O que 10 estrategistas projetam para a bolsa em fevereiro
Mercado está mais preocupado com a inflação e intervenções do governo
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2013 às 14h34.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h45.
"A decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) de anunciar uma nova rodada de compra de títulos do tesouro (treasuries), no qual FED se comprometerá a comprar US$ 45 bilhões em títulos de longo prazo e US$ 40 bilhões em bônus hipotecários, além de manter a taxa de juros próxima de zero até o desemprego do país se manter acima dos 6,5% e o fato de outros bancos centrais também adotarem medidas de relaxamento quantitativo permanecem entre os principais drivers para uma alta nos mercados acionários globais. A questão do teto da dívida norte-americana foi postergada para maio, o que ajuda a diminuir as incertezas, porém, a condição sobre comprada dos mercados no curto prazo poderá trazer uma correção dos preços dos ativos em fevereiro. Ademais, com os fracos resultados de crescimento do último trimestre de 2012 dos EUA e da Alemanha, ainda pairam dúvidas sobre suas recuperações no 1T13, bem como a situação da dívida espanhola foi apenas momentaneamente adiada"
"Apesar de ainda não estar materialmente diferente das condições de fundamento sobre dezembro, os mercados estão mostrando mais apetite por ações. Parte disso parece exagerado, mas outra reflete a ausência de sinais visíveis de uma crise imediata vinda dos chamados países desenvolvidos. A escolha de ações neste ano irá provavelmente ser tão importante como 2012, que foi um “ano ruim” para a economia e um bom para pelo alguns portfólios (especialmente os nomes orientados pela demanda doméstica). Esperamos que o Ibovespa alcance um desempenho positivo de dois dígitos em 2013."
“Apesar de o crescimento do PIB poder desapontar mais uma vez, alguns setores (incluindo os segmentos ligados ao consumo, infraestrutura e educação) devem continuar a crescer decentemente. A nossa sugestão de portfólio para fevereiro é muito similar ao que foi em janeiro: a maioria está ainda exposta ao consumo doméstico, embora esteja com maior peso para as exportadoras”.
"Neste mês de fevereiro, acreditamos que a volatilidade prevaleça na bolsa brasileira, acentuada pelas divulgações de resultados do 4ºtri/12 de players importantes como Vale e Petrobras. Como os dados divulgados sobre a economia interna no último quarto de 2012 não tem se mostrado animadores, a tendência é que a safra de resultados seja fraca. Neste contexto, nossa preferência para este mês são por companhias que devam apresentar resultados financeiros satisfatórios nesta leva de balanços, principalmente aquelas que possuem forte correlação de suas receitas com a inflação".
“Enquanto mantemos a nossa preferência pelo Brasil [Na América Latina], reconhecemos que a deterioração das dinâmicas da inflação justifica uma mudança na composição do portfólio, ao menos em uma base tática. Para fevereiro, aumentos a exposição para setores resistentes à inflação, como processadoras de pagamento, imóveis, bebidos e bolsas. Financiamos isso com a redução de bancos, petróleo & gás e varejo”.
"Vemos as incertezas sobre a economia mundial se dissipando. A China volta a entregar ritmo de crescimento importante, a Europa parece ter afastado o risco de evento extremo e a recuperação do mercado imobiliário norte-americano continua. O panorama mostra-se mais favorável ao preço de commodities e somos percebidos – seja isso certo ou errado – como um mercado altamente concentrado em matérias-primas. O outro elemento de forte pressão em janeiro deriva da maior percepção de risco em face a um governo excessivamente intervencionista. Achamos que, diante de tamanha underperformance e de um valuation descontado, em especial se ponderado pela perspectiva de lucros corporativos crescendo num ritmo ainda saudável (projetamos CAGR médio em torno de 18%), o “risco governo” encontra-se mais do que devidamente apreçado. Em adição, a perspectiva é de abrandamento da atuação direta do governo, com a maior parte do ajuste sendo feito já em 2012".
A hesitação no crescimento e as incertezas crescentes reduziram as chances de uma forte recuperação no início de 2013 (incluindo a possibilidade de um racionamento de energia). Nossa postura positiva baseou-se em parte na expectativa de que o crescimento econômico reduziria o risco de intervenção do governo, já que essa atitude visava reacender a economia. Como a estimativa de crescimento continua baixa, o risco está aumentando.
"Continuamos conservadores para o mês de fevereiro, considerando que não estão previstos fatores econômicos relevantes do lado externo e interno que venham impactar no mercado. Consideramos também que a safra de resultados de 2012, iniciada nesta semana, poderá trazer surpresas negativas ao longo do mês de fevereiro, contribuindo para a continuidade da volatilidade reduzindo a chance de o Ibovespa mostrar recuperação no curto prazo. Desta forma elaboramos uma carteira mais equilibrada e com papéis mais defensivos e que com potencial de valorização no curto prazo, depois das quedas recentes".
“Acreditamos que no decorrer do ano as expectativas de crescimento do PIB possam voltar a melhorar devido ao (1) recente forte ciclo de afrouxamento monetário, (2) incentivos ficais, (3) retomada das concessões de crédito e (4) aceleração dos investimentos. Porém, enquanto os indicadores macroeconômicos domésticos (principalmente produção industrial e aceleração dos investimentos) não mostrarem alguma melhora marginal e o risco de racionamento não estiver descartado, permaneceremos com um portfólio mais exposto à ações domésticas defensivas, que apresentem forte momento operacional, alta previsibilidade de geração de caixa, baixo endividamento e que façam parte de setores que passam por tendências positivas seculares (alimentos & bebidas e educação privada são dois bons exemplos que se enquadram nesses pré-requisitos). A grande exceção é o setor de construção civil, o qual temos exposição relevante e tem caráter bastante cíclico”.
"A bolsa brasileira não teve um bom início de ano, com nosso cenário macroeconômico impactando negativamente, com baixo crescimento do PIB, retração da produção industrial e inflação em alta. O câmbio fortalecido prejudica a competitividade da indústria nacional, porém os receios dos impactos inflacionários de uma desvalorização mais forte do real fazem com que medidas sejam tomadas para que a paridade real/dólar não fique acima de R$ 2,00. Os receios inflacionários impedem maiores medidas do governo, que agora deve aguardar os resultados do corte nas tarifas de energia elétrica sobre a produção industrial e inflação para decidir os próximos passos. O mercado deve continuar atento aos dados de inflação e produção industrial, enquanto as expectativas por menor crescimento econômico e maior inflação podem continuar a impactar negativamente os mercados".