prazo, aeconomia e o mercadopodem até ser um pouco previsíveis porque os mercados globais tendem a seguir uma trajetória de alta, mas eles não são nadaprevisíveis no curto prazo”, diz.
Ele acrescenta que a previsibilidade na verdade não tem nada a ver com inteligência, conforme mostrou a crise de 2008, que não foi prevista nem por alguns dos economistas mais experientes e renomados do mundo.
Para embasar seu argumento, Mooreland cita um estudo de Philip E. Tetlock, da Universidade da California em Berkeley. Durante 20 anos, 284 especialistas em diversos campos, incluindo jornalistas, funcionários do governo e professores foram convidados a fazer 28 mil previsões sobre o futuro e o resultado mostrou que eles foram apenas ligeiramente mais precisos do que palpites feitos aleatoriamente.
“Analistas e economistas podem ser muito convincentes para defender suas previsões, mas basicamente é uma questão de jogar uma moeda para ver se eles estão certos”, diz Mooreland.
2Não transporte o passado para o presente
Conforme explica o CFP®, inconscientemente nós acreditamos que algo que aconteceu no passado se repetirá no futuro. “Muito investidor analisa o passado para tomar decisões sobre o futuro. Mas, ainda que duas coisas possam parecer iguais, nem sempre serão”, afirma.
Uma velha lição sobre investimentos diz algo bem parecido: “Desempenho passado não é garantia de retorno futuro”. Isto é, investir em uma ação porque ela teve valorização no passado não garante que o investidor terá bons retornos dali para frente.
Outros critérios devem entrar em jogo para se analisar se um investimento vale a pena, como a adequação da aplicação ao perfil de risco do investidor, seus custos e o potencial de valorização no futuro diante das circunstâncias econômicas envolvidas.
3Não confie cegamente em especialistas
Para o fundador “The Emotional Investor”, é importante ouvir a opinião de especialistas, mas não se deve acreditar piamente em tudo o que eles dizem. “As pessoas não costumam sair de uma quiromante e mudar sua vida por causa do que ouviram, mas elas fazem exatamente isso com economistas e analistas. O que eles falam é como um Evangelho, mas o que eles dizem é tão imprevisível como a leitura de mão”, diz.
4Pense em cenários possíveis
Se mesmo profissionais da área não conseguem prever resultados futuros, Mooreland sugere que os investimentos sejam planejados de forma que o investidor vislumbre três possíveis cenários.
“É importante pensar em faixas de resultado, contemplando o melhor caso, o pior caso e um caso básico. Ao saber de antemão que algo é possível a probabilidade de tomar piores decisões é menor”, diz.
Conforme pregam os estudos de finanças comportamentais, não agimos motivados apenas por fatores racionais, as emoções têm um papel importante dentro das nossas decisões. Nas palavras dos estudiosos do assunto: possuímos vieses psicológicos.
É por isso que em muitos casos o investidor presta muito mais atenção nas promessas de ganhos do que nos riscos. Ao fazer uma análise mais fria sobre os prós e os contras de um investimento, é possível minimizar esse otimismo exacerbado, evitando, por exemplo, investir todos os recursos em apenas uma aplicação ou não se precaver sobre perdas.
Veja no vídeo abaixo como controlar as finanças:
[videos-abril id="b62749240d898657eb20d9133d5a30f6" showtitle="false"]
5Não aja por impulso
Experiências que medem as reações do cérebro por meio de ressonância magnética, segundo Mooreland, mostram que no momento em que alguém passa por uma perda financeira, a amígdala cerebral - porção do cérebro que responde a situações de perigos mortais, entre outras -, "diz" algo como: “Fuja! Haja o que houver".
Ao obter um ganho financeiro, por outro lado, a sensação é a mesma de alguém que usa drogas, por causa da dopamina, substância química liberada pelo cérebro que causa a sensação de prazer. “É por isso que os investidores compram na alta e vendem na baixa. Se o investimento está em baixa, a amígdala diz: ‘fuja, custe o que custar’, mas na alta o ganho libera dopamina e o investidor quer comprar mais”.
Mooreland brinca que a boa noticia é que os vieses cognitivos, essas falhas no pensamento que nos fazem chegar a conclusões questionáveis, podem ser eliminados quando se reconhece que eles existem e que agimos de maneira muito intuitiva e pouco analítica.
Além de se dar conta da existência desses impulsos, não tomar a decisão imediatamente, esperando pelo menos até o dia seguinte, pode ajudar.
