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Mesmo com alta da Selic bancos preservam rendimento do CDB; veja dicas

Alta da Selic aumentou o custo de captação dos bancos, mas as taxas dos títulos emitidos ainda não se moveram. A razão para isso está na inflação, que reduz o rendimento real das aplicações

Mesmo enfrentando um custo de captação maior, bancos preservam as taxas dos CDBs para tentar atrair o investidor (kwanchaichaiudom/Thinkstock)
BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 10 de maio de 2021 às 06h13.

Última atualização em 10 de maio de 2021 às 06h19.

Os juros baixos levaram o rendimento da renda fixa à lona. Para tentar compensar o nocaute, os bancos aumentaram os prêmios dos Certificados de Depósitos Bancários, como são chamados os CDBs . Ficou mais fácil para o investidor encontrar opções que pagavam mais de 100% do CDI -- até mesmo em prazos mais curtos de vencimento.

Com os juros fazendo o caminho oposto, o da ladeira acima, surge a dúvida: as taxas continuarão atrativas? Afinal, diante de uma perspectiva de Selic na casa dos 5% no final do ano, prêmios mais altos podem ficar mais raros?

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Levantamentos feitos a pedido da EXAME Invest pelas plataformas de investimentos Yubb e Magnetis mostram que as taxas moveram-se pouco até agora.

Continua sendo relativamente fácil encontrar prêmios melhores no curto e médio prazo, com taxas de até 140% para títulos que vencem em 1 ano. Mas os dados mostram que os CDBs com resgate acima de 2 anos já sofrem algum tipo de ajuste.

Veja abaixo o rendimento médio dos CDBs disponíveis no mercado, de acordo com dados da Magnetis:

Dias até o vencimento Taxa bruta (% do CDI) Taxa líquida (% do CDI)
361142%117%
721140,5%119%
1.080136,25%116%
1.441130,8%111%
1.800136,33%116%

Inflação batendo à porta

A razão para os bancos não terem reduzido os prêmios ainda é a escalada da inflação. Ainda que o custo de emissão dos CDBs já esteja maior, dado que a Selic partiu de 2% para 3,5% ao ano de março para cá, as instituições financeiras estão reticentes em mudar as taxas.

O objetivo é tentar preservar o volume de captação. Os balanços financeiros dos bancos parecem indicar que o pior da pandemia, em termos econômicos, ficou para trás, mas o curto prazo ainda é bastante nebuloso. Para se preparar para as incertezas, as instituições tentam reforçar a emissão de títulos.

"Com a lentidão na vacinação, uma piora da pandemia pode frear a atividade econômica. Se isso acontecer, devemos ter o pior dos dois mundos: juros subindo em um ritmo que não será suficiente para conter a inflação e economia patinando", prevê Bernardo Pascowitch, CEO da Yubb.

Ele lembra que a alta da inflação diminui o chamado juro real (a diferença entre o rendimento das aplicações e a inflação) e que, por essa razão, prêmios mais altos se tornam ainda mais necessários em tempos de pressão inflacionária.

"Hoje, deixar dinheiro em um pós-fixado significa correr risco de ter um rendimento  abaixo da inflação. Talvez o equilíbrio entre os índices de preços e a Selic só seja atingido no final do ano -- e isso se os juros continuarem subindo", analisa Pascowitch.

O que considerar antes de investir

Escolher uma aplicação apenas pela taxa de retorno costuma ser uma má ideia. É importante lembrar que, embora a Selic esteja subindo, o patamar dos juros segue baixo. Sendo assim, 10 ou 20 pontos percentuais sobre o CDI representam, na verdade, poucos décimos de rendimento extra.

Em segundo lugar, é necessário observar o risco de crédito do emissor do título. Lembrando: quem aplica em um CDB está, na verdade, emprestando dinheiro para uma instituição financeira. A solidez e a capacidade de pagamento daquela instituição também devem ser analisadas.

Por fim, é importante olhar para o rendimento dos títulos levando em conta não só o prêmio, em percentual, mas também a liquidez da aplicação.

"Existem CDBs prefixados pagando mais de 10% ao ano, mas em períodos mais longos, de até 10 anos. A Selic caiu de 14% para 2% em um período relativamente curto e pode voltar a subir. Ninguém sabe para onde vão a inflação, os juros e o dólar nos próximos anos", adverte Guilherme Cadonhotto, chefe de renda fixa da casa de análise Spiti.

Ele lembra que existem três componentes importantes a serem considerados, nesse caso: o risco de mercado, o custo de oportunidade e o custo de manter o dinheiro preso por um período tão longo.

"Ao longo dos próximos 10 anos podem surgir opções bem mais rentáveis", observa Cadonhotto.

Pascowitch, da Yubb, diz que o cenário reforça um aprendizado importante do investidor: a renda fixa tem o papel de segurança na carteira de investimentos. Para rentabilizar o patrimônio, o ideal é que o investidor busque opções na renda variável.

O ideal é que tanto os CDBs quanto outras aplicações, como os títulos do Tesouro Direto, sejam usados para planos de curto prazo ou para a reserva de emergência. No longo prazo, o risco e a volatilidade da renda variável costumam ser compensados por um rendimento maior.

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