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3 estratégias para ensinar seu filho a lidar com dinheiro

Especialistas listam as melhores formas para você ensinar educação financeira às crianças e ajudar a torná-las adultos mais conscientes

De olho no dinheiro: educação financeira desde cedo gera adultos mais conscientes (ThinkStock/katyspichal)

De olho no dinheiro: educação financeira desde cedo gera adultos mais conscientes (ThinkStock/katyspichal)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 30 de julho de 2016 às 10h40.

Última atualização em 6 de outubro de 2017 às 12h00.

São Paulo - Pagar impostos, fazer compras no supermercado, financiar um imóvel ou simplesmente comprar um lanche no recreio da escola. Sim, você vai ter que lidar com dinheiro por toda a sua vida, e é bom começar a preparar seus filhos para essa realidade desde cedo. Mas como você deve fazer isso?

Segundo especialistas, não existe uma fórmula mágica para introduzir a educação financeira na vida das crianças. A idade mais indicada para que os pequenos recebam suas primeiras lições sobre o tema é a partir dos seis anos, quando geralmente eles estão começando a se alfabetizar.

EXAME.com conversou com consultores e listou abaixo três estratégias campeãs para você ensinar seus filhos a lidar com dinheiro desde cedo, sem prejudicar a infância deles e ajudando-os a se tornar adultos financeiramente conscientes.

Entre no universo infantil, não o contrário

O principal erro dos pais é tentar trazer a criança para a realidade adulta na hora de falar sobre dinheiro. Nunca faça isso, enfatiza o educador financeiro Álvaro Modernell, sócio da Mais Ativos. “Há uma tendência de querer tratar as crianças como miniadultos na hora de falar com elas sobre dinheiro, o que está errado”, diz.

Não adianta querer abordar o assunto quando chega uma conta de luz ou na hora de pagar a conta do restaurante. É a própria criança que vai determinar o timing em que a educação financeira deverá ser abordada. Por exemplo, quando ela pedir para comprar um brinquedo ou um lanche em um momento inadequado.

“Se ela quebrar um brinquedo, os pais nunca devem rapidamente substituí-lo por outro como se nada tivesse acontecido. Assim, ela começará, aos poucos, a dar valor ao dinheiro que foi gasto por aquele objeto”, afirma Modernell. “É importante explicar isso de uma forma simples. Quanto mais lúdico, maior é a chance de a ideia emplacar.”

Gabriel Gutierrez, superintendente de previdência da Lockton Brasil, lembra que os pais também não devem adotar o costume de sempre dar presentes às crianças fora de ocasiões específicas, como aniversário ou Natal.

“Se fizer isso, você vai descaracterizar para a criança o que é presente. Ela precisa ter o sonho, o desejo de esperar pelo aniversário para receber aquele objeto que está querendo. Não dá para ter tudo o que quer toda hora”, afirma. Lembre-se de que as crianças se espelham sempre nos exemplos que têm em casa. Se os pais forem muito consumistas, elas tendem a ser também, diz Gutierrez.

A criança tem que ter o dinheiro dela

Quando as crianças já tiverem recebido as primeiras noções do valor do dinheiro, é hora de elas começarem a ter seus próprios recursos. É nesse momento que as mesadas ou semanadas entram no jogo. Também é nessa hora que surge uma das principais dúvidas dos pais: quanto devo dar de dinheiro aos meus filhos?

“Não há uma regra para isso. Vai depender do estilo de vida da família, da condição dos pais e da realidade de cada criança”, diz Modernell. “O que eu recomendo é que, se os pais estão em dúvida, por exemplo, se dão 10 reais ou 15 reais por semana aos filhos, eles devem optar sempre pelo menor valor”, completa.

Isso porque é, sem dúvida, muito mais fácil subir o valor da mesada/semanada lá na frente do que reduzi-lo. “Além disso, deixar as crianças com menos recursos também vai forçá-las a controlar melhor seus gastos, o que acaba sendo positivo”, explica o educador financeiro.

