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Zoom ou Philip Morris? Damodaran, papa do valuation, dá nova aula

Professor da Stern Business School, Damodaran participou de painel promovido pela Poli Finance sobre como avaliar ações de crescimento

Ações da Zoom são um melhor investimento do que as da Philip Morris? | Foto: Lucas Agrela/EXAME (Lucas Agrela/Site Exame)

Ações da Zoom são um melhor investimento do que as da Philip Morris? | Foto: Lucas Agrela/EXAME (Lucas Agrela/Site Exame)

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Marcelo Sakate

Publicado em 23 de agosto de 2021 às 20h54.

Última atualização em 23 de agosto de 2021 às 21h04.

Aswath Damodaran, conhecido como o papa do valuation, deu nova aula para investidores novatos e experientes em painel promovido pela Poli Finance e divulgado nesta segunda-feira, 23 de agosto, no canal no YouTube da Liga de Mercado Financeiro da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

Com seu habitual estilo direto ao ponto e com muito didatismo, o professor de finanças da Stern Business School da Universidade Nova York apontou um erro comum cometido por muitos investidores ao avaliar ações e empresas na bolsa.

Questionado no painel sobre como encontrar valor em empresas de crescimento, que muitas vezes não são lucrativas e apresentam fluxo de caixa negativo, Damodaran dividiu a sua resposta em duas partes.

Na primeira, esclareceu que empresas muito jovens possuem fluxo de caixa negativo como um recurso, e não uma falha. Isso porque mesmo que a companhia esteja ganhando dinheiro, ele será reinvestido para obter crescimento futuro.

O economista lembrou que empresas que hoje valem mais de um trilhão de dólares -- caso da Amazon -- já deram prejuízo e operaram com fluxo de caixa negativo.

"Você poderia ter uma empresa com fluxo de caixa negativo com grande valor; e uma companhia com fluxo de caixa positivo que não vale tanto", comparou.

Na segunda parte da resposta, Damodaran explicou a diferença entre valor e preço. "Eu falo uma coisa que deixa as pessoas loucas: 'pelo preço certo, eu compro qualquer empresa'."

Ele deu dois exemplos: uma empresa com alto crescimento e muito potencial, como o Zoom (de videoconferências).

"É uma empresa que decolou no ano passado porque todo mundo está no Zoom. Eu acho que é uma grande empresa com potencial imenso. Acho que o seu valor triplicou no ano passado. Mas eu não tocaria na ação. E sabe por quê? Porque o preço subiu dez vezes."

"É uma grande companhia que está cara", resumiu.

Em contraponto, Damodaram citou a Philip Morris (a gigante de cigarros). "É uma empresa entediante, que não vai bem. É uma empresa de tabaco, e as pessoas estão fumando menos. Mas o preço está abaixo do seu valor."

"Não é uma grande história. A empresa tem crescimento negativo, os fluxos de caixa vão diminuir com o tempo. Mas está sendo negociada no preço certo."

"Qualquer discussão sobre investimento deve incluir o preço na equação", concluiu Damodaran.

O professor da Stern relatou que na comunidade do value investing, muitas pessoas dizem que o investidor precisa apenas encontrar boas empresas, que são bem-administradas. "Eu acho que é um péssimo conselho", afirmou o professor.

E ele explicou: ao investir em empresas bem-administradas, que são reconhecidas como tal, o preço das ações está pressionado para cima. Por outro lado, as probabilidades de ganhos são maiores em empresas mal-administradas, das quais os investidores desistiram. "Você consegue o preço certo e espera que a gestão melhore."

"É preciso separar a discussão do que faz empresas se tornarem excelentes do que faz investimentos se tornarem excelentes."

O value investing é o nome dado à estratégia de investimento de encontrar ações descontadas, ou seja, negociadas abaixo do seu valor intrínseco, e esperar que atinjam o seu preço justo com os ajustes necessários.

Assista ao trecho do painel da Poli Finance com Damodaran em que ele trata do tema acima.

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