Incertezas desorientam investidor que deseja o mercado brasileiro
Crise externa e decisões inesperadas do BC e do governo prejudicam as decisões de investimentos, diz o HSBC
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2011 às 15h20.
São Paulo – O investidor que pretende investir no Brasil não consegue mais enxergar um palmo à sua frente. O nível de incertezas sobre o rumo do país cresceu muito e isso não é culpa exclusiva da crise internacional. “As recentes decisões macro e microeconômicas estão limitando a visão dos investidores”, afirma o banco HSBC em um relatório com projeções para o último trimestre do ano. No ano, o Ibovespa tem uma queda de aproximadamente 17%.
“No lado macro, as preocupações estão sobre a decisão do BC de cortar em 50 pontos-base a Selic enquanto o relatório Focus mostra uma inflação de 5,5% em 2012. Do lado micro, as medidas como o IOF sobre os derivativos cambiais, a revisão do código mineral, e a nova taxa sobre os carros importados adicionam uma nova camada de incerteza para as análises”, escreveram Alexandre Gartner, chefe de pesquisa no Brasil e Francisco Vanzolini, estrategista.
Bolsa barata
O HSBC lembra em um relatório sobre as perspectivas para o último trimestre do ano que o mercado brasileiro está barato na comparação com os outros pares na média histórica. Segundo os cálculos do banco, a bolsa negocia em torno de 8,3 vezes a expectativa de lucro por ação para 12 meses, o que representa um desconto de 18% para a própria média dos últimos cinco anos.
Na comparação com a América Latina e com os mercados emergentes, o desconto é de 14% e 10%, respectivamente. “Creditamos isso ao aumento da percepção de risco e, portanto, vemos nenhuma reavaliação até que as expectativas para a inflação estejam bem ancoradas e os ruídos das políticas micro se reduzam”, ressaltam. O mercado ficou ressabiado ontem com o resultado do IPCA-15, que mostrou uma aceleração do resultado de agosto (0,27%) para setembro (0,53%).
O Banco Central, liderado por Alexandre Tombini, pegou todo mundo de surpresa ao tesourar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, que agora está em 12% ao ano. A equipe de Tombini afirmou que a decisão foi tomada para mitigar os efeitos de um ambiente global mais restritivo. O comunicado mais longo do que o habitual disse ainda que a crise externa pode chegar ao Brasil por vários canais.
“Por trás deste movimento, sentimos que o Banco Central também está tentando prevenir uma apreciação adicional do real e também testando os limites de quão longe pode ficar a taxa Selic, se ela pode se sustentar em um novo equilíbrio mais baixo”, ressalta o HSBC. Isso aumentou as incertezas, que devem subir ainda mais com a inflação e a apreciação do real. “Se o cenário do Banco Central vingar e houver uma revolução fiscal, que não é nosso cenário base, o resultado será bastante positivo”, alertam.
Riscos cambiais
O HSBC afirma que os investidores têm trabalhado por um longo tempo com a premissa de que o real continuaria a se fortalecer ou, ao menos, se manter estável. “Acreditamos que eles agora devem considerar uma reversão deste cenário e os efeitos sobre as ações”, diz o banco. “Se o real vai ou não se apreciar outra vez não é o ponto da discussão. O problema é que, até certo ponto, os riscos cambiais cresceram e os investidores precisam considera-los”, ressaltam. O real já perdeu cerca de 13% após o BC brasileiro ter cortado o juro em 0,5 ponto percentual, para 12% ao ano, de maneira inesperada em 31 de agosto.
São Paulo – O investidor que pretende investir no Brasil não consegue mais enxergar um palmo à sua frente. O nível de incertezas sobre o rumo do país cresceu muito e isso não é culpa exclusiva da crise internacional. “As recentes decisões macro e microeconômicas estão limitando a visão dos investidores”, afirma o banco HSBC em um relatório com projeções para o último trimestre do ano. No ano, o Ibovespa tem uma queda de aproximadamente 17%.
“No lado macro, as preocupações estão sobre a decisão do BC de cortar em 50 pontos-base a Selic enquanto o relatório Focus mostra uma inflação de 5,5% em 2012. Do lado micro, as medidas como o IOF sobre os derivativos cambiais, a revisão do código mineral, e a nova taxa sobre os carros importados adicionam uma nova camada de incerteza para as análises”, escreveram Alexandre Gartner, chefe de pesquisa no Brasil e Francisco Vanzolini, estrategista.
Bolsa barata
O HSBC lembra em um relatório sobre as perspectivas para o último trimestre do ano que o mercado brasileiro está barato na comparação com os outros pares na média histórica. Segundo os cálculos do banco, a bolsa negocia em torno de 8,3 vezes a expectativa de lucro por ação para 12 meses, o que representa um desconto de 18% para a própria média dos últimos cinco anos.
Na comparação com a América Latina e com os mercados emergentes, o desconto é de 14% e 10%, respectivamente. “Creditamos isso ao aumento da percepção de risco e, portanto, vemos nenhuma reavaliação até que as expectativas para a inflação estejam bem ancoradas e os ruídos das políticas micro se reduzam”, ressaltam. O mercado ficou ressabiado ontem com o resultado do IPCA-15, que mostrou uma aceleração do resultado de agosto (0,27%) para setembro (0,53%).
O Banco Central, liderado por Alexandre Tombini, pegou todo mundo de surpresa ao tesourar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, que agora está em 12% ao ano. A equipe de Tombini afirmou que a decisão foi tomada para mitigar os efeitos de um ambiente global mais restritivo. O comunicado mais longo do que o habitual disse ainda que a crise externa pode chegar ao Brasil por vários canais.
“Por trás deste movimento, sentimos que o Banco Central também está tentando prevenir uma apreciação adicional do real e também testando os limites de quão longe pode ficar a taxa Selic, se ela pode se sustentar em um novo equilíbrio mais baixo”, ressalta o HSBC. Isso aumentou as incertezas, que devem subir ainda mais com a inflação e a apreciação do real. “Se o cenário do Banco Central vingar e houver uma revolução fiscal, que não é nosso cenário base, o resultado será bastante positivo”, alertam.
Riscos cambiais
O HSBC afirma que os investidores têm trabalhado por um longo tempo com a premissa de que o real continuaria a se fortalecer ou, ao menos, se manter estável. “Acreditamos que eles agora devem considerar uma reversão deste cenário e os efeitos sobre as ações”, diz o banco. “Se o real vai ou não se apreciar outra vez não é o ponto da discussão. O problema é que, até certo ponto, os riscos cambiais cresceram e os investidores precisam considera-los”, ressaltam. O real já perdeu cerca de 13% após o BC brasileiro ter cortado o juro em 0,5 ponto percentual, para 12% ao ano, de maneira inesperada em 31 de agosto.