Vale vê China "resiliente" e diz que fusão entre BHP e Anglo não afeta negócio
CEO Eduardo Bartolomeo afirma que companhia está observando de perto as movimentações do setor e reforça que acordo feito em fevereiro com Anglo será mantido
Repórter
Publicado em 25 de abril de 2024 às 12h32.
Última atualização em 25 de abril de 2024 às 13h37.
As notícias sobre a potencial fusão entreBHPeAnglo American movimentam o mercado de minério de ferro nesta quinta-feira, 25. O assunto também foi abordado em teleconferência da Vale com investidores nesta manhã. Eduardo Bartolomeo, CEO da Vale (VALE3), afirmou que a companhia ainda está "digerindo" as negociações anunciadas nesta manhã, mas que a potencial fusão não afeta a "mentalidade e estratégia" da companhia.
A BHP, que é a maior empresa de mineração do mundo, ofereceu US$ 39 bilhões pela rival American. Caso concretizada, a operação poderia formar uma gigante de quase US$ 200 bilhões em valor de mercado. As ações da Anglo American saltam 17%.
Em fevereiro, a Vale havia assinado uma parceria com a Anglo para a aquisição de 15% Anglo American Minério de Ferro Brasil, filial da Anglo que detém o complexo Minas-Rio, e os recursos da Vale da Serra da Serpentina. No acordo, foi prevista a manutenção do controle, gerenciamento e operação da Minas-Rio pela Anglo.
Eduardo Bartolomeo fez questão de frisar que, independente das negociações entre Anglo e BHP, o acordo será mantido. "Não haverá nenhum impacto [na Minas-Rio]. Fechamos o acordo com a Anglo e está protegido. Será respeitado por quem vier e se vier", afirmou.
Questionado se não teria interesse nos ativos da Anglo, o CEO disse que a Vale já possui "as melhores reservas de metais básicos" e que não tem interesse em "entrar em uma licitação que talvez não faça sentido". "Estamos observando atentamente, mas estamos muito mais interessados em acelerar e executar nossas reservas."
"Resiliência chinesa"
O CEO da Vale também despistou qualquer preocupação sobre a economia da China, sua principal cliente. "Vemos a China da mesma forma [que no ano passado] A despeito do problema no mercado imobiliário, desde 2021, temos visto um mercado de manufatura crescendo consistentemente. Chamamos isso de 'resiliência chinesa'."
Em resultado divulgado na noite de quarta-feira, 24, a Vale registrou lucro líquido de US$ 1,68 bilhão, 9% abaixo na comparação anual. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização) foi de US$ 3,3 bilhões, 6% abaixo do consenso da Bloomberg. As ações da Vale recuam 2,3% no pregão desta quinta.