UBS faz primeira oferta de títulos AT1 desde colapso do Credit
O banco recebeu um total de mais de US$ 15 bilhões de pedidos dos investidores
Agência de notícias
Publicado em 8 de novembro de 2023 às 11h23.
O UBS teve demanda forte por sua muito-aguardada primeira emissão de notas AT1 desde o polêmico cancelamento de US$ 17 bilhões deste tipo de dívida do balanço do Credit Suisse.
O banco suíço está oferecendo dois títulos perpétuos denominados em dólares, resgatáveis em cinco e 10 anos, segundo uma pessoa a par do assunto, que pediu para não ser identificada.O banco recebeu um total de mais de US$ 15 bilhões de pedidos dos investidores, permitindo que baixasse o custo da tranche mais curta de 10% para 9.625%, e de 10.125% para 9.75% no caso da mais longa.
No total, a captação pode chegar a US$ 3 bilhões, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto. Um representante do UBS confirmou que o banco está vendendo AT1, mas não quis comentar mais.
Additional Tier 1 (AT1)
Os títulos AT1, do inglês ‘Additional Tier 1’, foram criados para ajudar instituições financeiras a cumprirem requisitos de capital de nível 1. Eles protegem os bancos em tempos de crise com cláusulas de suspensão de pagamentos, para preservar a liquidez do credor.
A perda que os investidores tiveram com o Credit Suisse abalaram esse mercado em todo o mundo, inclusive notas emitidas porcredores brasileiros como Itaú Unibanco e Banco do Brasil. Nos últimos meses o mercado deu sinais de normalização, graças em parte a várias recompras de notas de grandes bancos europeus e asiáticos, seguidas de novas emissões.
O UBS recentemente regatou uma nota de US$ 2,5 bilhões e um título AT1 de 700 milhões de dólares de Singapura (US$ 519 milhões).
As atuais notas AT1 do UBS são negociadas a cerca de 9,6%, com base em dados compilados pela Bloomberg.
Emissão do UBS
O BNP Paribas foi o primeiro banco europeu a vender AT1 em dólar desde o colapso do Credit Suisse.
A emissão do UBS é “uma tentativa de restaurar a confiança no mercado em relação a esses instrumentos”, disse Ugo Lagrotta, consultor de gestão de tesouraria que trabalhou no UBS até o ano passado.
“Estou convencido de que daqui para frente haverá um melhor alinhamento entre as jurisdições do setor. Eu não esperaria ver outro evento como o que testemunhamos em março”, disse ele.
O negócio segue o balanço do UBS bem recebido pelo mercado na terça-feira, com ingressos de clientes mais fortes do que o esperado no negócio de gestão de patrimônio e sinais de estabilização no Credit Suisse.