6Faça um plano para perdas
A aversão a perdas, segundo Mooreland, é um viés comportamental complexo que inclui não só a aversão ao risco, como a busca do risco em situações favoráveis, como diante de um investimento com ótimas promessas de retorno.
Investidores que possuem esse viés são mais dispostos a vender um ativo em alta, por causa da aversão ao risco, do que vender um ativo que está em baixa, por causa da busca por posições de risco.
Como esse tipo de viés reside em emoções muito profundas, a dica de Mooreland seria mudar a forma como esse tipo de análise é feita no cérebro. Em vez de observar os investimentos no curto prazo, inflamando a aversão a perdas, o investidor deveria analisá-los no longo prazo.
Aos planejadores ele também dá uma outra dica: desenvolver um plano de ação por escrito mostrando o que será feito não se, mas quando a ação cair. "Quando falamos em vender ações em baixa todo mundo concorda, mas na hora que acontece ninguém o faz”, diz Mooreland.
Na prática, ele diz que seria algo como dizer que se a bolsa cair 15%, 5% dos recursos investidos em ações serão destinados a títulos públicos ; se o mercado cair mais 25%, mais 5% vão para os títulos, planejando até uma perda de 50% porque se oplano prever queda máxima de 20% e o mercado cair 50% corre-se o risco de tomar uma decisão irrefletida.
No caso dos planejadores, ele orienta que o plano seja feito por escrito e assinado pelos clientes para que na hora da queda não haja outra decisão. Para investidores que tomam decisões sozinhos, apesar de não ser possível firmar um contrato por escrito e formal consigo mesmo, obviamente, apenas o fato de ter um plano de ação e levá-lo a sério já pode ajudar a coibir os efeitos de uma decisão impensada.
7Aprenda a aproveitar a baixa
Em tese, muitos investidores sabem que é importante aproveitar os momentos de baixa para comprar ativos com desconto. Mas, quando o mercado está em queda poucos se dispõem a comprar de fato. “Temos mentalidade de rebanho, ninguém quer se separar do grupo, mas nos investimentos é justamente isso que temos que fazer”, afirma Mooreland.
Além disso, as próprias instituições financeiras acabam vendendo o que está na alta porque é mais fácil convencer o investidor a comprar esses ativos do que investir em uma ação que está em queda.
Para combater a aversão à perda nesse caso, o planejador sugere que o investimento seja feito sistematicamente. “Em vez de investir 100 mil reais de uma só vez, o investidor pode começar investindo 1,5% ao mês nos próximos doze meses e depois disso ele reavalia se quer continuar”, orienta.
8O investimento mais popular nem sempre é o melhor
“Nos Estados Unidos , o que causa mais mortes: componentes de avião que caem do céu ou ataques de tubarões? Muitas pessoas dizem que são os tubarões, porque lá nós ouvimos muito falar desse tipo de ataque, mas na verdade essa probabilidade é 30 vezes menor do que a outra”, afirma Mooreland.
Essa questão revela um viés, chamado de viés da disponibilidade, segundo o qual somos influenciados por aquilo que ouvimos mais frequentemente.
“Nosso subconsciente nos diz que quando ouvimos algo com mais frequência, essa coisa se torna a verdade para nós. Mas, ouvir algo com muita frequência não significa que a coisa seja verdade, apenas que é bem divulgado”, diz ofundador do “The Emotional Investor”.
Por causa desse viés de disponibilidade, segundo Mooreland, muitos investidores aplicam no que é mais familiar, ou confiam em sugestões de investimentos incentivadas por propagandas e por pessoas famosas que não são necessariamente especializadas.
"Esse tipo de ruído atrapalha as decisões. Nosso cérebro adora entretenimento, mas os investidores devem fugir disso e buscar informações confiáveis", conclui Mooreland.
Veja como o excesso de informações pode prejudicar os investimentos.
São Paulo - Se você já tem o hábito de investir, mas quer adicionar uma pitada de sagacidade à sua relação com o dinheiro, entender como as emoções interferem nas suas decisões pode ajudar.
É exatamente esse o foco das finanças comportamentais, estudo que se debruça sobre a análise da psicologia por trás das tomadas de decisões dos investidores .
Em palestra no 5º Seminário IBCPF de Planejamento Financeiro Pessoal, Jay Mooreland destacou alguns estudos de finanças comportamentais e mostrou como planejadores financeiros podem usá-los para melhorar sua relação com clientes no dia a dia.