Aqui também vale a regra de não exagerar, seja para mais ou para menos. “Não adianta dar pouco dinheiro para uma criança acostumada a uma vida de luxo e também não adianta dar muito dinheiro, porque, assim, a mesada/semanada vai perder o seu papel de fazê-la aprender a controlar seus próprios recursos”, diz Gutierrez, da Lockton.

O importante da mesada/semanada é fazer com que a criança entenda que ela terá uma determinada quantia de dinheiro em algum momento e que ela deve contar com isso. É uma preparação para o futuro, quando ela vai se tornar adulta e entrar no mercado de trabalho para receber salário.

Guarde agora e seja recompensado depois

A última estratégia é talvez uma das mais importantes —e difíceis. É hora de ensinar aos seus filhos a noção de que quanto mais eles pouparem, mais dinheiro terão lá na frente e, consequentemente, mais coisas poderão fazer com ele.

“É difícil porque a criança é muito imediatista. Quer aquele brinquedo ou aquela roupa na hora. Mas o papel dos pais é mostrar que, se ela conseguir resistir à vontade de ter aquilo, poderá, mais para frente, ter algo muito maior ou melhor”, afirma Gutierrez. “Isso tem que ser feito aos poucos, com calma, mas não pode deixar de ser feito. Muitas pessoas adultas ainda não têm essa percepção.”

Uma saída interessante é virar o jogo: em vez de você assumir para si o papel de mostrar aos filhos a importância de poupar dinheiro, crie uma situação em que eles serão forçados a pensar no assunto.

“Vou te dar um exemplo com meus filhos. Sempre que eles iam comigo a uma padaria, pediam para eu comprar um picolé da marca mais cara. Eu comprava. Mas um dia resolvi fazer um teste: em vez de eu mesmo comprar o sorvete, dei 10 reais para cada um e falei para eles escolherem o que eles queriam e que o troco seria deles. Conclusão: eles pegaram os sorvetes mais baratos”, conta Modernell, da Mais Ativos.

Recentemente, outra forma de incentivar as crianças a poupar dinheiro chamou atenção de pessoas do mundo inteiro em uma postagem no blog “Humans of New York”. É a imagem de um pai com dois filhos se divertindo no parque —uma cena aparentemente comum. Mas o que despertou interesse mesmo foi a legenda: nela, um dos filhos fala sobre como lida com o dinheiro.

"Toda semana eu recebo um dólar de mesada. Então, eu tenho que escolher a seção onde eu vou colocar o meu dólar. Há quatro seções: gastar, poupar, doar e investir", diz o garoto. Se ele colocar o dólar na "seção investir", seus pais pagam dois centavos extras no final de cada mês como incentivo. A estratégia tem dado certo: o menino diz ter muito mais de 10 dólares na "seção investir".

"Eu costumava ter mais, mas eu retirei um pouco de dinheiro para colocar na minha 'seção doar'. Nós costumamos comprar comida para pessoas que não têm muito dinheiro na 'seção gastar' delas", afirma o pequeno.

Sobre esta forma de ensinar educação financeira aos filhos, Modernell faz duas ressalvas. A primeira é que as crianças tendem a assimilar melhor valores inteiros, não centavos. Por isso, neste caso, não adianta tentar replicar a remuneração de aplicações financeiras da vida adulta em uma atividade lúdica para despertar o interesse da criança em investir.

A segunda ressalva é que, como a criança ainda está em processo de conhecimento do real valor do dinheiro, o ideal é que os pais incentivem a doação de objetos como roupas e brinquedos, e não de quantias em dinheiro, segundo o educador financeiro.

Neste caso, os próprios pais podem investir mensalmente um dinheiro para os filhos em produtos específicos para este público —há planos de previdência privada, por exemplo— ou outras opções que são bastante vantajosas no longo prazo, como o Tesouro Direto. Veja o passo a passo para investir no Tesouro Direto e como escolher a corretora.

Assim, quando os filhos estiverem com 18 anos ou mais, poderão utilizar esse dinheiro para comprar um carro, pagar a faculdade ou fazer uma viagem de intercâmbio, por exemplo.

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