Mooreland é planejador financeiro com certificado CFP®, mestre em economia aplicada e fundador do “The Emotional Investor”, programa que fornece conteúdos de educação financeira e ferramentas relacionadas às finanças comportamentais.
A seguir, elencamos alguns dos sábios conselhos de Mooreland e os adaptamos ao ponto de vista do investidor. Confira e saiba como amadurecer sua relação com os investimentos .
1Não acredite que é possível prever o futuro
Segundo Mooreland, muitos investidores acreditam ser possível prever o comportamento do mercado financeiro , ainda que nem mesmo especialistas o façam com precisão. “No longo prazo, aeconomia e o mercadopodem até ser um pouco previsíveis porque os mercados globais tendem a seguir uma trajetória de alta, mas eles não são nadaprevisíveis no curto prazo”, diz.
Ele acrescenta que a previsibilidade na verdade não tem nada a ver com inteligência, conforme mostrou a crise de 2008, que não foi prevista nem por alguns dos economistas mais experientes e renomados do mundo.
Para embasar seu argumento, Mooreland cita um estudo de Philip E. Tetlock, da Universidade da California em Berkeley. Durante 20 anos, 284 especialistas em diversos campos, incluindo jornalistas, funcionários do governo e professores foram convidados a fazer 28 mil previsões sobre o futuro e o resultado mostrou que eles foram apenas ligeiramente mais precisos do que palpites feitos aleatoriamente.
“Analistas e economistas podem ser muito convincentes para defender suas previsões, mas basicamente é uma questão de jogar uma moeda para ver se eles estão certos”, diz Mooreland.
2Não transporte o passado para o presente
Conforme explica o CFP®, inconscientemente nós acreditamos que algo que aconteceu no passado se repetirá no futuro. “Muito investidor analisa o passado para tomar decisões sobre o futuro. Mas, ainda que duas coisas possam parecer iguais, nem sempre serão”, afirma.
Uma velha lição sobre investimentos diz algo bem parecido: “Desempenho passado não é garantia de retorno futuro”. Isto é, investir em uma ação porque ela teve valorização no passado não garante que o investidor terá bons retornos dali para frente.
Outros critérios devem entrar em jogo para se analisar se um investimento vale a pena, como a adequação da aplicação ao perfil de risco do investidor, seus custos e o potencial de valorização no futuro diante das circunstâncias econômicas envolvidas.
3Não confie cegamente em especialistas
Para o fundador “The Emotional Investor”, é importante ouvir a opinião de especialistas, mas não se deve acreditar piamente em tudo o que eles dizem. “As pessoas não costumam sair de uma quiromante e mudar sua vida por causa do que ouviram, mas elas fazem exatamente isso com economistas e analistas. O que eles falam é como um Evangelho, mas o que eles dizem é tão imprevisível como a leitura de mão”, diz.
4Pense em cenários possíveis
Se mesmo profissionais da área não conseguem prever resultados futuros, Mooreland sugere que os investimentos sejam planejados de forma que o investidor vislumbre três possíveis cenários.
“É importante pensar em faixas de resultado, contemplando o melhor caso, o pior caso e um caso básico. Ao saber de antemão que algo é possível a probabilidade de tomar piores decisões é menor”, diz.
Conforme pregam os estudos de finanças comportamentais, não agimos motivados apenas por fatores racionais, as emoções têm um papel importante dentro das nossas decisões. Nas palavras dos estudiosos do assunto: possuímos vieses psicológicos.
É por isso que em muitos casos o investidor presta muito mais atenção nas promessas de ganhos do que nos riscos. Ao fazer uma análise mais fria sobre os prós e os contras de um investimento, é possível minimizar esse otimismo exacerbado, evitando, por exemplo, investir todos os recursos em apenas uma aplicação ou não se precaver sobre perdas.
Veja no vídeo abaixo como controlar as finanças:
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5Não aja por impulso
Experiências que medem as reações do cérebro por meio de ressonância magnética, segundo Mooreland, mostram que no momento em que alguém passa por uma perda financeira, a amígdala cerebral - porção do cérebro que responde a situações de perigos mortais, entre outras -, "diz" algo como: “Fuja! Haja o que houver".
Ao obter um ganho financeiro, por outro lado, a sensação é a mesma de alguém que usa drogas, por causa da dopamina, substância química liberada pelo cérebro que causa a sensação de prazer. “É por isso que os investidores compram na alta e vendem na baixa. Se o investimento está em baixa, a amígdala diz: ‘fuja, custe o que custar’, mas na alta o ganho libera dopamina e o investidor quer comprar mais”.
Mooreland brinca que a boa noticia é que os vieses cognitivos, essas falhas no pensamento que nos fazem chegar a conclusões questionáveis, podem ser eliminados quando se reconhece que eles existem e que agimos de maneira muito intuitiva e pouco analítica.
Além de se dar conta da existência desses impulsos, não tomar a decisão imediatamente, esperando pelo menos até o dia seguinte, pode ajudar.
6Faça um plano para perdas
A aversão a perdas, segundo Mooreland, é um viés comportamental complexo que inclui não só a aversão ao risco, como a busca do risco em situações favoráveis, como diante de um investimento com ótimas promessas de retorno.
Investidores que possuem esse viés são mais dispostos a vender um ativo em alta, por causa da aversão ao risco, do que vender um ativo que está em baixa, por causa da busca por posições de risco.
Como esse tipo de viés reside em emoções muito profundas, a dica de Mooreland seria mudar a forma como esse tipo de análise é feita no cérebro. Em vez de observar os investimentos no curto prazo, inflamando a aversão a perdas, o investidor deveria analisá-los no longo prazo.
Aos planejadores ele também dá uma outra dica: desenvolver um plano de ação por escrito mostrando o que será feito não se, mas quando a ação cair. "Quando falamos em vender ações em baixa todo mundo concorda, mas na hora que acontece ninguém o faz”, diz Mooreland.
Na prática, ele diz que seria algo como dizer que se a bolsa cair 15%, 5% dos recursos investidos em ações serão destinados a títulos públicos ; se o mercado cair mais 25%, mais 5% vão para os títulos, planejando até uma perda de 50% porque se oplano prever queda máxima de 20% e o mercado cair 50% corre-se o risco de tomar uma decisão irrefletida.
No caso dos planejadores, ele orienta que o plano seja feito por escrito e assinado pelos clientes para que na hora da queda não haja outra decisão. Para investidores que tomam decisões sozinhos, apesar de não ser possível firmar um contrato por escrito e formal consigo mesmo, obviamente, apenas o fato de ter um plano de ação e levá-lo a sério já pode ajudar a coibir os efeitos de uma decisão impensada.
7Aprenda a aproveitar a baixa
Em tese, muitos investidores sabem que é importante aproveitar os momentos de baixa para comprar ativos com desconto. Mas, quando o mercado está em queda poucos se dispõem a comprar de fato. “Temos mentalidade de rebanho, ninguém quer se separar do grupo, mas nos investimentos é justamente isso que temos que fazer”, afirma Mooreland.
Além disso, as próprias instituições financeiras acabam vendendo o que está na alta porque é mais fácil convencer o investidor a comprar esses ativos do que investir em uma ação que está em queda.
Para combater a aversão à perda nesse caso, o planejador sugere que o investimento seja feito sistematicamente. “Em vez de investir 100 mil reais de uma só vez, o investidor pode começar investindo 1,5% ao mês nos próximos doze meses e depois disso ele reavalia se quer continuar”, orienta.
8O investimento mais popular nem sempre é o melhor
“Nos Estados Unidos , o que causa mais mortes: componentes de avião que caem do céu ou ataques de tubarões? Muitas pessoas dizem que são os tubarões, porque lá nós ouvimos muito falar desse tipo de ataque, mas na verdade essa probabilidade é 30 vezes menor do que a outra”, afirma Mooreland.
Essa questão revela um viés, chamado de viés da disponibilidade, segundo o qual somos influenciados por aquilo que ouvimos mais frequentemente.
“Nosso subconsciente nos diz que quando ouvimos algo com mais frequência, essa coisa se torna a verdade para nós. Mas, ouvir algo com muita frequência não significa que a coisa seja verdade, apenas que é bem divulgado”, diz ofundador do “The Emotional Investor”.
Por causa desse viés de disponibilidade, segundo Mooreland, muitos investidores aplicam no que é mais familiar, ou confiam em sugestões de investimentos incentivadas por propagandas e por pessoas famosas que não são necessariamente especializadas.
"Esse tipo de ruído atrapalha as decisões. Nosso cérebro adora entretenimento, mas os investidores devem fugir disso e buscar informações confiáveis", conclui Mooreland.
Veja como o excesso de informações pode prejudicar os investimentos.